quarta-feira, 25 de julho de 2012

Carlinhos Cachoeira e a nação de joelhos



“Pois, quem ignora que os vencedores conservam seus haveres, e recebem os dos vencidos, e que estes perdem tudo que possuem, até a liberdade?”

- Ciropedia, Xenofonte

A imprensa noticia que o advogado Marcio Thomaz Bastos, Ministro de Justiça da “Era Lula” (como a realidade é pródiga ao oferecer símbolos!) receberia algo como R$ 15 milhões do “empresário do bicho”, Carlinhos Cachoeira, para atuar em sua defesa.

A sociedade (ou boa parte dela) está pronta para aceitar que alguém disponha de R$ 15 milhões, sem explicar como foi que os juntou.

Este é o absurdo chamado Brasil.

A sociedade (ou boa parte dela) sequer imagina que um sujeito processado criminalmente, pelos tipos de crimes mais hediondos possíveis, crimes envolvendo o patrimônio público, o Poder Público, crimes envolvendo Senadores e Governadores, Prefeitos, Vereadores, Juízes, Policiais, e uma longa lista de etcs., crimes envolvendo mega-construções, mega-empresários, mega-investimentos, possa ser constrangido por um Juiz sério, honesto, a ficar com os bens indisponíveis, imediatamente.

Eles estão convencidíssimos de que isto é a Justiça, isto é o correto, isto é como as coisas devem ser.

“Talvez se isto fosse um país sério”, apregoam os mais debochados. “Talvez na Suíça”.

R$ 15 milhões, que este mega-criminoso não explica de onde veio. Não foi de qualquer trabalho, herança, prêmio de loteria... não. Ele diz (ou não diz, porque ninguém lhe pergunta), que os R$ 15 milhões apareceram no seu bolso. E o advogado pode aceitar este dinheirinho, ficar R$ 15 milhões mais riquinho, e está tudo certinho... “Tudo legal”, como gostam de repetir. Tudo normal.

E com tanta legalidade, com tanta normalidade, temos diante dos olhos o espetáculo grotesco de uma nação posta de joelhos. Dois Juízes já se afastaram do caso Cachoeira, um por ter sido ameaçado (pediu logo alguns meses de férias, e pra não trabalhar mais com casos criminais. Outro absurdo), outro porque tinha ligações de seu celular para um dos acusados...

A Procuradora que cuidava do caso também já foi ameaçada, e ontem mesmo a Justiça já mandou soltar o sujeito apanhado pela Polícia por ter feita algumas das ameaças.

Um Policial Federal, que participara da Operação que levou à prisão de Cachoeira, foi executado com um tiro na nuca e outro tiro na têmpora, após também ter sido ameaçado.

O Ministro da Justiça, na primeira declaração sobre o caso, afirma que seria “leviano” fazer qualquer conexão entre as duas histórias...

Tudo normal, tudo na mais absoluta normalidade, no país dos banguelas...

E o corvo disse: “Nunca mais”,
não há de erguer-se, ai! nunca mais!

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