terça-feira, 27 de março de 2012

Por falta de 6 mil um recém nascido morreu


Neste Brasil da prosperidade o preço a pagar é uma perfeita alienação para os problemas brasileiros. Virar o rosto. Fingir que não vê. Este é o Brasil do oba oba.


Uma conjuntura favorável fortuita. 1 bilhão de chineses passando a comprar nossos produtos primários, abaixando o preço das bugigangas eletrônicas que consumimos.


E, olhem só, alcançamos o Paraíso terrestre. É só não assistir a televisão, não assistir aos flagrantes incidentes de corrupção, de violência, de descaso absoluto com a vida humana.


Não adianta nada mesmo. Legal é se sentir legal. Não enfrentar qualquer problema. Não assumir a responsabilidade. Delegar para algum herói que resolva.


Só que, vejam só, o herói passa a ocupar um cargo público e a se entupir de um bocado de privilégios. LEGAIS. O herói vai repetir as velhas práticas ineficientes. E os problemas permanecerão inalcançáveis.


Numa cadeia, os criminosos continuam liderando a bandidagem. E mais um senador aparece ganhando dinheiro de modo indesculpável. E mais uma notícia de privilégio indefensável de que gozam os senadores. Um plano de saúde mirabolante. Reembolsos mirabolantes. Em que país vivem estes políticos?


É a porra do Brasil.


67 mil ressarcidos à esposa de um senador por seus gastos com dentista, em um ano. Quantas bocas e quantos dentes possui esta senhora?


E não há nada a fazer. Nenhum capitão Nascimento que vai cuidar disso. Vamos continuar engolindo isso. Vamos continuar vivendo neste nosso Brasil.


Felizes porque botamos mais um trocado no bolso. Uma moedinha de dez centavos que seja. Mas se for 67 mil, é bem melhor... 2 milhões, melhor ainda.


Por informações privilegiadas, por palestras que não deu.


Tudo bem descarado, tudo nas nossas barbas.


Lulinha, que mudaria tudo isto. E que, pela sua própria retórica, mudou.


Não existe solução fácil. Não existe mágica.


Não existe um país de analfabetos e semi-analfabetos virando nação próspera.


Não existe país bom governo que repete seus maltratos aos cidadãos.


Para o governo o cidadão é um contribuinte de bilhões de reais. Mais de um terço de toda a riqueza que o país produz. Merecedor de escárnio e desprezo em alguma repartição.


Hospital? É pretexto para fechar um contrato com alguma empreiteira. Esqueletos de Hospitais inacabados se deteriorando. Hospitais onde faltam leitos, faltam médicos, faltam remédios. Hospitais que não curam. Pretextos para outra derrama de salários mal empregados. De compras superfaturadas de medicamentos.


Hospitais onde ratos passeiam, onde vaza água, onde a infecção é corriqueira. Recém-nascidos que morrem numa proporção assustadora, medonha, a medonha dor dos pais destas vítimas, massacre de inocentes.


Porque não se seguiu os procedimentos adequados. Porque faltou atenção, cuidado. Porque faltou dinheiro.


Para os medonhos que superfaturaram os remédios não faltam os recursos. Protegem muito melhor os seus. Vão gastar 67 mil na sua boca. Por falta de 6 mil um recém-nascido morreu.

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