A notícia de hoje é
que o folclórico Doutor (?) Juquinha, aquele cujo patrimônio
familiar passou, nos poucos anos em que foi presidente a estatal
responsável por obras ferroviárias cortando o país, de 1 milhão e
pouco para mais de 60 milhões, o folclórico Dr. Juquinha, dizia,
teve um recurso de seu advogado julgado merecedor, por unanimidade,
vejam bem, numa Turma Recursal do Tribunal Regional Federal da 1a
Região, de fazer com que todas as provas colhidas contra o Dr.
Juquinha e seus familiares, através de interceptação telefônica,
autorizada pela Justiça, no curso das investigações levadas a
cabo.
O relator desta
decisão, juiz Tourinho Neto, descendente de ilustríssimo
processualista brasileiro, é conhecido por outras decisões
invalidando escutas telefônicas feitas pela Polícia, autorizadas
pela Justiça.
Segundo declara o
referido juiz, “a interceptação telefônica só pode ser
utilizada de modo excepcionalíssimo.”
Grandes palavras, mas
ainda assim dá vontade de perguntar: será que um patrimônio
crescer, milhares de vezes por cento, num curto espaço de tempo, sem
que se dê qualquer explicação razoável, não é motivo relevante
para uma investigação? E será que está certo desconsiderar os
elementos de prova que esta investigação produz, por qualquer
argumentação?
O que significa dizer
que alguém recebeu milhões e milhões, sem ter sido por salário,
por trabalho, por herança, por jogo de azar.
Significa que esse
alguém recebeu o dinheiro sem poder prestar contas. Significa que
recebeu dinheiro sujo. Significa que a origem deste dinheiro é o
roubo, puro e simples, como no Mandamento, seja este roubo
classificado como corrupção, furto, assalto a mão armada, ou o que
quiserem.
Tolerar uma situação
desta significa que a sociedade tolera o roubo.
Não querer investigar,
não querer condenar, significa que compactuamos com o roubo.
Se a sociedade não
consegue reagir a isto, das duas uma: ou ela é hipócrita, ao
proclamar que preza os valores corretos, e praticar o contrário
destes valores.
Ou é impotente para
mudar, e então a prática que ocorre é uma imposição dos que têm
o poder real. E isto conduz à conclusão de que a sociedade não é
livre para seguir sob seus verdadeiros valores.
Nenhuma alternativa
agradável, mas eu prefiro a segunda, porque a imposição externa
sempre pode ser vencida pela resistência humana.
Mas se existe a
aceitação interna de que os princípios e valores não valem nada,
no máximo bom disfarce para um desenfreado desejo de poder e cobiça,
então a condenação é final.
Para alguns destes, que
ativamente contribuem para o roubo de um povo cujas crianças morrem,
pelas causas mais miseráveis, a condenação já é final.
Irrecorrível.
Se este sentimento se
espraia pela sociedade, nos carguinhos e empreguinhos, nos luxões e
luxinhos, nos privilegiozões e privilegiozinhos, então a sociedade
é condenada.
Força de resistência,
aos que querem mudar.
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