Dinheiro dividido. Que bom seria, se fosse uma realidade.
Primeira página do Globo de hoje: R$ 1,8 milhão emprestados, desde setembro, por bancos públicos, para favelas do Rio.
Será que li direito? É apenas R$ 1,8 milhão, em quase seis meses?
Como isso parece irrisório. Para uma reforma do Maracanã, reforma que inclusive, sustentam muitos, eu inclusive, vai descaracterizar e reduzir a capacidade do estádio, o orçamento beira R$ 1 bilhão.
Tudo isso é bem sabido, e parece incrível a facilidade com que passam estas decisões pela nossa garganta, e a facilidade com que todos as aceitamos.
R$ 1,8 milhão pra favela. Baixíssima inadimplência. E a quantidade grande de pessoas felizes porque vão ter uma oportunidade.
O que elas pedem, vejam só, é uma oportunidade para trabalhar, para oferecer serviços, para fazer mais dinheiro, é contribuir para o progresso do país.
Como a mulher na capa do jornal, que sonhava em ter recursos para abrir uma padaria.
Mas aqui no país, trabalhar, ganhar dinheiro do suor, é pecado. É para os otários, que têm de implorar e rebolar muito pra lidar com os achaques de fiscais corruptos, serviços públicos precários, Justiça morosa, e todas estas mazelas que constituem nosso bem conhecido “custo Brasil”.
Para estes muitos favelados, tem 1 milhão, 1 milhão e pouco, depois de muitas garantias oferecidas, depois de muitos meses.
Para UM estádio, UMA reforma de estádio, 1 bilhão. 1 bilhãozinho.
Põe prioridade invertida nisso. Põe concentração de recursos.
Esta reforminha de estádio podia render mil vezes 1 milhão de reais pra favela.
Mas o bom é fechar um contratinho de 1 bilhão de reais, numa tacada. Esses milhões de favelados têm mais é de se acostumar com a miséria mesmo.
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