ARTE POÉTICA
07/05/2025
Parte 1 -
- Poesia que não diz a verdade
Para mim nem é poesia.
- Pode falar de coisas más,
Pode falar de coisas tristes.
- Pode falar de crime ou traição,
Pode falar de amor ou guerra.
- Mas se não falar a verdade,
Para mim não é poesia.
- Pode falar de elfos, de fadas,
Ou de ogros, ou demônios.
- Pode falar das estações, do tempo,
E até de Deus pode falar.
- Pode falar de Alexandre Magno, de César,
De Lênin, Stálin ou Hitler.
- Mas se não falar a verdade,
Jogo fora, não é poesia.
- Pode falar da pessoa amada,
Pode expressar dúvidas e certezas,
Pode dirigir-se ao sol, dirigir-se à lua,
Ou até a Deus, e registrar as respostas,
Mas se nela não houver verdade,
É alguma coisa, mas não poesia.
- Pode até ter por tema a verdade,
E ter por tema a própria poesia,
Pode girar em torno de um tema,
Ou espalhar-se para muitas partes,
Se não houver verdade,
Não lhe chamo de poesia.
- Pode falar de animais falantes,
Ou de um bando de piratas
E ter por cenário ilhas do Caribe;
Pode situar-se no tempo das conquistas,
No tempo de esperar, ou no tempo das derrotas.
- Se não houver verdade nela,
Não a considero poesia.
- Pode ser sobre quem lavra a terra,
Ou sobre quem vive no Palácio,
Ou sobre quem se perdeu
E acabou morrendo de frio,
Mas se não disser a verdade
Simplesmente não me interessa.
- Pode ter rima e métrica
Ou pode ser em versos livres,
Pode ser em prosa, inclusive.
Pode ser sobre um santo ou um pecador,
Um homem honesto ou mentiros.
Mas poesia que não diz a verdade
Para mim nem é poesia.
Parte 2 –
- Não há razão para escrever um poema
Além do prazer de escrever um poema..
- Aquele exato poema,
Seu, só, e de mais ninguém.
- Escreva se lhe dá prazer,
Se tiver algo a dizer,
Ou então não escreva!
- Me parece uma das coisas
Mais tristes que há no mundo,
Alguém que escreve, mas não o que tem na mente,
Muito menos o que traz no coração,
Mas escreve o lhe mandam.
Parte 3 –
- Quando criança, lendo Monteiro Lobato,
“Os 12 Trabalhos de Hércules”,
Quis ser escritor quando crescesse.
- Verdade, não foi minha primeira escolha.
- Primeiro de tudo, queria ser bombeiro, enfrentar as
chamas,
Emergir delas vitorioso, com meu resgate humano, de
preferência,
Uma linda donzela, ou então umas crianças,
Seus pais de joelhos e lágrimas nos olhos,
Agradeceriam a Deus e as abraçariam...
- Depois queria ser médico, cuidar da saúde
Das minhas amiguinhas. Veterinário também, talvez,
Em meio expediente.
- Mas essa fase durou pouco.
- Também já quis ser um grande artista,
Um famoso pintor, ou cineasta, talvez?
- Um jogador de futebol, é claro,
Mas só pra ganhar uma Copa do mundo.
- Poderia ter sido um agricultor e pastor, também,
À maneira de Robinson Crusoé,
Mas a minha ilha eu compartilharia
Com as meninas mais lindas...
- Ou quem sabe eu seria um astronauta, como Flash Gordon?
- Eu já tinha os cabelos loiros, afinal...
- Também um sábio cientista, conhecedor dos mistérios
Da natureza, eu sonhava ser...
- E também um rei, distribuindo justiça...
- Mas tudo isso passou, foi efêmero,
Exceto o sonho de ser escritor, que se mantém.
- Adolescente, caprichando nas redações da escola,
Lendo muito, e apaixonadamente,
Também apreciando as outras artes, intensamente,
- Música, cinema, desenho, pintura...
- Mantendo a chama acesa...
- Estudando mitos, histórias e sonhos...
Fui aos poucos me tornando mais escritor, me tornando mais
poeta.
- Um desejo que surgiu em mim e me acompanhou
Através da Faculdade, através da profissão,
Através da vida adulta.
- Através do casamento e da vida de família,
E já terão passado mais de 40 anos...
- Sou de fato escritor, sou poeta,
Já preenchidas mais de mil páginas de cadernos,
Com as minhas poesias.
Apenas publiquei uma pequena parcela dos meus escritos,
E apenas de forma autônoma,
No Blog “Notas da Liberdade”, em meu nome,
João Felipe Pontes Sinatti.
- Preciso publicar mais, reconheço, mas independente disso,
Já sou escritor, sou poeta,
Bom ou mal, eu não sei,
Decida quem me lê.
- Eu escrevo, e quando escrevo
Sou fiel a mim mesmo,
Do jeito que eu queria.
- Estou vivendo este meu sonho,
E só tenho a agradecer.
Parte 4 –
Quando eu tinha uns 18, 19 anos,
Antes de começar a escrever, mais a sério,
Eu lembro de um diálogo que eu mantive comigo,
Em que eu me perguntava, e me respondia,
Sobre minha motivação pra escrever.
E eu me dizia que eu não queria
Escrever por dinheiro, ou pra satisfazer algum público,
Mas eu queria escrever a minha verdade,
E escrever para satisfazer a mim.
- Claro, se um grande público viesse a me admirar, e eu
ganhasse um rio de dinheiro,
Melhor ainda.
- Mas eu não iria buscá – los, eles que buscassem a mim,
Se as minhas verdades, nos meus escritos,
Pudessem ajudá – los, satisfazê- los...
- Foi assim que eu fui me lançando à escrita,
Entre muitas idas e vindas,
Entre muitas tentativas e erros.
- E não, até hoje não me tornei milionário com meus escritos,
Nem arrasto multidões de fãs por onde passo.
- Mas meus escritos estão aqui, e muito do jeito que eu
queria,
Com meus erros e meus acertos,
E refletindo as minhas verdades.
- Escrevo coisas que eu gostaria de ler,
Escrevo para me revelar e para me conhecer,
Escrevo o melhor que posso.
- E se meus escritos puderem ser
Úteis e aprazíveis para alguém,
Melhor recompensa eu não poderia ter.
- Sim, eu sei,
Preciso voltar a publicá-los.
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