Ronald Biggs morreu
hoje, o ladrão famoso por roubar um trem postal, na Inglaterra, em
1963, e que fugiu e viveu em liberdade no Brasil, por muitos anos.
Havia voltado à
Inglaterra, em 2001, doente, já com 74 anos, e na esperança de
conseguir um indulto da Rainha.
Enganou-se. Foi
conduzido à prisão, de onde só saiu em 2008, para ficar em
liberdade condicional após ter cumprido um terço de sua condenação
de 30 anos, mesmo tendo sofrido dois ataques cardíacos e diversos
derrames após o retorno.
Agora, imagina no
Brasil, onde desviam-se remédios de hospital, merenda de crianças,
e cada licitação, cada compra pública milionária, e cada grande
obra, traz a sua fieira de corrupção, suas previsões de 15%, 20%,
ou 30%, e os crimes prescrevem mais rápido do que a velocidade da
luz, e a condenação final nunca acontece para estes casos.
Processos há 10, 15,
20 anos, nos Tribunais. Sempre se questiona outra vírgula, sempre
existem os macetes jurídicos, testemunhos a serem ouvidos no
Timbuctu, no Alasca, indispensáveis, claro, para a plena defesa,
segundo entendimento das Altas Cortes, capazes de anular anos de
investigação, anos de processo, pela falta de um carimbo na fl. n.
5.689 dos autos.
Imagina no Brasil, onde
sentimos tanta peninha de mandar pra cadeia os nossos ladrões de
milhões, os que desfilam com milhões na cueca, milhões na meia, e
não precisam esquentar a cabeça, porque não correm risco de ir
para trás das grades.
É só ficar de bico
fechado.
Imagina no Brasil, que
recebeu Biggs de braços abertos, como um herói do povo; o Brasil,
que negou a extradição de um assassino condenado por diversas
mortes na Itália, afinal, ele era um dos companheiros, é preciso
agradar nossos radicais...
Imagina no Brasil, que
sempre tem um jeito de dar uma amaciada, uma liberdadezinha
condicional, uma prisão domiciliar básica, porque na cadeia vai
complicar pra comer salmão defumado...
E esta também é muito
boa: roubou milhões? Mas pode dizer que vai arrumar um empreguinho
num hotel, coisa de 20 mil por mês, e estamos todos regenerados!
Olhe a boa vontade que demonstra, o intuito de trabalhar
honestamente, como todo bom brasileiro... claro que ele merece a
liberdade, quem sabe até uma indenização por lhe estarmos, talvez,
causando algum inconveniente ao doutor, ele não é qualquer, sabe
com quem está falando?
País entregue ao
crime, país entregue ao deboche...
País entregue às
baratas...
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