O grande mal, tão
grande que chega a se converter no único mal, o coração das trevas, o coração do
vampiro, é óbvio, é a grande chaga fumegante e putrefata, um lago
infecto de corrupção, onde vicejam as harpias e os maus espíritos,
no centro desse organismo chamado Brasil...
Algo de podre, no Reino
do Brasil...
Algo de podre, pois
não.
O abismo, o buraco
negro do horror. O Grande Mal, o Grande Nada.
Cuidado ao olhar para o
abismo. O abismo olha pra nós.
É a cara afável da
corrupção. Os ternos, os carros, as mulheres, os navios.
As festas em Paris.
O dinheiro fácil.
Mas lembrem: não
existe almoço grátis.
Para tudo se paga um
preço.
Perder a honra. Perder
a alma.
Mas as aparências
sempre enganam.
Enquanto um pobre é
encarcerado com desumanidade.
Enquanto um pobre é
torturado, é assassinado.
Os figurões de belos
golpes desfilam por aí, mergulhados em dinheiro.
Com as interpretações
favoráveis de leis compradas. Com os exércitos de puxa-sacos
interesseiros jurando fidelidade canina.
Com as exibições de
poder, as exibições de dinheiro.
A máscara caiu.
Este é o grande país,
do qual vocês são os filhos, e isto é o que fazem com ele.
Aquele esquema torpe,
da sua empresa gastar milhões para comprar uma eleição.
E que, depois, vai ter
os melhores negócios garantidos pela pena estatal.
Aquele esquema que
custa o preço de condenar um país a este eterno esgoto, a este
predomínio do abuso, da exploração.
Aquele esquema que faz
com que o país não possa se organizar para oferecer saneamento. Não
possa oferecer a merenda, porque será desviada, e custeará o uísque
e salão de beleza de primeiras damas.
E, tudo isto, visto,
acabará em nada, acabará em pizza.
Se o mal é este,
combata-se o mal, exija-se a mudança.
Que a campanha política
não possa receber dinheiro de empresas. Só de pessoa física, e com
limite por CPF.
Também não nos venham
empurrar financiamentos com dinheiros públicos de campanhas.
Acabe-se este outro
manancial da corrupção, de tudo fingir resolver pelo despejamento
do dinheiro público.
Se as campanhas vão
ter menos dinheiro, que as campanhas reduzam seus custos.
Chega de “propagandas
informativas”, paradoxos em seus termos, pagas a peso de ouro a
nossos mágicos marqueteiros.
Chega de marqueteiros
que confessam receber dinheiros “por fora”, serem inocentados nos
meandros de Justiças e Justiças.
Chega de marqueteiros e
marquetagens sendo pagos a peso de ouro, com os dinheiros públicos,
para nos mentir descaradamente.
Chega de falsa
democracia, democracia pela metade, democracia do homem devorando
homem.
Homem lobo do homem.
Homem tornado vampiro.
