sábado, 15 de dezembro de 2012

Duas Vidas

Duas Vidas

Talvez ele
Que tenha passado fome na infância

Conhecido a náusea e a vertigem
Conhecido a dolorosa humilhação

De ter invejado um pedaço de pão

Talvez ele
Enfraquecido e tuberculoso de fome

Tenha superado qualquer pensamento vão de glória

Tenha ficado livre para viver sem ódio e rancor

Tenha atravessado uma parede de fogo
Saído incólume do outro lado

Enquanto que aquele
nascido em grandes de ouro

A quem amor faltou

De estômago cheio
E de cabeça vazia

Roído de secreto verme agora

Tenha despejado uma chance
Pela ladeira abaixo

Cruel e covarde com o fraco
Covarde e submisso com o rico

Amante da morte
Amante da guerra

Não tenha aprendido nada
Um fósforo riscado

Um completo desperdício

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