domingo, 24 de junho de 2012

Crime ambiental


No Fantástico, triste e absurda realidade: roubo de árvores do Brasil, roubo à luz do dia, ameaças a funcionários públicos encarregados de fiscalizar, e uma declaração absurda de um promotor: “crime ambiental é considerado de menor potencial ofensivo. Eu duvido muito que vá dar cadeia.”



Ora, não sabemos policiar, impedir o roubo, punir criminosos. Merecemos que o roube nunca termine, nas nossas barbas.

Enquanto isso, já vi processos e mais processos, discutindo sobre duas ararinhas azuis. Já vi reportagem de um caboclo enfiado numa cela, porque cortou a casca de uma árvore para fazer um chá.

Sua vergonha, diante do repórter que o entrevistava, não me saiu da lembrança: “Eu nunca roubei uma banana, porque fui ensinado. E agora eu me vejo preso”. O processo de Kafka, repetido como tragédia.

Ou seja, filtramos o mosquito, deixamos passar o camelo, o elefante, o grande ladrão.

Que triste de ver que se fazem as coisas desse jeito. Que nossas instituições fracassem rotundamente, para mais e para menos, e simplesmente não consigam realizar suas missões: uma sociedade próspera, trabalhadora, livre do crime.

Políticos que ficam 40 anos, 50 anos, 60 anos, mandando, e não resolvem nada, viram piada com suas promessas inúteis, e achamos normal.

Vemos como piora, como o crime faz bilhões e bilhões, todos os anos, com múltiplos golpes, esquemas, tramóias, estampadas a todo o instante nos jornais, sem que haja punição.

Pelo contrário, o que vemos é: Absolvido mais um. Não importa o caminhão de provas. Vídeos, áudios, flagrantes com pilhas de dinheiro nos bolsos, nas malas em jatinhos, nas meias e cuecas. Sempre tem uma tese vencedora de algum advogado que embolsa 15 milhões.

Numa tacada.

Deve se sentir poderoso, deve pensar que a cara não murcha, e que o destino de toda carne é o verme. Deve pensar que o jatinho novo, e o terninho novo, e o médico, e a plástica, vão te livrar do aguilhão?

Deixar um nome desses pros seus filhos.

Sabe aquele dali? Se vendeu por uma pilha de dinheiro. Foi um grande malfeitor do país. Viveu uma vida de rei, num país em que crianças morriam de fome. Livrou grandes criminosos da cadeia. Recorreu a todo expediente sujo, mercadejou no balcão das consciências. Vendeu-se, vendeu seus talentos para golpes sujos.