domingo, 29 de julho de 2012

Festejo a morte de um ciclo


Festejo a morte de um ciclo.

Que a corrupção tenha um fim. Que se acabe esta inconsciência de que pode ser normal, ou legal, que um homem, ou um grupo, receba, por uma lei, milhões de dinheiros a que o grosso da sociedade não tem qualquer direito.

Aonde a igualdade, aonde o respeito?

Se não houver um limite a que um homem, ou um grupo, pode receber do Estado (dinheiro público), estaremos lascados para sempre.

Um juiz, um senador, um funcionário da Petrobras, é melhor do que os outros?

Pode receber tratamento diferenciado? Pensões, aposentadorias, férias, salários, tratamento médico, tudo diferenciado, tudo para distingui-lo da massa dos comuns, aqueles que podem ter as crianças brincando nos esgotos.

Uma massa que pode ser melhor expoliada de todos os meios pelos mais maus caracteres. Os “espertíssimos” dentre nós.

Que se sofra isto, calado, conformado, debochado, diz muito de nós. Diz tudo.

Mas os ciclos chegam ao fim. E as mãos podem se inverter.

Um ciclo de corrupção chega ao fim. Um ciclo iniciado quando um partido político, recém-chegado ao poder, deu novo vigor à fábrica de privilégios que nossas tradições construíram.

Sim, vem de longe, ninguém ignora. As práticas despotistas, nepotistas, patrimonialistas, estavam inscritas naqueles documentos que o Império Português que nos formou produziu. Nas cartas, e estatutos, e leis.

Nossa vida de escravocratas. Nossos engenhos de açúcar. Nossas favelas e senzalas.

Mas tudo pode, sempre, virar passado. Tudo que está vivo pode morrer. Tudo muda, tudo se transforma, tudo retorna, com outros corpos e outras mentes.

Os ciclos de corrupção podem diminuir ou recrudescer. Tudo dependente de momentos históricos, de espíritos mutáveis da população, e de suas elites, os ocupantes de cargos públicos, os donos do poder.

De líderes que surjam ou que faltem.

Se aceitamos esta festa impudente, este deboche de roubos impunes, de golpes recompensados, não temos dignidade, não temos um país.

Será este o legado de nossos filhos. A terra onde trabalham e vivem, as leis que os governam.

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