quinta-feira, 23 de abril de 2009

Vera Cruz

Vera Cruz é um belo faroeste de Robert Aldrich, diretor que nos deu filmes bons e variados como Os doze condenados, O que aconteceu com Baby Jane?, O imperador do norte, e O último pôr do sol. É uma faroeste bom como os das antigas, mas nem tão das antigas assim. Gary Cooper, que co-estrela este filme com Burt Lancaster, já mostra os anos. E tem um grande papel neste filme, com uma personalidade de um homem complexo, verdadeiro, portanto, e não um desses estereótipos comuns no cinema.
Ele é um homem que possui um propósito de se manter erguido, e vai buscar todos os meios de conseguir isso. Não quer se prender a causas, mas ao humano que ele pode realizar, agora que caiu junto com o Sul, na Guerra Civil, como o grande fazendeiro que era. Agora não em fazenda, mas ele vai batalhar para que tenha, e vai usar seus talentos aprimorados na guerra para isso.
Ele segue para o México, onde a revolução contra o imperador Maximiliano gera oportunidades de lucro para estes talentos. Apesar de um mercenário, mantém seu apego à honestidade, apesar de matador, mantém seu respeito à vida.
Esta personalidade é que vai antagonizar com a personagem de Burt Lancaster, também um mercenário e matador, mas obcecado por possuir tudo com exclusivismo. Isto vai gerar grandes conflitos ao longo do filme, à medida em que os dois se aproximam, com as desconfianças, e os cuidados daquela relação perigosa. Mas que acaba fatalmente por aproximá-los. Só que a ambição desvairada da personagem de Lancaster vai empurrá-lo para um antagonismo cada vez maior, uma espiral de loucura, que nada vai parar a não ser a morte. E a morte vem no clássico duelo, um dos bons da história do faroeste.
O filme é conduzido com um ritmo forte de aventuras, com muita emoção de tiroteios e perseguições. Uma produção que uniu uma história criativa e inteligente a um forte senso de espetáculo e entretenimento. Bons atores, boas sub-tramas. Tem um ar de produção mais independente do forte sistema de estúdios da época. E mostra o belo valor dessas produções, feitas mais com o coração, menos com o pensamento no lucro.
É uma realização da United Artists, companhia que teve cedo uma proposta de uma produtora empenhada em dar espaço às realizações dos próprios artistas, formada, como foi, por grandes artistas da aurora do cinema: o diretor D.W. Griffith, os atores Mary Pickford e Douglas Fairbanks, e o diretor e ator Charles Chaplin.
A United Artists gerou bons frutos, desde seu começo em 1919. No tempo das diligências, de John Ford, Tempos Modernos, do Chaplin, para citar só dois, e ainda lançou independentes como Walt Disney e David Selznick, o produtor de apenas King Kong, e E o vento levou, entre outros.
E a United Artists continuou fazendo seus filmes com vigor, ainda renovada com vigor por novos artistas, como Burt Lancaster que bancou a produção deste Vera Cruz, junto com Hecht. Será o roteirista Ben Hecht? (não, não é o roteirista Ben Hecht, é Harold Hecht, que produziu irmãos Marx muito antigo e bom, Horsefeathers, e a mítica Mae West. Como é bom contar com a enciclopédia imensa e imediata da internet). Bem, Lancaster bancou o projeto, e se recompensou muito bem, com um belo filme, e um papel de vilão bem marcante.

Cotação: **** (muito bom)

2 comentários:

Luijz Rhamus disse...

Olá, João! Parabéns pelos seus comentários, informações, inteligência e conhecimentos. Quero convidá-lo a participar do Filmow, uma rede social só de filmes! Me encontre lá (Luiz Ramus), cadastre-se e me faça um convite. Abraço!

Luijz Rhamus disse...

João, me esqueci de informar o endereço: http://filmow.com/usuario/luizramus/amigos/