terça-feira, 31 de julho de 2012

A cultura do privilégio 2 – a segurança pública




Não temos os militares?

Não mantemos toda esta longa cadeia de comando, quartéis, recrutas, soldados, cabos, sargentos, capitães, generais, e todo o oficialato, e os jipes, e os alojamentos, os fuzis, os campos de treinamento, os helicópteros, e toda uma longa lista de etcs., tudo pago pelos cofres públicos?

E as medalhas, e as pensões, e até as praias particulares, “estratégicas”?

Tudo é dinheiro público, o mesmo dinheiro que deve sustentar os hospitais para os mais carentes (em tese), idem a educação, a justiça, a cultura, e etc. etc. Longa lista de atividades essenciais.

Também a segurança pública, e aí entram as polícias, os militares. Sinteticamente: os soldados. Aqueles que vão empunhar em armas para esta valorosa missão: prender os assassinos, impedir a sua ação contra nossa sociedade.

É justo que organizemos nossa segurança. Qualquer sociedade que se dê ao respeito faz isso, trata de organizar a segurança de seus membros. Mostra que tem valores e que é sadia, uma sociedade assim.

É a qualidade de seus detetives, de seus policiais, de seus militares, que vai testemunhar sobre esta organização da segurança.

Vivemos em uma sociedade em paz? Temos taxas reduzidas de mortes violentas, e estas são investigadas? Costumam redundar em punição para os culpados?

A resposta para estas perguntas, em nosso país, é um vergonhoso “não”.

Por mais que haja valores nas forças de segurança, por mais que existam sacrifícios pessoais, como de resto, em qualquer área do serviço público, os resultados desta organização, como um todo, são péssimos e lamentáveis.

A quantidade de inquéritos engavetados, inquéritos mal-feitos, desperdício de recursos, é bizarra.

Há pouco tempo a imprensa noticiava que um em cada cem homicídios redundava em efetiva prisão.

Ou seja: só nesses casos em que o sujeito matava “num gesto de loucura”, na frente de todo mundo. (e mesmo estes arriscando não pagar pelo crime, a depender de algum esperto advogado, e de umas tantas brechas na lei. E da Justiça morosa. E da interpretação vigente de que só pode pagar pelo crime depois da última da última instância, coisa de vinte anos ou mais, a depender da esperteza do advogado).

Ou nos casos em que o crime envolve algum figurão, ou alguma notícia mais aberrante no jornal, quando a polícia realmente investiga. Ou por algum outro acaso qualquer.

Só nestes casos, um em cem, é que se podia esperar punição para o homicida.

Então, esta é a organização deficiente que se precisa combater com todas as forças, e não tentar tapar o sol com a peneira, fingindo que está tudo muito bem.

Este é o problema verdadeiro que nossos governantes precisam resolver, esta é a responsabilidade deles, e que os envergonha.

Mas, em última instância, é claro, a responsabilidade é da nossa sociedade como um todo, ela é que vai produzir e sofrer os efeitos da sua forma de ser.


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