O horror a história de Giordano Bruno. O horror... o horror...
Também, um exemplo de santidade. Giordano Bruno, como outros ao longo da história, deu sua vida por sua dignidade. A dignidade de não abrir mão da sua verdade. O exemplo de Giordano Bruno, e de outros como ele, mostra o ponto em que pode chegar a brutalidade humana.
Quantos foram mortos, como ele, nas fogueiras e campos de extermínio, da intolerância humana. Não aceitar um pensamento diferente é não aceitar o ser humano que carrega esta verdade própria.
Grandes criminosos os que usam a violência para endossar suas opiniões. A recusa à violência é o moral, é o mandamento divino. Tantos que preferem a solução “fácil”, do assassinato, do extermínio, ao invés de se esforçar na construção de um mundo melhor, para todos. A sociedade não “funciona”, na cabeça destes? Façam ela funcionar. Lutem por ela. Dêem o seu sangue por ela. Sejam honestos, e responsáveis. Mas não deixem que a corrupção do poder e do dinheiro justifique seus crimes horrorosos. Não aceitem derramar o sangue alheio, pela “sociedade”, ou pela “humanidade”, ou por um algum grande ideal. Pela pureza do comunismo, ou para acabar com a heresia. Acabar com os subversivos.
Assassinatos. Torturas. A maior podridão. Todos ganham uma chancela moral em nossas mentes doentes. Tudo passa a ser justificado por uns supostos “grandes fins”. Mas tudo mal esconde uma luta ferrenha para suprir ambições. Para não perder os postos de comando.
Assim é que a alma gananciosa odeia a verdade de alguns indivíduos que ameaçam suas posições de poder. Assim é que ela odeia estes indivíduos, e os procura eliminar.
Giordano Bruno (Nola, 1548 – Roma, 1600) foi um escritor, filósofo, teólogo, frade dominicano. Condenado porque sua visão do universo foi dita herética, por uns homens com poder, e que se julgavam os senhores da verdade. Os donos do Cristo, segundo julgavam, eis que Cristo se identificou com a Verdade (“Eu sou o caminho, a verdade e a vida”).
Por culpa destes poderosos os últimos oito anos de sua vida Giordano Bruno passou numa prisão, sofrendo torturas. No seu último interrogatório, recusou retratar-se, sustentou sua opinião. Foi queimado numa fogueira, impiamente, como tantas “bruxas”, tantos “hereges”, tantos “diferentes”. A intolerância humana mostrada em sua face mais corrupta e demoníaca.
Giordano Bruno, um último detalhe sórdido, para pintar a podridão: teve a língua perfurada com madeira e um prego, para que não pudesse “blasfemar” enquanto ia para a fogueira. Delito de opinião...
Horrível, mas serve para nos alertar do ponto a que pode chegar a intolerância humana a serviço de uma causa. Tenhamos cuidado com nossas certezas, com nossas “iras santas”. Nada mais assustador e mais próximo do fanatismo que aquele que se enche de “razões” pra defender aquilo que considera “A” verdade. Numa simples briga de trânsito, ou discussão em mesa de jogo, podemos ver a face horrenda da violência intransigente. Mas é em momentos de escassez e de medo, e é no grande cenário da política, que temos os retratos mais nítidos deste mal.
Lembremos o horrível massacre que os cruzados promoveram na Terra Santa, quando pela primeira vez a retomaram dos muçulmanos. Lembremos os horríveis massacres que tiveram lugar no período jacobino da Revolução Francesa, ou durante a Revolução Cultural promovida por Mao Tse Tung na China, ou no Camboja do Khmer Vermelho, ou na Rússia de Lenin e Stalin. Em todos estes exemplos, alguns auto-proclamados senhores da verdade lançavam mão do extermínio dos dissidentes. Negavam o direito do ser humano a uma opinião própria. Uma única “verdade”, tal como eles a entendiam, era tolerada...
Horrível a história de Giordano Bruno, mas ela também nos lembra a força do caráter e da integridade humanas, chegando às raias da santidade.
Segundo consta, a própria Divindade teria escolhido este destino humano, de sacrifício em prol da Verdade, ao realizar sua encarnação...
Existe o filme Giordano Bruno, corajoso e imperdível. Italiano, de 1973, dirigido por Giuliano Montaldo. Cotação: (excelente)
Informações adicionais, Giordano Bruno, consulte wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Giordano_Bruno
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
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Um comentário:
João,
realmente a intolerância é um mal, uma chaga aberta.
Temos, entretanto, que tomar cuidado com o discurso em favor da tolerância, quando ele mesmo é intolerante.
Temos que tomar cuidado com violências não físicas, mais sutis. Hoje, por exemplo, na nossa sociedade, não há muito lugar para quem não consome. Veja, a propósito, o excelente documentário Criança, a alma do negócio que está, em 5 partes, no YouTube e que você poderá assistir a partir daqui http://www.youtube.com/watch?v=dX-ND0G8PRU
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