quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Suprema desmoralização

Que destino trágico, acabar como farsa, a peça de um país...

Que enredo, um país que se percebe lesado, violentado e assassinado, ir para as ruas, clamar por um fim a este esquema viciado, a este mar de corrupção...

Depois, ver este movimento legítimo ser espremido e espancado entre a Polícia e o bando de arruaceiros... entre Behemoth e Leviatã...

Depois, ver o processo julgado em Suprema Instância, envolvendo a maior e a mais perigosa organização criminosa jamais descoberta em solo pátrio...

Ver o processo do Mensalão julgado, com a condenação de um grande poderoso deste país, apontado como mentor deste esquema, sendo condenado à cadeia, dentre outros figurões da base aliada deste Governo...

Ver que depois de anos e anos de processo, de milhares e milhares de páginas e de documentos, depois de extensíssimos debates entre os juízes Supremos (parece até nome de equipe de super-heróis), de falcatruas processuais, de juízes indicados pelo Governo, atuando como advogados de defesa, houve uma decisão que mandava botar na cadeia.

E, daí, ver mais esta virada de mesa, da boca do decano daquela Casa, o mesmo que falara tão alto que os crimes eram inomináveis, afetando o próprio regime político do país, que ficou como voto de Minerva para o recebimento de mais um outro recurso: os embargos infringentes, que vão poder salvar os coroados pescoços de Nossas Eminências...

E o decano ainda se deu ao luxo de espancar a consciência política do país, que clama pelo fim da Era da Impunidade, e o início da Era da Justiça... Disse que opinião pública não era com ele, ele se arvora o direito de ser um servidor público que vira as costas para o público.

O impacto dessa monumentalidade é tão grande, que quase passou despercebido.

Os jornais nem deram nada, e ninguém parecia mesmo querer pensar ou falar nisso.

Temos nossas vidas pra cuidar, não é mesmo?

E foi tão vergonhoso, tão desalentador, tão terrível, que é melhor fingir que não existiu, tentar apagar da História...

E a opinião pública botou o rabo entre as pernas, e saiu amuada do Salão... o mesmo Salão onde alguns riem entre charutos e uísque e dizem que tudo vai acabar numa piada...

Pobre Nação! Como é pobre acreditar em Justiça e não querer mudar nada!

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