Que destino trágico,
acabar como farsa, a peça de um país...
Que enredo, um país
que se percebe lesado, violentado e assassinado, ir para as ruas,
clamar por um fim a este esquema viciado, a este mar de corrupção...
Depois, ver este
movimento legítimo ser espremido e espancado entre a Polícia e o
bando de arruaceiros... entre Behemoth e Leviatã...
Depois, ver o processo
julgado em Suprema Instância, envolvendo a maior e a mais perigosa
organização criminosa jamais descoberta em solo pátrio...
Ver o processo do
Mensalão julgado, com a condenação de um grande poderoso deste
país, apontado como mentor deste esquema, sendo condenado à cadeia,
dentre outros figurões da base aliada deste Governo...
Ver que depois de anos
e anos de processo, de milhares e milhares de páginas e de
documentos, depois de extensíssimos debates entre os juízes
Supremos (parece até nome de equipe de super-heróis), de falcatruas
processuais, de juízes indicados pelo Governo, atuando como
advogados de defesa, houve uma decisão que mandava botar na cadeia.
E, daí, ver mais esta
virada de mesa, da boca do decano daquela Casa, o mesmo que falara
tão alto que os crimes eram inomináveis, afetando o próprio regime
político do país, que ficou como voto de Minerva para o recebimento
de mais um outro recurso: os embargos infringentes, que vão poder
salvar os coroados pescoços de Nossas Eminências...
E o decano ainda se deu
ao luxo de espancar a consciência política do país, que clama pelo
fim da Era da Impunidade, e o início da Era da Justiça... Disse que
opinião pública não era com ele, ele se arvora o direito de ser um
servidor público que vira as costas para o público.
O impacto dessa
monumentalidade é tão grande, que quase passou despercebido.
Os jornais nem deram
nada, e ninguém parecia mesmo querer pensar ou falar nisso.
Temos nossas vidas pra
cuidar, não é mesmo?
E foi tão vergonhoso,
tão desalentador, tão terrível, que é melhor fingir que não
existiu, tentar apagar da História...
E a opinião pública
botou o rabo entre as pernas, e saiu amuada do Salão... o mesmo
Salão onde alguns riem entre charutos e uísque e dizem que tudo vai
acabar numa piada...
Pobre Nação! Como é
pobre acreditar em Justiça e não querer mudar nada!
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