
Chegara o tempo quando
o muito sofrimento gera muita violência. A fantasia do homem
prenuncia horrores, e a morte chega concreta, cumprindo seu destino
de maldição.
Os homens olhavam
desconfiados entre si, prevendo quem daria o primeiro golpe.
As mulheres e as
crianças choravam a falta de pão. A perda do futuro.
Neste meio, os homens
de negro, os homens marchando atrás de estranhos símbolos, se
reuniram para assacar o poder. Estes eram os que mais tinham sede de
sangue.
Acreditavam que a força
bruta era o que melhor lhes serviria, e à sociedade.
E quanta força bruta
aplicaram, e a guerra espalhou-se pelo mundo, como um nevoeiro que
chegasse, carregando a destruição.
Um clima de paranóia
instalou-se entre os homens. Eles logo escolheram os grupos, e povos,
que teriam de pagar pelos erros dos homens.
E a morte, e a
desesperança, veio ceifando vidas, no seu turbilhão.
Sítios pegando fogo,
agricultores metralhados. Cidades agonizando de fome.
Em seus palácios, os
líderes comemoram seus feitos. Seus brilhantes feitos, como se lhes
afigura, engolidos pela mais horrenda loucura.
Fazem um teatro, e seu
papel é de artífices da destruição.
Todos enlouqueceram.
Todos procuravam destruir, e procuravam sua própria destruição.
Já estavam mortos, com
seus espíritos mortos, destruindo primeiro a humanidade de seus
corações.
Primeiro: na fantasia.
Depois: na realidade.
Primeiro: Marx fazendo
seus cálculos racionais para justificar a destruição.
Depois: seus filhos
espirituais cumprindo a maldição na realidade.
“Um espectro ronda a
Europa. E este espectro é o comunismo” - profetizava Karl Marx.
Com quanto
indisfarçável regozijo prenunciava-se os tempos sombrios.
E logo acorriam os
discípulos de tais mestres. Racionalizavam a destruição.
Enxergavam vantagens em sacrificar a própria humanidade, no altar de
qualquer ídolo.
O resultado foi nada
menos de previsível. A sociedade foi tomada como marionete de tais
líderes. Enxergavam grotescos paraísos terrestres, uma raça
nórdica, um espírito russo, como líderes da humanidade. Um futuro
de perfeita bonança, tal como o concebiam, estes delirantes.
Uma perfeição lírica
e campestre, lugares muito definidos, para cada tipo humano.
E quem não encaixasse,
jogado à lata de lixo.
Este foi o resultado
obtido por estes líderes que guiaram a humanidade naquele momento.
A guerra, o campo de
extermínio.
A derrota e o
assassinato.
E mesmo naqueles locais
onde os líderes conseguiram se manter no poder, o que ganharam suas
sociedades? A escravidão de seu povo, a negação de direitos
fundamentais.
Perderam a liberdade de
opinar, de divergir, de participar.
Caíram em prisões
sujas, perderam seus bens e suas famílias, culpa do governo
totalitário que os governava.
Que pode o indivíduo,
pego no maelstrom da História? Enfiado em um poço, com um pêndulo
abaixando uma lâmina sobre o seu corpo, pra sua carne testar, pra
testar sua alma.
Que pode o indivíduo,
contra um tempo que produziu terrores desse tipo, amarrado a um
triste fim, sem ter o controle de nada.
Terá sido sua culpa,
cair nas garras de um poder insano? Ser uma Anne Frank presa dentro
de um sótão. Ser um pobre indivíduo, que não pertenceu à espécie
“certa” que algum cretino tirano elegeu.
E as mortes de
deficientes, meu Deus, mas que coisa nojenta.
A morte de tantos
homens íntegros, que não se passaram para o lado da multidão. Que
não aceitaram aquele horror.
Que paga cruel tem de
entregar a humanidade, quando cai em tal estado. Quando tem de
entregar suas vidas nas mãos destes líderes corruptos.
Quando a sociedade está
pronta para honrar assassinos, ela entrega seu pescoço.