terça-feira, 7 de setembro de 2010

O legado de Lula

O adulador é um ser que não tem estima nem pelos outros, nem por si mesmo. Aspira apenas a cegar a inteligência do homem, para depois fazer dele o que quiser. É um ladrão noturno que primeiro apaga a luz e em seguida começa a roubar. - D. I. Fonvizin, comediógrafo russo, 1745-1792, O Menor de Idade

Melhores são as feridas feitas por quem te ama do que os beijos falsos de quem te quer mal – Pr 27, 6

Os dois primeiros parágrafos do artigo “Contas Opacas”, de Regina Alvarez, no jornal O Globo de hoje:

“Na contramão do que determina a Lei de Responsabilidade Fis­­cal, o governo tem diminuído a quantidade e a qualidade das informações sobre a execução orçamentária incluídas nos relatórios bimestrais que a equipe econômica elabora e encaminha ao Congresso. A falta de transparência dificulta a análise e acompanhamento das contas públicas, aumentando as interrogações sobre os rumos da política fiscal.

O alerta vem do próprio Congresso. “Não se consegue saber o comportamento previsto pelo governo para a receita e para as despesas, ou o rumo para a política fiscal, dadas as lacunas de informação, a incerteza quanto à meta primária a ser atingida e os artifícios usados para produzir os relatórios oficiais”, diz análise do Núcleo de Assuntos Econômico-Fiscais da Consultoria de Orçamento da Câmara.”

Então é isto, senhor Lula? É isto que está sendo o seu governo, é este que será o seu legado? Um Estado que vai aos poucos deixando de lado sua obrigação de prestar contas à população?

Quer dizer que vamos sendo alijados do nosso direito de saber o que é feito da coisa pública? O dinheiro para fazermos hospitais e escolas pros nossos filhos, cinco meses, em média, do trabalho de cada brasileiro por ano, e que deveria servir para comprar remédio, comprar livro, pagar professor, enfermeiro, arquiteto, pedreiro, policial, bombeiro... o dinheiro que deveria servir para organizar melhor nossa sociedade, melhorar a vida, para nós mesmos...

Quer dizer que ficamos um pouco menos donos do nosso dinheiro, um pouco menos donos dos nossos destinos, dos nossos direitos? Ficamos um pouco menos donos de nossa dignidade?

O Estado se agiganta, Leviatã ensoberbece. Ele tira o dinheiro, ele não vai prestar contas. Vai desviar para a corrupção, o nosso dinheiro? Vai pagar mais um luxo, uma viagem, um jatinho, um castelo, vai encher o cu de alguém de dinheiro? O dinheiro que devia pagar remédio, o dinheiro que devia pagar escola?

Mas o poder não devia ser do povo? Não está na nossa lei maior, não está na nossa consciência?

Pois se o Estado vai deixando de prestar contas, ele vai sufocando a democracia. Sucuri ou jibóia. Leviatã, puxando pro abismo dos mares.

Se o Estado vai se agigantando, pobre do indivíduo! Já viu ditadura tratar bem o homem? Democracia é que tem por fim assegurar os direitos fundamentais de todo cidadão. Ditadura eles te roubam a liberdade de expressão, a liberdade de trabalho, a liberdade de confisco, a liberdade de ir e vir, a liberdade.

Ditadura é que tem polícia secreta, tem tortura, tem prisão e expropriação sem processo.

Este é o legado de um homem? Contribuir para que percamos um pouco mais da nossa liberdade? Desrespeitar as leis, proteger e favorecer culpados, vale tudo pra “chegar lá”? E onde é que se chega?

Porque é pelos frutos que os conhecereis. É pela herança, pelo legado.

Não é por 80% de aprovação, ou por toda lábia açucarada que o rodeia. Já ouviu falar que as sereias devoram carne humana? Já ouviu falar que o orgulho perde o homem?

Talvez por isso 80% de aprovação não baste, e o autoritarismo ainda se desestabilize com a crítica, e queira calar a imprensa, e odeie o pensamento livre.

Talvez por isso se sinta sempre perseguido, e se compare a Cristo, e se veja golpes e inimigos por todo lado.

A raiva que nada cura, a voz que nada cála, bem no fundo da mente. Aquela que vai morar nos pesadelos, e sussurra no travesseiro, quando se acorda.

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