segunda-feira, 30 de abril de 2012

Apocalipse, ou A Apologia de Sócrates, ou Mundo Enlouquecido


Ouvi então uma voz do céu, que dizia: “Escreve: Felizes os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim – diz o Espírito – descansem de seus trabalhos, pois suas obras os acompanham.” - Apocalipse, 14, 13



Culpa nossa, que o mundo se prostituiu assim?

Virou uma Grande Prostituta, que atrai Apocalipses?

É culpa nossa viver nestes tempos, nestes tempos estranhos, quando as estrelas caem do céu e os valores ficam todos trocados?

Alguma perseguição de cristãos naquele decadente Império Romano. Alguma perseguição de judeus, de muçulmanos ou cristãos, ou asiáticos, alguma guerra por petróleo, alguma corrupção braba.

Alguma internet com pedófilos, algum estupro acontecendo numa esquina. Algum idiota matando 76, alegando legítima defesa.

Algum cretino, fazendo merda o tempo todo. E os Governos e Sociedades perdidos, aceitando sempre mais uma corrupção podre.

A não ser que reaja, reaja com toda a força da Lei. É preciso prisão? É prisão, e não qualquer perdão tolo. É não poder participar do convívio social, a não ser com as restrições impostas pela Lei, impostas pela Bondade.

Como é que o valor pode ser se dar bem a todo custo? Como é que vemos estas lutas por poder de Governo indignas. Os bandidos mais descarados, fechando altos negócios, apostando na impunidade.

Um Governo prostituto, que fecha grandes negócios envolvendo bilhão? Que aceita viagens e restaurantes caros, Paris a cidade luz? Que aceita andar de helicóptero, andar de jatinho que não é dele. Que vem dizer, em sua defesa, que precisava de um código de ética, para saber qual a conduta que seria adequada. Qual a postura que um homem precisa ter.

É a certeza de impunidade. A certeza de que vai manter seus muitos privilégios, que não vai enfrentar um Tribunal que lhe retire seus muitos salários e benefícios. Vai para um Tribunal amigo, um Tribunal de camaradas, não de cidadãos.

No meio da corrupção, é a certeza de que se perdeu os valores, e a maldição é lançada.

Não há civilização brilhante que resista. Não há sequer uma Atenas de Péricles.

Atenas enriquecida, Atenas senhora dos mares, até que veio a corrupção, e a guerra, e a escravidão.

Ficou o ótimo registro de tudo isso, desde Heródoto até Tucídides, passando por poetas e filósofos, porque estes gregos foram realmente grandes.

Mas nem esta Atenas brilhante se livrou dos males humanos do Orgulho, da Tentação e da Queda!

Como vaticinado por Sócrates, no momento mesmo em que foi condenado à morte. Era o sintoma mais evidente de que a hybris do orgulho havia enlouquecido os cidadãos. O ponto em que a corrupção atingira tal ponto em que não se aguentava mais olhar para a própria face, e se precisava quebrar o espelho.

Mas que adiantava quebrar o espelho, se a realidade que ele refletia não havia mudado?

Havia, aliás, se deteriorado, com mais esta injustiça em grau máximo.

Condenando Sócrates, se condenavam. Condenando o enviado de Deus, como não haveriam de fazê-lo?

Como os profetas, como os santos, como o Filho do Homem.

Uma velha história humana.

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