domingo, 12 de fevereiro de 2012

Dinheiro dividido

Dinheiro dividido. Que bom seria, se fosse uma realidade.


Primeira página do Globo de hoje: R$ 1,8 milhão emprestados, desde setembro, por bancos públicos, para favelas do Rio.


Será que li direito? É apenas R$ 1,8 milhão, em quase seis meses?


Como isso parece irrisório. Para uma reforma do Maracanã, reforma que inclusive, sustentam muitos, eu inclusive, vai descaracterizar e reduzir a capacidade do estádio, o orçamento beira R$ 1 bilhão.


Tudo isso é bem sabido, e parece incrível a facilidade com que passam estas decisões pela nossa garganta, e a facilidade com que todos as aceitamos.


R$ 1,8 milhão pra favela. Baixíssima inadimplência. E a quantidade grande de pessoas felizes porque vão ter uma oportunidade.


O que elas pedem, vejam só, é uma oportunidade para trabalhar, para oferecer serviços, para fazer mais dinheiro, é contribuir para o progresso do país.


Como a mulher na capa do jornal, que sonhava em ter recursos para abrir uma padaria.


Mas aqui no país, trabalhar, ganhar dinheiro do suor, é pecado. É para os otários, que têm de implorar e rebolar muito pra lidar com os achaques de fiscais corruptos, serviços públicos precários, Justiça morosa, e todas estas mazelas que constituem nosso bem conhecido “custo Brasil”.


Para estes muitos favelados, tem 1 milhão, 1 milhão e pouco, depois de muitas garantias oferecidas, depois de muitos meses.


Para UM estádio, UMA reforma de estádio, 1 bilhão. 1 bilhãozinho.


Põe prioridade invertida nisso. Põe concentração de recursos.


Esta reforminha de estádio podia render mil vezes 1 milhão de reais pra favela.


Mas o bom é fechar um contratinho de 1 bilhão de reais, numa tacada. Esses milhões de favelados têm mais é de se acostumar com a miséria mesmo.

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