O que um juiz quer apontar como exemplar no caso da sacoleira de milhões, Eliana Tranchesi, dona da Daslu. Uma pena de 94 anos de cadeia, por sonegação de impostos.
Ou o juiz está preso na matemática do código, e está esquecendo um pequenino detalhe: a realidade do caso.
Mas eu acho que é muito emblemático de um certo pensamento torto, muito difundido em solo pátrio, para creditar a um mero “esquecimento jurídico” este retrato descarado.
Retrato de que? Da nossa bela Justiça?Da nossa bela, linda Justiça, que esquece de botar assassinos nas grades, que olham o roubo de milhões, pelos nossos poderosos, pelas nossas autoridades, e os deixam flanar leves soltos, felizes como um passarinho, disputando novos contratos e eleições?
E vêm os defensores exaltados do manicômio tributário: nossa classe bem-pensante: “sonegar o imposto é crime gravíssimo, sim.” As dondocas do pensamento aprovado nos meios oficiais. Deveriam votar Thoreau e sua Desobediência Civil à forca, mais que à cadeia, estes defensores incondicionais do Estado totalitário. Do Estado Moloch, que devora os seus adoradores.
Esses árduos defensores não conhecem o que é liberdade. O ar da campina, o vento, o teto, tudo aquilo que contribui para realizar um homem.
Desconhecem que o país é um inferno, um manicômio tributário, em que os poderosos, os grandes, se locupletam, e os pequenos pagam o pato. Desconhecem que nesse mundo a sonegação é a regra, todos tentando salvar algo do Papai Estado. Só os que ganham fácil não vêem, porque não podem ver. Só os juízes e promotores e tantos outros com muito tempo livre e pouca prestação de contas, com dois meses de férias, com estabilidade de emprego e salárioÃO direitinho na conta. São os funcionários do sistema. Estes podem posar de santos. É só o sistema que não funciona e não muda.
Criminosos voam aí, livres como um passarinho... Justiça, nesse país? Só se for pau no lombo, choque elétrico, afogamento, desova de polícia, traficante no microondas.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
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