Sobre os assassinos
Parte 1
⁷ Senhor, tu nos guardarás seguros, e dessa gente nos
protegerás para sempre.
⁸ Os ímpios andam altivos por toda parte, quando a corrupção
é exaltada entre os homens.
- Salmos 12:7,8
“Serei acaso guarda para meu irmão?”, perguntou Caim,
Em sua atitude de rebeldia e orgulho.
Por que perguntava o que já sabia?
Sim, era seu dever ter guardado a vida do irmão,
Era seu único dever, no caso,
E no entanto falhara.
A realidade, que clamava a Deus
Era o corpo de Abel no pó caído,
Era seu sangue humano tragado pela Terra.
Era sua voz que Caim não mais ouviria,
Mas que desde o sangue e o pó seguia clamando,
E era ouvida pelo Senhor,
Que se horrorizava ao ouvi-la.
Caim, o orgulhoso.
Caim, o rebelde.
Caim, o assassino.
Caim, o proscrito.
Um dia a experiência de Adão e Eva passou por algo assim,
Que em Caim ficara pior,
Porque Caim era um fratricida.
E a experiência no bisneto do neto de Caim
Ficaria 77 vezes pior e depois ficou
77 vezes 77 vezes pior,
Até que o Poderoso Deus afundou tudo aquilo,
Quase toda a Sua Criação, num dilúvio.
Permaneceu um resto.
Os escolhidos.
Feliz quem buscou e encontrou
O seu lugar de salvação.
Feliz quem se abrigou em Deus.
Feliz quem pediu e foi atendido.
Infeliz o arrogante
No caminho de Caim,
Ainda que diga: “Eu, não, jamais,
Eu nunca faria isso,
E se eu fiz, se você descobriu,
Eu tive ótimos motivos”.
Raskolnikov também teve seus motivos
Elaborados cuidadosamente,
Algo que envolvia sonhos e destinos, vergonhas e humilhações,
E incompreensão do mais santo desígnio.
Quantos viveram isso, espécie humana,
E qual homem não viveu isso?
Eu sei que existem santos por ingenuidade,
E que a ingenuidade é uma coisa santa,
Mas existem poucos santos por experiência.
Também sei que tudo que é santo ao existir
Deve ser louvado pelos homens.
É o reflexo de Deus, conforme enxergamos,
Da nossa perspectiva, aqui na Terra.
Os bons não desejam assassinar, sequer a Caim,
Os bons desejam ser bons, até com relação aos inimigos.
Os bons lutam para impedir que Caim
Aprofunde e amplie suas perversões, e seu mau exemplo,
Sobre a face da nossa terra.
Podemos viver sem a pena de morte e no entanto
Não podemos viver sem as prisões e as grades.
O que se deve fazer com relação a Caim?
Matá-lo, sem lhe dar tempo para que se converta,
Ou impedi-lo de matar de novo, dando-lhe tempo para que se
converta?
Eu defendo a prisão, não a pena de morte.
Defendo leis, julgamentos, prisões,
Para que Caim e outros criminosos
Sejam colocados atrás das grades.
Fiquem lá o tempo que tiverem de permanecer,
E depois de soltos, mantenha-se uma especial vigilância,
O preço por seus crimes.
Façamos também que paguem com seus bens
As indenizações e multas cabíveis,
Até que encontrem seu próprio fim,
Sem que tenhamos participação nas suas mortes.
Os bons não defendem impunidade para Caim,
Ou para outros criminosos,
Que mais agravariam suas injustiças.
Os bons não absolvem os culpados,
Nem condenam os inocentes,
Nem se omitem.
Deus não deseja a morte do ímpio,
Deseja que o ímpio se converta, e viva.
- Oráculo de Deus na profecia de Ezequiel,
Eternamente válido.
Parte 2
O Cristo foi assassinado pelo poder concedido aos ímpios,
Por suas mentiras e conspirações,
Por sua violência e injustiça, foi assassinado.
Abel foi assassinado pelo poder de um ímpio, também,
Por seu próprio irmão, Caim,
Abel foi assassinado.
Na história humana desde que o ser humano caiu,
E apesar do Mandamento: “Não matarás”,
Podem os homens ser assassinados,
Ou, pior, ser assassinos.
Não devemos ter medo~, é verdade,
De quem pode matar o corpo, mas não o espírito.
Ainda assim estes que matam os corpos
Provocam grandes sofrimentos.
Escondidos nos pesadelos da humanidade,
Ou deles emergindo para provocar debaixo do sol
Angústia, dor e lamentos.
Para sentir-se como Deus, por um momento?
Vergonha, ira e maldição,
Em algum momento irão encontra-los.
Neste Vale de Lágrimas onde nos cabe viver
Nossas Almas os conhecem e os lamentam,
Assassinos dos mitos ou da literatura,
Como Caim ou Raskolnikov,
Ou assassinos da história como os assassinos de Jesus,
E os assassinos de milhares ou de milhões,
Como Herodes, ou Calígula,
Ou Hitler, ou Stalin.
Ou o assassino sem nome que hoje mesmo,
Em algum lugar deste mundo,
Faz sua primeiro, ou sua vigésima primeira vítima,
De algum dos filhos da Humanidade.
Todos eles, assassinos,
Por escolha ou inclinação,
Por rebeldia e orgulho,
Todos eles, inimigos da Humanidade,
Todos eles filhos de Satanás e da Serpente,
Todos eles da raça das víboras.
Todos eles com suas desculpas, motivos, justificativas,
Com atitude desafio pra depois
Chorar diante do castigo.
Vamos dar-lhes um castigo humano,
Mas não vamos matá-los se puder ser evitado,
E não vamos torturá-los,
Para que não nos igualem a eles.
Fiquem presos. Fiquem vigiados.
Paguem um preço por seus crimes.
Mas não vamos nós mesmos tornarmo-nos
Cainitas, e matá-los,
Inventando, como eles,
Desculpas, justificativas, motivos.
Vamos mostrar-lhes, na prática, através do exemplo,
Que é possível ser misericordioso e amar
Até mesmo ao inimigo.
Que é possível não ser como eles,
Tirando vidas humanas e acreditando
Que nossos motivos, desculpas, justificativas,
Vão garantir-nos a impunidade.
Parte 3
Apostam os assassinos na impunidade,
Começam a acreditar nela e então
Ninguém mais os salva.
- “Diz o tolo em seu coração: ‘Deus não existe’";
“Pois dizem: Com a nossa língua prevaleceremos;
São nossos os lábios;
Quem é senhor sobre nós?“
Se Deus, para respeitar o livre-arbítrio,
Não os salva de si mesmos,
Como é que um simples ser humano iria salvá-los?
- “Quem endireita o que Deus fez torto?”
- Pergunta o Eclesiastes, e
- “A sua habitação está no meio do engano; pelo engano
recusam conhecer-me,
- Oráculo do Senhor”,
Conforme o profeta Jeremias.
É preciso haver
conversão genuína
Para haver genuína salvação.
- O resto é inútil, vão, é mentira.
Não nos cabe julgar os corações,
O que nos cabe criar uma lei que valha para todos,
Que preveja condutas criminosas e suas punições,
E nos cabe fazer valer esta lei, para todos.
Apurar e processar quem houver praticado
As condutas proibidas:
- Roubar, matar, praticar a fraude ou a violência,
E isto já abrange quase tudo de ruim,
E fazê-los pagar as punições correspondentes.
Quem alcançar isto será um homem saudável, uma sociedade
saudável,
Que ama o próximo e portanto é temente a Deus.
E fora disso é o engano, é simplesmente doente,
Às vezes gravemente doente,
Às vezes às vésperas da morte.
E é inútil, é vão, é mentira,
Hipocrisia de quem insiste na morte,
Esperaria dar frutos de vida?
Quem apodrece seu ambiente, apodrece seu interior,
É quem pratica os crimes, e reforça a impunidade,
Quem pratica o assassinato, e justifica o assassino.
Torna-se arrogante.
Despreza a Deus.
Torna-se abominável.
“Por que fez isso?...
Era um bom menino...
Por que fez isso de si?...
Foram as más companhias?...”
Os corações, julgue-os Deus.
Não queiramos ser Deus.
Peçamos a Deus pela força
Para fazermos, humanos, o que nos cabe.
Para afastarmo-nos das mentiras,
E trazermos viva, dentro do coração, a Verdade.
Para buscarmos a Paz que vem com a Justiça,
E nos afastarmos do orgulho, do crime,
Do desprezo a si próprio, e ao próximo,
Da morte e da injustiça.
Parte 4
⁶ Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida;
ninguém vem ao Pai, senão por mim.
João 14:6
Tantos dominados pela ganância!
Tantos dominados por falsos valores, falsos deuses, que só
trazem a morte,
Mas são incapazes de trazer à vida!
Não ressuscitam como fez Jesus,
Invocando o Nome de seu Pai nos Céus.
Chamam pelos mortos, prometem, sonham, até se enganam,
Mas não conseguem afastar a morte.
Não conseguem trazer ninguém para a vida,
Nem sequer eles próprios.
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