sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Homem primata, patrimonialismo selvagem – uma fábula do país dos Bruzundangas

http://www.patriciojr.com.br/wp-content/uploads/2009/07/diogo_sirney.jpg?9d7bd4

Patrimonialismo: Substantivo masculino. Tratar a coisa pública como propriedade particular; Fazer na vida pública o que se faz na privada; Espécie de socialismo arcaico, e com pouco glamour, mas tão eficaz quanto.


Recente notícia:

Nossos Senadores, recebedores de 14os e 15os salários...

Espere aí, já começou muito mal. Se a lei, para os trabalhadores formais, é claro, dá direito a um 13o salário, como é que uma categoria pode se arrogar 14 ou 15? (é apenas para ressaltar o absurdo em que estamos imersos).

Pois bem, nossos Senadores, recebedores de 14os e 15os salários, ainda recebiam estas verbas sem recolher imposto de renda.

Era crescimento de renda. O imposto é sobre o crescimento de renda.

Mas os Senadores entenderam que não precisavam recolher o imposto de renda.

Daí, veio o Fisco, e cobrou: “vocês têm de recolher o imposto sobre estas verbas também”.

Oh, que impasse! Será que os Senadores ficariam mais pobrinhos? Eles já ganham tão pouco, todo mundo sabe disso... ou até ganham direitinho, mas, vocês sabem, é uma vida de tantos sacrifícios... viajar de iate ou viajar de jatinho? Não vá querer meter a mão no nosso bolso, Fisco malvado!...

E eis que surge o Presidente dos nossos Senadores, o grande herói desta História. El grán Sir Ney! (Millôr?)

Empunhando a caneta como se fosse uma espada, ele grita aos nossos Senadores aflitos: “Não temam! Eis que o Senado anda com as burras cheias, das sobras do nosso Orçamento bilionário! Restaure-se a Paz! O Orçamento paga pelas nossas dívidas! Avante, Incomuns da República!”

(Gritos de júbilo. Ovação)

E assim termina nossa fábula feliz.

( I )Moral da História: “Tendo trouxa pra depenar, não tem porque brigar”.



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