“Pois, quem ignora
que os vencedores conservam seus haveres, e recebem os dos vencidos,
e que estes perdem tudo que possuem, até a liberdade?”
- Ciropedia, Xenofonte
A imprensa noticia que
o advogado Marcio Thomaz Bastos, Ministro de Justiça da “Era Lula”
(como a realidade é pródiga ao oferecer símbolos!) receberia algo
como R$ 15 milhões do “empresário do bicho”, Carlinhos
Cachoeira, para atuar em sua defesa.
A sociedade (ou boa
parte dela) está pronta para aceitar que alguém disponha de R$ 15
milhões, sem explicar como foi que os juntou.
Este é o absurdo
chamado Brasil.
A sociedade (ou boa
parte dela) sequer imagina que um sujeito processado criminalmente,
pelos tipos de crimes mais hediondos possíveis, crimes envolvendo o
patrimônio público, o Poder Público, crimes envolvendo Senadores e
Governadores, Prefeitos, Vereadores, Juízes, Policiais, e uma longa
lista de etcs., crimes envolvendo mega-construções,
mega-empresários, mega-investimentos, possa ser constrangido por um
Juiz sério, honesto, a ficar com os bens indisponíveis,
imediatamente.
Eles estão
convencidíssimos de que isto é a Justiça, isto é o correto, isto
é como as coisas devem ser.
“Talvez se isto fosse
um país sério”, apregoam os mais debochados. “Talvez na Suíça”.
R$ 15 milhões, que
este mega-criminoso não explica de onde veio. Não foi de qualquer
trabalho, herança, prêmio de loteria... não. Ele diz (ou não diz,
porque ninguém lhe pergunta), que os R$ 15 milhões apareceram no
seu bolso. E o advogado pode aceitar este dinheirinho, ficar R$ 15
milhões mais riquinho, e está tudo certinho... “Tudo legal”,
como gostam de repetir. Tudo normal.
E com tanta legalidade,
com tanta normalidade, temos diante dos olhos o espetáculo grotesco
de uma nação posta de joelhos. Dois Juízes já se afastaram do
caso Cachoeira, um por ter sido ameaçado (pediu logo alguns meses de
férias, e pra não trabalhar mais com casos criminais. Outro
absurdo), outro porque tinha ligações de seu celular para um dos
acusados...
A Procuradora que
cuidava do caso também já foi ameaçada, e ontem mesmo a Justiça já
mandou soltar o sujeito apanhado pela Polícia por ter feita algumas
das ameaças.
Um Policial Federal,
que participara da Operação que levou à prisão de Cachoeira, foi
executado com um tiro na nuca e outro tiro na têmpora, após também
ter sido ameaçado.
O Ministro da Justiça,
na primeira declaração sobre o caso, afirma que seria “leviano”
fazer qualquer conexão entre as duas histórias...
Tudo normal, tudo na
mais absoluta normalidade, no país dos banguelas...
E o corvo disse: “Nunca
mais”,
não há de erguer-se,
ai! nunca mais!
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