domingo, 26 de setembro de 2010

bob dylan Visions Of Johanna

Uma de minhas favoritas, de um dos meus discos favoritos de Dylan, Blonde on Blonde
(1966) . Segue o link para a música:
:
http://listen.grooveshark.com/#/s/Visions+of+Johanna/2qij7J


Visões de Joana

Tem alguma coisa como a noite
pra pregar peças
quando você está tentando ficar na sua?

Nós sentamos aqui, desamparados,
embora façamos o melhor pra negá-lo

E Louise guarda um punhado de chuva na mão
te tentando a desafiá-la

Luzes bruxuleiam na galeria do outro lado da rua
neste quarto, o canos de aquecimento só tossem,

A estação de música country toca suave,
Mas não tem nada, realmente nada,
pra te desligar

Apenas Louise,
e seu amante, tão entrelaçados,

E estas visões,
de Joana,
que conquistam minha mente.

No terreno vazio, onde as damas brincam
de cabra cega com a chave da cadeia,

e as garotas pra noite toda
sussurram escapadelas no trem-D,

Nós podemos ouvir o vigia noturno acender a lanterna
perguntar para si: “são eles ou sou eu o louco de verdade?”

Louise, ela está bem, ela simplesmente está perto,
Ela é delicada e
ela se parece com o espelho

ela simplesmente faz tudo ficar tão conciso e tão claro
que Joana não está aqui

O fantasma da eletricidade
uiva
nos ossos de sua face

Onde estas visões
de Joana
pegaram meu lugar agora

Agora, o garotinho se perdeu,
ele pensa de si mesmo
tão seriamente

Ele se vangloria
de sua miséria
ele gosta de viver perigosamente

e quando se menciona o nome dela
ele fala pra mim de um beijo de despedida

Ele certamente tem um bocado de amargura
pra ser tão inútil e tal

Resmungando palavras sem importância pro muro,
enquanto eu estou na entrada de casa

Ah, como eu posso explicar?
É tão difícil de entender...

e estas visões
de Joana
Elas me deixaram acordado
até depois de amanhecer

Dentro dos museus,
Infinito se apresenta para julgamento

Vozes ecoam: “isto é como
Salvação deve parecer, depois de um tempo”

Mas Mona Lisa deve ter sentido a tristeza da estrada
você pode dizer pelo jeito como ela sorri

Veja a primitiva parede de flores congelar
quando as mulheres com caras de geléia espirram

Ouça aquele cara de bigode dizer: “caramba,
eu não consigo enxergar meus joelhos!”

Oh, jóias e monóculos pendem da cabeça da mula!

Mas estas visões,
de Joana,
fazem tudo isto parecer tão cruel

O camelô agora fala
com a condessa que está fingindo que se importa com ele

Dizendo: “mostre-me alguém que não seja um parasita,
e eu vou lá fora fazer uma prece por ele”

Mas como Louise diz sempre:
“Você não pode olhar muito”, enquanto ela,

ela mesmo, se prepara pra recebê-lo

e a Senhora, ela ainda não apareceu,

nós vemos esta jaula vazia agora corroída
Onde sua cortina de teatro uma vez se levantou

O violinista, ele agora põe o pé na estrada
Ele escreve: “Tudo que se possuiu agora se devolve”

Na traseira de um caminhão de peixe que é carregado
enquanto minha consciência explode

As gaitas tocam
o esqueleto de claves musicais na chuva.

E estas visões
de Joana
são agora tudo que permanece

Visions of Johanna

Ain't it just like the night to play tricks when you're tryin' to be so quiet ?
We sit here stranded, though we're all doin our best to deny it
And Louise holds a handfull of rain, tempting you to defy it
Lights flicker from the opposite loft
In this room the heat pipes just cough
The country music station plays soft
But there's nothing really nothing to turn of
Just Louise and her lover so entwined
And these visions of Johanna that conquer my mind.

In the empty lot where the ladies play blindman's bluff with the key chain
And the all-night girls they whisper of escapades out on the D-train
We can hear the night watcman click his flashlightAsk himself if it's him or them that's really insaneLouise she's all right she's just near
She's delicate and seems like the mirror
But she just makes it all too concise and too clear
That Johanna's not here
The ghost of electricity howls in the bones of her faceWhere these visions of Johanna have now taken my place.


Now, little boy lost, he takes himself so seriouslyHe brags of his misery, he likes to live dangerouslyAnd when bringing her name up
He speaks of a farewell kiss to me
He's sure got a lotta gall to be so useless and allMuttering small talk at the wall while I'm in the hallOh, how can I explain ?
It's so hard to get on
And these visions of Johanna they kept me up past the dawn.


Inside the museums, Infinity goes up on trial
Voices echo this is what salvation must be like after a while
But Mona Lisa musta had the highway blues
You can tell by the way she smiles
See the primitive wallflower freeze
When the jelly-faced women all sneeze
Hear the one with the mustache say, "Jeeze
I can't find my knees"
Oh, jewels and binoculars hang from the head of the mule
But these visions of Johanna, they make it all seem so cruel.


The peddler now speaks to the countess who's pretending to care for him
Saying, "Name me someone that's not a parasite and I'll go out and say a prayer for him"
But like Louise always says
"Ya can't look at much, can ya man "


As she, herself prepares for him
And Madonna, she still has not showed
We see this empty cage now corrode
Where her cape of the stage once had flowed
The fiddler, he now steps to the road
He writes ev'rything's been returned which was owed
On the back of the fish truck that loads
While my conscience explodes
The harmonicas play the skeleton keys and the rain
And these visions of Johanna are now all that remain

No You Tube, mais esta bela versão, acústica, ao vivo:

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

The Who Wont Get Fooled Again (Live Philly 1973)




YYYYYYYYEEEEEEEAAAAAHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!

Deep Purple Lazy



Uma das minhas antigas. Lazy do Deep Purple, do disco ao vivo Made in Japan. A melhor versão que conheço. Rock que pra mim parece um jazz. Pega fogo. Ritchie Blackmore, vá tocar guitarra!

O palhaço e a palhaçada, ou Vote Tiririca! Pior que tá não fica!




Na revista Veja de 22.09.2010 o artigo de Roberto Pompeu de Toledo, “Fraudes Eleitorais”, fala do fenômeno destas eleições, o palhaço Tiririca. Candidato a deputado federal por São Paulo, ele lidera as pesquisas de intenção de voto. Eis um link para a íntegra do artigo: http://avaranda.blogspot.com/2010/09/roberto-pompeu-de-toledo_19.html

Toledo alerta para uma das artimanhas do nosso sistema político: “O leitor opta por um candidato e elege outro. (...) Isso acontece porque os puxadores angariam votos muito além do chamado “quociente eleitoral”, o necessário para se eleger. As sobras vão para o partido ou a coligação.”

Ou seja, “a avalanche de votos que, ao que se divisa no horizonte, o conduzirá (a Tiririca) à Câmara Federal levará a reboque outros candidatos do seu partido (PR) e dos coligados PT, PC do B, PRB e PT do B.”

Um desses candidatos que entrarão “a reboque” do palhaço Tiririca é seu companheiro de partido, Valdemar Costa Neto. Envolvido no escândalo do mensalão, tendo inclusive confessado que recebeu dinheiro de Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PT, renunciou em 2005 para não ser cassado, e reelegeu-se em 2006. Vai, agora, “entrar no vácuo” do palhaço, pra renovar seu mandato.

O artigo de Roberto Pompeu de Toledo lembra ainda que os eleitores de Tiririca talvez pensem que seu voto é uma forma de protesto contra a palhaçada de um sistema eleitoral que permite tais engodos, e os revolta. Mas com seu próprio voto-desabafo, voto-protesto, jogam o jogo dos que se aproveitam de tais brechas em benefício próprio.

Não é o único absurdo da nossa legislação eleitoral. Temos Senadores sem um único voto! Senadores, sim! Como o caso do figuraço Wellington Salgado, olhem a imagem para entender do que estou falando:





Como é que se dá o fenômeno de, numa democracia, um sujeito se tornar senador sem um único voto?

Bem, Wellington Salgado foi um dos principais financiadores da campanha que elegeu Hélio Costa senador pelo estado de Minas Gerais em 2002, sendo também seu primeiro suplente. Trata-se de uma clássica combinação de talentos: Helio Costa entrou com a notoriedade de seu nome, Wellington Salgado entrou com seu prestígio monetário. Quando Helio Costa foi nomeado ministro das Comunicações pelo presidente Lula, em julho de 2005, Salgado assumiu a titularidade do mandato de Senador.. Ou seja, o eleitor de Helio Costa levou Salgado ao Senado, sem sequer conhecê-lo.

Coisa tão linda, esta nossa democracia!

Um último caso ilustrativo: Lindbergh Farias elegeu-se deputado federal pelo PC do B em 1994. Em 1997, mudou de partido, ingressando no PSTU. Em 1998, embora recebesse expressiva votação (73 mil votos), não conseguiu se reeleger, porque seu partido não atingiu coeficiente eleitoral suficiente. Pelo mesmo motivo, não pôde assumir o cargo de vereador do Rio de Janeiro, em 2000, embora fosse o quarto mais votado, com 47 mil votos.

Deus sabe que não morro de amores por Lindbergh ou pelo radicalzinho PSTU, com seu famigerado slogan, “Contra burguês, vote 16”. Mas penso que se frustra mais um pouco
a democracia quando as regras do sistema fazem uma pessoa com menos votos ser eleita, outra com mais votos ficar de fora.

Não precisamos gastar nossas lágrimas com Lindbergh, contudo. Ele acabou aprendendo sua lição, e pulou pro PT em 2001, elegendo-se deputado federal, e depois prefeito de Nova Iguaçu por dois mandatos. Agora, é um dos favoritos para uma das vagas do Senado pelo Rio de Janeiro, disputando com Cesar Maia e o bispo Crivella. Oh, Deus...

Mas este é o nosso sistema eleitoral. Ninguém pode me convencer de que tal sistema é sério, ou democrático. Para quem tentasse, eu sugeriria assistir um Programa Eleitoral Gratuito (outra pequena fraude: não é gratuito coisa nenhuma, as emissoras descontam o tempo de propaganda dos seus impostos de renda; imaginem a fábula: 100 minutos de horário nobre, de todos os canais abertos, todos os dias, exceto os domingos...). O desfile acelerado daqueles picaretas insanos: “Você me conhece”; “olha pra mim”; “contra o imperialismo ianque”; “a favor dos direitos das jabuticabas”; “meu nome é Enééééas!” 10 segundos, 4 segundos, 3 segundos, para a sua mensagem. E quem os conhece, e como é que se escolhe, e quem se lembra dos nomes em que se votou na eleição passada?

Uma grande piada, um grande circo, uma grande palhaçada. Mas de sérias e terríveis consequências. É simplesmente o Poder, e como será exercido na nossa sociedade. São simplesmente as leis que vão nos conduzir.

Nessa hora eu devo explicar, para não ser vítima de mal intencionados, que de forma alguma defendo qualquer solução não democrática para os defeitos do nosso sistema eleitoral. Não creio em nenhum “Líder Iluminado”, ou “Partido Iluminado”, que vá “botar ordem na casa”.

Qualquer reforma do nosso sistema eleitoral precisaria se dar num sentido de aprofundar a democracia, termos mais democracia, verdadeira democracia, efetiva democracia. Num sentido de aproximar o eleitor de seu representante, e submeter o representante à fiscalização do eleitor, da sociedade como um todo. Democracia é isso, todo o Poder emana do povo, artigo 1, parágrafo único de nossa Constituição Federal.

Qualquer reforma precisa ser num sentido de aclarar e simplificar o sistema. Cada voto ter o mesmo peso, cada cidadão ter os mesmos direitos, inclusive de ver os representantes eleitos prestando contas de sua atuação. Qualquer reforma precisa lutar contra os engodos e as injustiças deste sistema, que leva X com mil votos a ficar de fora, e Y com 10 votos (ou sem nenhum voto) a entrar.

Qual seria, então, esta reforma perfeita? Lembrando que não existe reforma perfeita. Mas qual seria, então, esta reforma para melhorar, para termos mais democracia, e não menos democracia? Em termos concretos, e não genéricos, qual seria esta reforma?

A pergunta de um milhão de dólares. Para uma tentativa de resposta, um esboço de resposta, um começo de resposta, um próximo artigo.

sábado, 18 de setembro de 2010

The lonesome death of Hattie Carroll - Bob Dylan






Outras duas versões dessa música fantástica. No blog tem uma postagem antiga com a letra traduzida.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Então é isso?




Ficamos assim, então. Erenice Guerra, a Ministra da Casa Civil, “coração do Governo”, como definiu o próprio Presidente da República, “aparelha” o Estado com diversos parentes e chegados em cargos de confiança: um irmão na Infraero, depois na Controladoria Geral da União, o filho na Agência Nacional de Aviação Civil, uma irmã no Ministério do Planejamento, a ex-cunhada na Secretaria do Patrimônio da União, outro irmão no Ministério das Cidades, um amigo de seu filho na Casa Civil... ufa!

Além de tudo isso, lemos no jornal O Globo de 14.09.2010 que Erenice pressionou para que o comando dos Correios fosse trocado, e indicou presidente e o diretor de operações daquela estatal.

Daí então, ficamos sabendo das vantagens de se ter tanta gente conhecida, amiga, tomando decisões que envolvem contratos com órgãos públicos. O filho de Erenice foi acusado pela Revista Veja de ter conseguido um contrato para uma empresa de transportes com os Correios, mesmo não possuindo a tal empresa os requisitos para assumir o contrato. Um contrato de 84 milhões, e o filho de Erenice embolsaria 5 milhões, era sua “taxa de sucesso”. Que serviria também para o pagamento de “compromissos políticos”, conforme justificativa do filho de Erenice.

Mas não ficou por aí. Aparecem novas denúncias, de um empresário que afirma que intermediava com o mesmo filho de Erenice, Israel Guerra, um empréstimo de 9 bilhões no BNDES. De novo, haveria a tal “taxa de sucesso”, padronizada em 5% da grana, no caso, 450 milhões arredondados, que também serviria para pagar uma dívida de uma tal de “dama de ferro”. Oh, que mistério...

E claro que Erenice não cumpria seu dever de servidora pública, de prestar informações de sua renda, e de parentes que tivesse na Administração Pública. Deixou de apresentar os seus dados, embora a Comissão de Ética a cobrasse, reiteradas vezes, sem resposta. Ficou por isso mesmo, até que o caso viesse a público, quando então a Comissão de Ética se resolveu a tomar uma providência: Erenice foi punida com uma “censura ética”, seja lá o que for isso. E ficamos por isso mesmo.

Com tudo isso acontecendo, e só sabemos daquilo que vaza pra imprensa, a pontinha do iceberg, Erenice foi se reunir com outros altos figurões, para organizar sua linha de defesa. Erenice veio a público, para ler uma acusação contra a oposição. Erenice, tadinha, se diz a vítima de uma “sórdida campanha”, e acusou o adversário político de ser “aético e já derrotado”. Agora, o chefão de todos, o presidente Lula, segue a mesma linha: em comício com sua candidata, em Juiz de Fora, discursa:

" - Estou sabendo que tem gente nervosa, e não somos nós que estamos aqui. Levanta a mão para eu ver se tem alguém tremendo aqui. Não tem ninguém. Do lado de lá, se mandar levantar a mão, tem gente que vai perder os dedos de tanta tremedeira. Eles estão com raiva, não acreditaram que eu ia ganhar em 2002. depois, acreditavam que não ia dar certo, e deu tão certo que até eles colocam minha cara no programa da TV como se fossem meus amigos."

Que interessante, não? Tudo se resolve sempre, exclusivamente, na campanha... fazem acusações de corrupção pesada, roubo de milhões, desvio de finalidade do poder público, desequilíbrio da disputa eleitoral, ameaças à própria democracia. Mas a resposta que se dá é um ataque aos adversários políticos. É o clima de guerra, de vale tudo instaurado. É nós contra eles, até a morte. Temos de extirpar opositores, como declarou recentemente nosso presidente, secundado por sua candidata.

E depois Lula diz que “eles” estão com raiva. É sempre “eles”, não é, presidente, nunca somos “nós”. O inferno são os outros, não é, presidente? O problema nunca é com os parentes que nomeamos, com os nossos milhões que não se explicam, com o nosso descumprimento das leis...

O discurso de nosso presidente nos diz mais. Ele pensa que há uma conspiração contra ele. É o outro lado do delírio megalomaníaco. Por um lado, sente-se imbatível, 80% de popularidade! Eu cheguei lá! EU CHEGUEI LÁ! EU... CHEGUEI... LÁ... EU... EU... EU...

Por outro lado, aqueles 20% estão contra mim... Eles me odeiam... eles odeiam o meu sucesso... Eles querem me destruir... A MIM... A MIM... A MIM...

E então é o vale tudo. E então é a guerra. Você não está do meu lado? Então você é bom. Se rouba, é pra mim. Se nomeia parentes, eu vou me favorecer. Vale tudo, nós temos de EXTIRPAR, ESTÁ OUVINDO, EXTIRPAR, O ADVERSÁRIO! SÃO ELES, OU SOMOS NÓS!

Não, não é democrático. Não é sequer civilizado. Onde é o final da ditadura? Nas prisões, nas masmorras, nas torturas, nos desaparecimentos, nos assassinatos em série? Na censura da imprensa, na cassação de políticos? Na uniformização do pensamento, na proibição da liberdade de pensar, de criticar, de se manifestar?

Lá vai o Brasil / Descendo a ladeira... Para onde estamos indo? Aonde podemos chegar? É Cuba o modelo? É União Soviética? É Venezuela? É China? É o próprio Brasil, de 1964, de 1937?

Pode corrupção? Pode aparelhamento? Vale tudo, se for pelo Partido, tudo para se perpetuar no poder?

Não é democrático, não é republicano, mas quem sabe, na massa de analfabetos, o que significa republicano? Quem sabe o que significa democracia? Mesmo nossos universitários, nossa elite intelectual, pouco lê, contenta-se em repetir velhos chavões gastos de dois séculos, é cômodo, dispensa de pensar por conta própria...

Imagino as velhas “justificativas ideológicas”, para os mais letrados: “NÓS SOMOS O GOVERNO DO POVO”; “NÓS PRECISAMOS DEFENDER O POVO DA SANHA DO CAPITALISMO NEO-LIBERAL IMPERIALISTA IANQUE”; “NÓS FAREMOS RESSURGIR A CHAMA DO SOCIALISMO, ESSA IDÉIA TÃO ELEVADA, TÃO PURA”; “NÓS SOMOS AS PESSOAS LINDAS, OS ILUMINADOS DESTE MUNDO”; “NÓS MERECEMOS ESTE PODER, HOJE E PARA TODO O SEMPRE, NOSSOS INIMIGOS SÃO O MAL, QUEREM VENDER ESTE PAÍS, SÃO OS INIMIGOS DO POVO”; “ESSA PREOCUPAÇÃO COM MORALIDADE É PEQUENO-BURGUESA, É DEMODÉ, É NEURÓTICA”.

Para a distinta platéia, atiram-se alguns ossos: diz-se que vai haver investigação, “doa a quem doer”. “A fundo”. Mas isto já havia sido dito, quando estourou o caso dos “aloprados”, quatro anos atrás. 1,7 milhão em dinheiro vivo, em cima de uma mesa, para pagar dossiê contra adversário político, prisões em flagrante de membros da campanha eleitoral do petista Aloísio Mercadante para o Governo de São Paulo. E o que deu? Parentes dos aloprados continuam com bons empreguinhos na Administração; aloprados foram readmitidos no partido; foram readmitidos em cargos públicos, foram apanhados em outra fraude; e não se ouve falar de qualquer punição...

Ou então se repete que: “se errar, tem de pagar”. As acusações são de crimes envolvendo, literalmente, centenas de milhões. Bilhões, para ser mais exato. Crimes contra a democracia. Mas o máximo que se admite falar é em “erros”. Talvez porque “crime”, só quando a Justiça brasileira tiver dado uma decisão de que não caibam recursos. Uma decisão de última instância, ou com trânsito em julgado. Só que certos crimes no Brasil não transitam nunca em julgado. Um assassino de uma mulher, com três tiros de revólver, por motivo torpe, confesso, fica por dez anos em liberdade (e continua contando...), esperando a tal decisão transitada em julgado... e é tudo normal, é tudo assim mesmo, é meu Brasil, brasileiro, e não seja ingênuo...

Ou então o caso prescreve, e a Justiça manda arquivar, sem julgar o mérito. É o que diz a Revista Veja a respeito de Joaquim Roriz, Maluf, dentre outros políticos, numa reportagem sobre crimes prescritos, em 28.07.2010:

“O ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, hoje no PSC, foi denunciado à Justiça em 2003 sob a acusação de ter comprado remédios sem licitação, por preços altíssimos. O caso só foi analisado em primeira instância há duas semanas, mas já estava prescrito. Por isso, foi arquivado”

A reportagem completa, de Laura Diniz, pode ser lida neste link, STJ na mídia (sim, sim, a Justiça monitora sua imagem na mídia):

http://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&cd=4&ved=0CCAQFjAD&url=http%3A%2F%2Fwww.stj.myclipp.inf.br%2Fdefault.asp%3Fsmenu%3Dnoticias%26dtlh%3D146516%26iABA%3DNot%25EDcias%26exp%3D&ei=z2mVTJv7OMP-8AaIwJWNDA&usg=AFQjCNHdO3pwvJ5oIS-kwyoziFyp5BJW3Q

Vocês repararam bem? A acusação é de compra de remédios superfaturados. REMÉDIOS, ENTENDEU? ROUBO DE DINHEIRO PÚBLICO, PREJUÍZO DA SAÚDE PÚBLICA, PREJUÍZO DA VIDA DE BRASILEIROS.

Mas sinto muito, prescreveu, a Justiça se abstém de julgar. Não, não pode investigar, não se pode punir. Prescreveu, já era. É coisa técnica, não é para uns leigos opinarem, mesmo. Pode ter havido um crime contra a Saúde Pública, um agente público envolvido, mas já não interessa. Já tem o que, sete anos? Pois é, sinto muito, mas não deu tempo de analisar isso, não deu tempo de analisar outro desvio de alguns milhões, é isso. Segue a vida. Morreu. Não se fala mais nisso. É carnaval / é folia / neste dia / ninguém chora...

Um último aspecto que gostaria de destacar no pronunciamento do Lula: a parte em que ele debocha dos adversários colocarem a sua cara no programa eleitoral, como se eles fossem seus amigos. E neste ponto eu tenho de concordar com O Cara. Que papel ridículo desempenhava Serra, antes da disputa eleitoral começar, posando para fotos ao lado de Lula e de Dilma! Que espécie de oposição é essa? Consideravam O Cara tão imbatível, que não se atreviam a fazer-lhe críticas? Pois agora engulam mais essa!

Melhor seria se tivessem se atido a princípios. Que honestidade possui uma oposição a favor? Uma oposição que abdica do direito de se opor, do direito de criticar? Desempenhassem seu papel com honestidade, e ainda que perdessem, não pagariam esse mico... esse gorila, esse King Kong...

Do jeito que tá tá bom. Com esse Governo, com essa Oposição...

Mas o brasileiro é um forte, e não desiste nunca!

É isso, por hoje...

Bob Dylan - Things have changed



Não estranhem ao ver no clipe desta música algumas figurinhas conhecidas de atores. Tobey Maguire, Michael Douglas, e o pitéuzinho Katie Holmes. É que a música é da trilha sonora do filme Garotos Incríveis (Wonder Boys), de 2000.

Desde Pat Garrett e Billy The Kid (1973) Dylan não compunha música para um filme. Fez esta Things have changed atendendo um pedido do diretor Curtis Hanson, seu amigo. E acabou compondo mais um clássico para integrar suas coletâneas, e ganhando um Oscar por esta canção. Dylan agradeceu à Academia com típico orgulho, parabenizando-a "por ter tido a coragem homenagear uma música que não doura a pílula da natureza humana nem finge não enxergá-la".

O filme é uma comédia satírica sobre a crise de meia idade, e a música parece ter captado bem este espírito. Dylan, com 59 anos, de tantos engajamentos passados, parece se auto-ironizar: Eu costumava me importar /Mas as coisas mudaram".

Alguma crítica que li acusava Dylan de ter escrito uma letra em que os versos não formavam um todo coeso, algo assim. Mas pra mim é admirável justamente que estas imagens soltas da letra transmitam tão bem a idéia geral, a crise da meia idade, com um senso de humor amargo, nada complacente.

Bom, vejam a letra vocês mesmos. E não esqueçam de pegar na locadora o filme, é uma boa comédia, com bons atores. O clipe é que é um bocado tosco e incompreensível.

As coisas mudaram

Um homem preocupado
com uma mente ansiosa

Ninguém à minha frente
e nada por detrás

Tem uma mulher no meu colo e ela
está bebendo champanhe

tem pele branca
tem olhos assassinos

eu estou olhando pra cima
os céus pintados de safira

estou bem vestido
esperando pelo último trem

de pé sobre o patíbulo
com um laço em volta do pescoço

a qualquer instante agora
eu aguardo que todo o Inferno vá se libertar

Pessoas são loucas
e os tempos são estranhos

Eu estou trancado aqui dentro
estou fora de alcance

Eu costumava me importar mas
As coisas mudaram

Este lugar não está me ajudando em nada
estou na cidade errada, tinha de ser Hollywood

Só por um instante, agora,
Pensei ter visto algo se mexer...

Vou ter lições de dança
Fazer o passo do jitterbug

Não existem atalhos
Vou me vestir em trapos

Só um tolo por aqui pensaria
ter alguma coisa pra provar

Muita água passou por debaixo da ponte
muitas outras coisas também

Não se levantem, cavalheiros,
estou só de passagem

Pessoas são loucas
e os tempos são estranhos

Eu estou trancado aqui dentro
estou fora de alcance

Eu costumava me importar mas
As coisas mudaram

Estive caminhando 40 milhas
de estrada ruim

Se a bíblia está certa o mundo
vai explodir

Estive tentando ficar tão longe de mim
quanto pude

algumas coisas são quentes demais pra tocar
a mente humana tem um limite pra aguentar

Você não pode vencer
com uma mão de cartas ruim

Sinto como se caísse de amor
pela primeira mulher que encontro,

A pusesse num barril e
rolasse o barril rua abaixo

Pessoas são loucas
e os tempos são estranhos

Eu estou trancado aqui dentro
estou fora de alcance

Eu costumava me importar mas
As coisas mudaram

eu me machuco fácil
eu só não demonstro

você pode ferir alguém
e sequer perceber

os próximos sessenta segundos podem ser como
eternidade

Vou descer até a sarjeta
Vou voar até o céu

Toda a verdade do mundo se junta
e forma uma grande mentira

Estou apaixonado por uma mulher
que sequer me atrai

Pessoas são loucas
e os tempos são estranhos

Eu estou trancado aqui dentro
estou fora de alcance

Eu costumava me importar mas
As coisas mudaram






Things Have Changed
A worried man with a worried mind
No one in front of me and nothing behind
There's a woman on my left and she's drinking champagne
Got white skin, got assassin's eyes
I'm lookin' up into the sapphire-tinted skies
I'm well dressed, waitin' on the last train
Standin' on the gallows with my head in a noose
Any minute now I'm expectin' all hell to break loose
People are crazy and times are strange
I'm locked in tight, I'm out of range
I used to care but - things have changed.
This place ain't doin' me any good
I'm in the wrong town, I should've been in Hollywood
Just for a second there I thought I saw something move
Gonna take dancin' lessons, do the jitterbug rag
Ain't no shortcuts, gonna dress in drag
Only a fool in here would think he got anythin' to prove
Lotta water under the bridge, lotta other stuff too
Don't get up gentlemen, I'm only passing through
People are crazy and times are strange
I'm locked in tight, I'm out of range
I used to care but - things have changed.
I've been walkin' forty miles of bad road
If the Bible is right the world will explode
I'm tryin' to get as far away from myself as I can
Some things are too hot to touch
The human mind can only stand so much
You can't win with a losing hand
Feel like falling in love with the first woman I meet
Puttin' her in a wheelbarrow and wheelin' her down the street
People are crazy and times are strange
I'm locked in tight, I'm out of range
I used to care but - things have changed.
I hurt easy, I just don't show it
You can hurt someone and not even know it
The next sixty seconds could be like an eternity
Gonna get lowdown, gonna fly high
All the truth in the world adds up to one big lie
I'm in love with a woman that don't even appeal to me
Mr. Jinx and miss Lucy they jumped in a lake
I'm not that eager to make a mistake
People are crazy and times are strange
I'm locked in tight, I'm out of range
I used to care but - things have changed.

Nosso homem em Havana




"Vaidade das vaidades, tudo é vaidade, diz o pregador.

Mais vale um jovem pobre, porém sábio, do que um rei velho, mas insensato e que não aceita mais conselhos.

O jovem foi tirado da prisão e tornou-se rei, embora tivesse nascido pobre durante o reinado do outro.

Mas observei que todos os vivos, que caminham sob o sol, ficam do lado do jovem, que vem ocupar o lugar do outro.

Há sempre numerosa multidão de povo para quem se põe a liderá-la. Entretanto, a geração seguinte já não estará contente com ele.

Na verdade, também isso é vaidade e corrida atrás do vento.

Também vi esta sabedoria debaixo do sol, que para mim foi grande:

Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens, e veio contra ela um grande rei, e a cercou e levantou contra ela grandes baluartes;

E encontrou-se nela um sábio pobre, que livrou aquela cidade pela sua sabedoria, e ninguém se lembrava daquele pobre homem.

Então disse eu: Melhor é a sabedoria do que a força, ainda que a sabedoria do pobre foi desprezada, e as suas palavras não foram ouvidas.

As palavras dos sábios devem em silêncio ser ouvidas, mais do que o clamor do que domina entre os tolos.

Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, porém um só pecador destrói muitos bens.

De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem.

Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau."

- Excertos do Eclesiastes



Não percam o artigo de Merval Pereira no Globo de hoje, "O papel de Dirceu". Link: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/09/09/o-papel-de-dirceu-322857.asp

Simplesmente é dito que o camarada José Dirceu, nosso bolchevique, nosso espião cubano, nosso companheiro em armas, andou montando "um serviço secreto dentro do PT. Uma coisa que será sigilosa e que as pessoas sequer saberão que existe (sic). E esse serviço vai ficar subordinado diretamente a mim (Dirceu)."

Engraçado, ainda, no artigo, que a revelação de José Dirceu é atribuída à sua "descomunal vaidade".

Mas já não fica engraçado, quando lembramos que Stalin dominou o Partido que ocupava o poder, de modo totalitário, na pobre Rússia, e assim pôde exercer sua tirania pessoal depois da morte de Lenin.

Parabéns, Lulinha, por sua capacidade de estadista. Com você descobrimos que o Brasil dos desvalidos, como num quadro do Silvio Santos, "Topa tudo por dinheiro"!

Nada de novo sob o sol; nunca faltaram os exploradores da miséria, prontos a usar como massa de manobra, para servir à própria vaidade, as multidões dos humilhados e ofendidos.

Como é a sensação de enfraquecer as instituições, fortalecer os que se servem do crime para atingir os seus fins, jogar o jogo do vale tudo, topa tudo por poder?

Como é a sensação de abrir a porta pro ladrão e assassino? De colocar sonífero na bebida do dono da casa?

Será que Lulinha vai repetir, com Luís XV, que "depois de mim, o dilúvio"?

Não vale dizer depois, empanturrado de luxo e de vinho, arrotando grandeza, que "eu não sabia de nada...; coitadinho de mim..."

A Roda continua girando... façam suas apostas!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Lula sobre:




O escândalo do mensalão:

"Eu tenho certeza que não teve mensalão. Isso me cheira a folclore no Congresso."

"O que o PT fez, do ponto de vista eleitoral, é o que é feito no Brasil sistematicamente.”

O escândalo da nomeação de parentes e aliados para cargos públicos por meio de atos secretos, que envolveu o senador José Sarney:

“O Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum.”

Os escândalos envolvendo o senador Renan Calheiros, que teve despesas com a amante pagas por um lobista, e foi acusado de usar “laranjas” na compra de duas rádios e um jornal:

“Não posso permitir que pessoas que não têm moral critiquem um amigo que me apoiou tanto como o senador Renan Calheiros”

O escândalo do uso de passagens aéreas por parlamentares, para fins particulares:

“Isso é coisa mais velha que a descoberta do Brasil”

“Acho que esse não é o problema do Brasil, temos outras coisas sérias pra descobrir”

“Eu não vejo onde está o tamanho do crime que as pessoas estão vendendo.”

“Existe uma hipocrisia muito grande nessa história da Câmara. Sempre foi assim.”

As repetidas multas que levou do Tribunal Superior Eleitoral por fazer campanha antecipada para sua candidata, Dilma Rousseff:

“Hoje eu vou ler o meu discurso. Hoje eu vou ler, porque eu estou sendo multado todo dia e, daqui a pouco, eu vou ter que trabalhar o resto da vida pra pagar multa”

O escândalo da quebra de sigilo fiscal e bancário de adversários políticos:

“Cadê esse tal de sigilo que não apareceu até agora? Cadê o vazamento das informações?”

Uma pequena amostra, recolhida em meia hora de pesquisa na internet.

E QUE SE LIXE A OPINIÃO PÚBLICA!!!!!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Silvio - Bob Dylan


rock it!


http://listen.grooveshark.com/#/s/Silvio/2VeHrC


SILVIO

Finque meu futuro
em um passado infernal

Parece que o amanhã

Vai se aproximando bem rápido

Eu não estou reclamando
com relação ao que eu tenho,

Já tive dias melhores,
mas quem é que não teve?

Silvio,
Prata e ouro

não vão comprar de volta a batida
de um coração que envelheceu

Silvio,
eu tenho de ir

Descobri uma coisa
que só homens mortos conhecem

Honesto como um cavalo
arrastando aquela pedra

Quando eu vier batendo na porta
não me venha jogar um osso

Eu sou um velho cachorro malvado
procurando por um lar

Se você não gosta de mim
você pode me deixar em paz

Eu posso estalar os dedos
e exigir a chuva

Em um dia claro de sol
e fazer parar de novo

Eu posso bater no seu corpo
e aliviar sua dor

Soar com o encanto
De um trem noturno

Silvio,
Prata e ouro

não vão comprar de volta a batida
de um coração que envelheceu

Silvio,
eu tenho de ir

Descobri uma coisa
que só homens mortos conhecem

Eu dou o que tenho, até que não tenho mais,
Eu pego o que consigo, até igualar o placar,

Você sabe que eu te amo e mais ainda
Quando for a hora de ir você tem a porta aberta

Eu posso te contar, doçura,
eu posso te contar francamente

Você desiste de algo pra cada coisa que ganha
Visto que cada prazer tem seu gume de dor

PAGUE POR SEU BILHETE E NÃO RECLAME!

Silvio,
Prata e ouro

não vão comprar de volta a batida
de um coração que envelheceu

Silvio,
eu tenho de ir

Descobri uma coisa
que só homens mortos conhecem

Um dia desses,
e não vai demorar,

vou descer até o vale
e cantar minha canção...

Vou cantá-la alto
Cantá-la forte

Deixar o eco decidir
se estive certo ou errado

Silvio,
Prata e ouro

não vão comprar de volta a batida
de um coração que envelheceu

Silvio,
eu tenho de ir

Descobri uma coisa
que só homens mortos conhecem





Silvio
Bob Dylan

Stake my future on a hell of a past
Looks like tomorrow is coming on fast
Ain't complaining 'bout what I got
Seen better times, but who has not?
Silvio
Silver and gold
Won't buy back the beat of a heart grown cold
Silvio
I gotta go
Find out something only dead men know
Honest as the next jade rolling that stone
When I come knocking don't throw me no bone
I'm an old boll weevil looking for a home
If you don't like it you can leave me alone
I can snap my fingers and require the rain
From a clear blue sky and turn it off again
I can stroke your body and relieve your pain
And charm the whistle off an evening train
I give what I got until I got no more
I take what I get until I even the score
You know I love you and furthermore
When it's time to go you got an open door
I can tell you fancy, I can tell you plain
You give something up for everything you gain
Since every pleasure's got an edge of pain
Pay for your ticket and don't complain
One of these days and it won't be long
Going down in the valley and sing my song
I will sing it loud and sing it strong
Let the echo decide if I was right or wrong
Silvio
Silver and gold
Won't buy back the beat of a heart grown cold
Silvio
I gotta go
Find out something only dead men know

O legado de Lula

O adulador é um ser que não tem estima nem pelos outros, nem por si mesmo. Aspira apenas a cegar a inteligência do homem, para depois fazer dele o que quiser. É um ladrão noturno que primeiro apaga a luz e em seguida começa a roubar. - D. I. Fonvizin, comediógrafo russo, 1745-1792, O Menor de Idade

Melhores são as feridas feitas por quem te ama do que os beijos falsos de quem te quer mal – Pr 27, 6

Os dois primeiros parágrafos do artigo “Contas Opacas”, de Regina Alvarez, no jornal O Globo de hoje:

“Na contramão do que determina a Lei de Responsabilidade Fis­­cal, o governo tem diminuído a quantidade e a qualidade das informações sobre a execução orçamentária incluídas nos relatórios bimestrais que a equipe econômica elabora e encaminha ao Congresso. A falta de transparência dificulta a análise e acompanhamento das contas públicas, aumentando as interrogações sobre os rumos da política fiscal.

O alerta vem do próprio Congresso. “Não se consegue saber o comportamento previsto pelo governo para a receita e para as despesas, ou o rumo para a política fiscal, dadas as lacunas de informação, a incerteza quanto à meta primária a ser atingida e os artifícios usados para produzir os relatórios oficiais”, diz análise do Núcleo de Assuntos Econômico-Fiscais da Consultoria de Orçamento da Câmara.”

Então é isto, senhor Lula? É isto que está sendo o seu governo, é este que será o seu legado? Um Estado que vai aos poucos deixando de lado sua obrigação de prestar contas à população?

Quer dizer que vamos sendo alijados do nosso direito de saber o que é feito da coisa pública? O dinheiro para fazermos hospitais e escolas pros nossos filhos, cinco meses, em média, do trabalho de cada brasileiro por ano, e que deveria servir para comprar remédio, comprar livro, pagar professor, enfermeiro, arquiteto, pedreiro, policial, bombeiro... o dinheiro que deveria servir para organizar melhor nossa sociedade, melhorar a vida, para nós mesmos...

Quer dizer que ficamos um pouco menos donos do nosso dinheiro, um pouco menos donos dos nossos destinos, dos nossos direitos? Ficamos um pouco menos donos de nossa dignidade?

O Estado se agiganta, Leviatã ensoberbece. Ele tira o dinheiro, ele não vai prestar contas. Vai desviar para a corrupção, o nosso dinheiro? Vai pagar mais um luxo, uma viagem, um jatinho, um castelo, vai encher o cu de alguém de dinheiro? O dinheiro que devia pagar remédio, o dinheiro que devia pagar escola?

Mas o poder não devia ser do povo? Não está na nossa lei maior, não está na nossa consciência?

Pois se o Estado vai deixando de prestar contas, ele vai sufocando a democracia. Sucuri ou jibóia. Leviatã, puxando pro abismo dos mares.

Se o Estado vai se agigantando, pobre do indivíduo! Já viu ditadura tratar bem o homem? Democracia é que tem por fim assegurar os direitos fundamentais de todo cidadão. Ditadura eles te roubam a liberdade de expressão, a liberdade de trabalho, a liberdade de confisco, a liberdade de ir e vir, a liberdade.

Ditadura é que tem polícia secreta, tem tortura, tem prisão e expropriação sem processo.

Este é o legado de um homem? Contribuir para que percamos um pouco mais da nossa liberdade? Desrespeitar as leis, proteger e favorecer culpados, vale tudo pra “chegar lá”? E onde é que se chega?

Porque é pelos frutos que os conhecereis. É pela herança, pelo legado.

Não é por 80% de aprovação, ou por toda lábia açucarada que o rodeia. Já ouviu falar que as sereias devoram carne humana? Já ouviu falar que o orgulho perde o homem?

Talvez por isso 80% de aprovação não baste, e o autoritarismo ainda se desestabilize com a crítica, e queira calar a imprensa, e odeie o pensamento livre.

Talvez por isso se sinta sempre perseguido, e se compare a Cristo, e se veja golpes e inimigos por todo lado.

A raiva que nada cura, a voz que nada cála, bem no fundo da mente. Aquela que vai morar nos pesadelos, e sussurra no travesseiro, quando se acorda.

BOB DYLAN - Desolation Row (1994)



Uma grande apresentação de Desolation Row, no show Unplugged da MTV, em 1994. Um bando de músicos porretas, e Dylan numa interpretação segura e tranquila.

Tem vários outras grandes músicas nesse show, pode-se ir seguindo as sugestões do You Tube. Não encontrei, infelizmente, a versão vibrante de Like a rolling stone, também desse show.

Se alguém vir, favor mandar o link.

Forever young - Bob Dylan - parte III

Tem andado um bocado difícil ouvir Bob Dylan tocando Bob Dylan no You Tube. Toda hora cancelam um link, aparece uma mensagem tipo: "Este vídeo não está mais disponível devido à reivindicação de direitos autorais pela Sony Music Entertainment".

Apenas lamento que a Sony Music imponha restrições de acesso à obra de artistas com os quais tem contrato. No You Tube dá pra encontrar muita coisa, de muitos artistas, sem restrições de gravadoras. Também considero que a circulação de bens culturais deve ser incentivada. Mas isto é uma discussão extensa, envolve direitos autorais, custos, contratos, e fica pra outra ocasião.

Agora quero só partilhar a descoberta de uma página na internet onde se pode escutar diversas músicas de graça. Encontrei vários Bob Dylan sumidos do You Tube. O site é http://listen.grooveshark.com/

Aproveito então pra fazer a indicação desta música, Forever young, de Bob Dylan, na versão que mais gosto, do disco Planet Waves (1974), há tempos desaparecida do You Tube.

Eu já tinha publicado um post com a tradução dessa música, em homenagem à minha filha Joana, neste link http://sinatti.blogspot.com/2010/04/nota-pessoal.html

Agora, posso mandar o link com a música: http://listen.grooveshark.com/#/s/Forever+Young/2OGorb

Pronto. Missão cumprida.

Beijinho do papai, Juju...

domingo, 5 de setembro de 2010

dilma lula e marina Aovivo no Panico na tv 05/09/10




Nada como humor bem escrachado pra dar a dimensão da realidade grotesca...

Será que o presidente Molusco quebrando a perna da Dilma Duchefe é presságio?

Botando os pingos nos "is"




Hoje nosso presidente, o “cara” de 80% de popularidade, deu mais uma mostra de sua sabedoria, de sua sagacidade política, fazendo ironia do escândalo da quebra de sigilo dos adversários políticos. Lula expeliu: “Ninguém precisa baixar o nível da campanha. Ninguém precisa tentar transformar a família em vítima. Ninguém precisa ficar dizendo que estão descobrindo o sigilo não sei de quem. Cadê este tal de sigilo que não apareceu até agora? (sic) Cadê o vazamento das informações? (sic sic).

Parabéns, iluminado, parabéns, estadista... que grande homem, conduzindo uma nação às profundezas da ditadura... tudo bem que o faz inconscientemente, do alto de sua ignorância arrogante. É o próprio cego conduzindo outros cegos na direção do abismo, como na imagem de Jesus (Mt, 15, 14). Nada muito distante de nossas tradições, tampouco. Já vivemos Estado Novo de Getúlio, golpe militar de 1964, e para ser franco, mesmo quando tivemos eleições não fomos exatamente aquela democracia... sempre convivemos com as restrições ao voto, as fraudes eleitorais, os “currais” eleitorais, pra não falar da polícia que tortura, do patrimonialismo dos governantes, da escravidão, meu Deus, legalizada até cento e poucos anos atrás...

Então, se não vamos participar do delírio lulista de proclamar que tudo de bom neshte paísh começou com o governo do “Filho do Brasil”, o operário iluminado, tampouco vamos participar do delírio oposto: atribuir todas as mazelas do país ao sapo barbudo...

Não. Lulinha apenas refletiu e aprofundou nossas tendências mais crônicas. Lulinha apenas foi mais explícito, mais despudorado, ao se valer de cada expediente que sempre deu tão certo nesse país.

Isso aqui sempre foi um balcão de negócios? Pois vamos fazer negócios à grande, distribuir bilhões de reais, via BNDES, via isenções fiscais, pras empresas selecionadas... isso aqui sempre teve seus caciques regionais mandando? Pois vamos fazer alianças incondicionais com eles, vamos jogar todo o nosso peso político para defendê-los, vamos beijar a mão, trocar abraços e sorrisos.




Isso aqui sempre foi um paraíso pro capital financeiro? Pois vamos presentear nossos amigos banqueiros com lucros jamais vistos. Isso aqui sempre garantiu uns empreguinhos pros amigos dos donos do poder? Pois vamos multiplicar os cargos em comissão, num ritmo jamais visto, vamos promover o loteamento pros “cumpanhêro”, do modo mais desavergonhado.

Isso aqui é a terra onde tanta gente quer dar o seu “jeitinho”, quer “levar vantagem em tudo”, quer ser mais “esperto”, quer “se dar bem”, quer o “seu” no bolso? Isso aqui não é o lugar onde nos currais se troca voto por dentadura, por camiseta, por transporte e lanche no dia da votação? Pois vamos distribuir bolsa família, que dá muito certo. Rende muito voto, e voto é que dá poder.

Poder comprado barato, no país dos miseráveis. Uma dentadura, ou R$ 22, ou R$ 200, por uma família. O programa todo custa 0,5% do PIB. Sobram uns 37,5% do PIB pra farra, só de impostos! Dá pra dar uma idéia da farra...

Não é à toa que Dilma Rousseff, escolhida por Lula pra dar continuidade aos trabalhos, disse que Lula era “o grande mestre, ele nos ensinou o caminho”. O caminho, sim, para se exercer e usufruir de um poder incontrastável. O caminho, enfim, da ditadura, do totalitarismo, e da servidão, no nosso país de miseráveis.


Grande legado, não importa que tenha sido deixado inconscientemente, estupidamente, cegamente.

Já o caminho para livrar a população da falta de esgoto, da falta de médico, da falta de educação, da falta de segurança... o caminho para aprofundar a democracia, para tornar o povo mais consciente, mais digno, mais capaz de tomar as rédeas de seu destino, viver do seu trabalho, livrar-se da corrupção... ah, este caminho está bem longe de ser trilhado...


Nota: o quadro no início do artigo é A Queda dos Cegos, de Pieter Bruegel, o velho. No livro da editora Taschen sobre Bruegel e sua obra, lemos que o pintor representava os cegos de forma tão precisa “que os médicos de hoje podem diagnosticar as suas doenças de olhos ou determinar as causas da sua cegueira”. Um dos cegos retratados sofreria de glaucoma, outro, de amaurose. O cego sorridente, que puxa a fila pro buraco, teve os olhos vazados, talvez como alguma forma de castigo.

sábado, 4 de setembro de 2010

O bem amado


Não sei porque fui lembrar desse personagem secundário da antiga e excelente série de TV O Bem Amado. Um sujeito bebum, que tinha um jegue que adorava. Se estava sóbrio, gritava: "Viva Odorico! Mãe dos pobre, pai dos rico!". Se de pileque, era: "Morra Odorico! Pai dos pobre, mãe dos rico!" In vino veritas...

Deve ter alguma relação com a reportagem que li no jornal O Globo de 21.08.2010. A manchete era:

"Lucros dos 3 maiores bancos do país somam R$ 167 bi na era Lula, alta de 420% sobre gestão FH"

O link da reportagem é este: http://oglobo.globo.com/economia/mat/2010/08/21/lucros-dos-3-maiores-bancos-do-pais-somam-167-bi-na-era-lula-alta-de-420-sobre-gestao-fh-917450734.asp

Parece que o nosso bem amado descobriu a fórmula do poder incontrastável, no país dos miseráveis: agrada-se aos mais ricos, e agrada-se aos mais pobres! Pros banqueiros, só os três maiores, R$ 167 bilhõezinhos... eles já são ricos, não é qualquer merrequinha que vai agradar.

Pros mais pobres, um bolsa família. De R$ 22 a R$ 200, por família. http://www.mds.gov.br/bolsafamilia

Pode parecer pouco, comparado com os R$ 167 bilhões. E é pouco mesmo. R$ 200 reais pode não pagar um jantar de bacana. Mas pra quem conta dinheiro no fim do mês, pra quem passa o dia capinando pra ganhar quinze reais, já não é pouca coisa. Já pode valer um voto. Ou dois votos, ou três votos, ou quatro votos, dependendo do tamanho da família. Isso no país dos miseráveis pode render uns 80% de aprovação.

E com 80% de aprovação, nosso Reizinho está contente! Tudo está cor de rosa, e sobre o lucro dos bancos nosso Mestre, nosso Guia, pode nos iluminar com estas sábias palavras:
“É uma alegria imensa ver que está todo mundo se acertando, todo mundo ganhando um pouco. Graças a Deus os bancos estão ganhando dinheiro, porque quando eles não ganham dinheiro, eles dão mais prejuízo”

Se pegássemos esses R$ 167 bilhões de lucro dos bancos (só dos 3 maiores), e distribuíssemos na forma de Bolsa Família, no valor máximo, de R$ 200, quantas famílias receberiam sua cota? Resposta: 835 MILHÕES de famílias. Parece que ia faltar família pra receber o benefício...

Mas quem é que vai parar pra fazer conta? Quem é que vai pensar em hospital, escola, segurança, ou um país minimamente decente? O negócio é enfiar no bolso, R$ 22, ou R$ 200, ou R$ 167 bilhões... E viva Odorico!

Democracia? Aonde?



Acima, Francenildo Santos Costa

Abaixo, Antonio Palocci



Alguém precisa explicar pro Reizinho Iluminado que um Estado que pratica e acoberta crimes é uma ditadura.

Uma ditadura, sim, senhores. Uma ditadura.

Democracia é poder para o povo. E que poder tem um povo que sofre crimes, nas mãos dos poderosos, e vê a impunidade lhe esbofetear a cara. Ele, que sofre o crime, ele, que é prejudicado.

O caso do caseiro Francenildo Costa é um exemplo gritante desta realidade. Um exemplo que pudemos ver, acompanhar nos jornais. Um ministro, o presidente de um grande banco público do país, todos mancomunados pra prejudicar um homem simples do povo. Um homem simples do povo que ousou usar sua voz para denunciar os crimes que presenciava, os escândalos que via.

Usou sua voz, viu dar em nada. Viu que ele próprio, e mais ninguém, era achincalhado. Mentiram, contra ele. Disseram que ele tinha recebido dinheiro para fazer suas denúncias.

O Ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o grande denunciado daquele escândalo, arrumou com o presidente da Caixa Econômica Federal, para violar dados da movimentação bancária do caseiro. Eles não pediram um processo, uma ordem judicial para que as contas do caseiro fossem investigadas. Não. Acessaram por conta própria, um flagrante delito contra um direito individual.

Num povo que se respeita, num povo que tem um governo democrático, num povo que tenha o poder para impedir o abuso, entende-se que um agente do poder, um funcionário público, um Governo NÃO PODE VIOLAR OS DIREITOS DO CIDADÃO!!!!

Entende-se que um policial não pode vir arrombando a porta da sua casa. Entende que existe uma coisa chamada PROCESSO, existe uma coisa chamada LEI. E que esta LEI vai tratar como criminoso, como violador das normas, o policial que venha arrombar a porta, que venha a vasculhar as gavetas, sem uma ordem legal, sem um mandado.

Isto, é claro, num povo civilizado. Outros povos, outras tribos, sofrem cotidianamente o abuso de agentes da lei. Policiais torturam, matam, à vontade. O que dizer de invadir uma casa, de extorquir uma grana?

E uma tão grande parcela da sociedade está pronta a aplaudir qualquer violência contra esta parte de seu povo. Somos a sociedade dividida, que diz: “podem bater nesses favelados! Eles não são nós, são os outros. Não me diz respeito.”

É nesta sociedade que também um escândalo como o de Francenildo dá em nada. Gente tão graúda, ocupando altos cargos do Governo, pra praticar um crime contra um cidadão... Depois de violado o sigilo bancário, viram que o caseiro tinha recebido um dinheiro extra. Na euforia de pensarem que a revelação daquele dinheiro na conta do caseiro tiraria o crédito das denúncias que fazia, jogaram a descoberta na imprensa... Eles estavam anunciando que tinham cometido um crime! Mas achavam que todos teriam olhos apenas para a suposta “compra” do caseiro.

Acontece que o caseiro explicou a origem daquele dinheiro. Devia-se ao ganho de uma ação judicial de paternidade, em que seu pai o reconhecia como filho. E então lembraram de perguntar: “mas olha só; como foi que vocês conseguiram acesso à conta do Francenildo?”

Novo escândalo, pra se somar ao anterior, das denúncias das festinhas pra celebrar grandes contratos com o Governo na mansão de Pallocci. E, surpresa geral, o todo poderoso Ministro da Fazenda caiu! Foi afastado do cargo, devido ao escândalo!

Alguns afoitos chegaram a celebrar o evento: o caseiro que derruba o Ministro, Davi contra Golias, vitória da cidadania! Agora vai, esse país vai virar republicano, o povo vai ter o poder, vai se livrar dos sanguessugas!

Mas qual o quê! Palocci voltou às luzes; já anda na campanha da candidata da continuidade, com ótimas chances pra suceder o Governo Lula. Com certeza reserva-se-lhe um importante cargo no futuro governo.

Contra Pallocci os Ministros do Supremo Tribunal Federal não admitiram sequer a denúncia do Ministério Público para instaurar processo criminal no caso da quebra de sigilo do caseiro. Em um outro artigo pretendo discutir este julgamento.

Francenildo? Me lembro de uma declaração sua, após o episódio, naquelas frases da semana da revista Veja, dizendo que depois do caso, estava desempregado, sem dinheiro, e ninguém queria lhe dar trabalho. Além disso, passou pela humilhação, acompanhando no Plenário o julgamento em que os ministros do Supremo Tribunal Federal livraram a cara do ex-ministro, de ouvir o advogado de Palocci, José Roberto Batochio, qualificar o caseiro de “singelo, quase indigente”.

Faz lembrar uns versos de Bertold Brecht:

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
Bertold Brecht (1898-1956)




Primeiro, os favelados; depois, o caseiro; agora, o vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, a filha do candidato à presidência, José Serra... Opa! Perai! Filha do político, outro político? Agora não é mais com a gentinha, é com gente grande! Agora não é mais com “eles”, é com todos “nós”? Agora sou eu, não é o outro?...

Pois é. O Estado ditatorial tem esse inconveniente pendor de prejudicar os cidadãos de múltiplas maneiras. Podem te infernizar com um processo, com um guarda te arrombando a porta, com uma quebra de sigilo fiscal, com uma expropriação, com uma dificuldade de arranjar emprego, com um confisco de bens, com uma tortura no porão, com um desaparecimento...

Que o digam tantos e tantos mortos nas ditaduras pelo mundo afora... leiam os livros, assistam aos filmes... o que cada desses ditadorezinhos e ditadorezões provocaram a seus povos, a outros povos... quantas pessoas perseguidas, separadas, mortas...

Aqui no Brasil, recém saímos da ditadura militar. De 1964 a 1985 convivemos com os torturados, os mortos, a censura, a falta de eleições diretas, a perseguição, a violência, o medo... provocados pelo Estado, acobertados pelo Estado!

E agora, tantos dos que lutaram contra aquela ditadura, e que até sofreram com aquela ditadura, agora aboletados no poder, não têm vergonha de contribuir para que se instaure uma nova ditadura!

Porque uma ditadura é o que se consegue, sempre que se tem o Poder do Estado violando direitos individuais, e acobertando estas violações!

Mas é uma gente, também, que sempre separou ditadoras “boazinhas”, de ditaduras “más”. Gente que não enxerga incoerência em repudiar Pinochet, Franco, Medici, Hitler, e idolatrar Fidel, Stalin, Mao, Chávez...

Olhar a cara de secretários, olhar a cara de ministros, olhar a cara de presidente, arrumando desculpa, minimizando, desviando a atenção, mentindo descaradamente... vez após vez, e tudo cair no esquecimento... é preciso ser despudorado ou idiota pra se viver nesse país mesmo.