terça-feira, 16 de outubro de 2012

Sócrates e a Filosofia

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9 porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos;
10 mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.
11 Quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
12 Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido.
13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.

I Coríntios 13


O filósofo assumirá o hábito de questionar. Enxergará a realidade com um viés crítico, inconformista, por não aceitar respostas prontas, definitivas. Mesmo que vindas de autoridades últimas entre os homens, os poderosos de plantão, seja no Governo, seja na Academia.

Sócrates forneceu o modelo para todos os filósofos. Questionador, crítico, intransigente. Mesmo diante do desagrado e da fúria indignada que o levou à morte, manteve-se fiel ao seu figurino. Permaneceu sendo o que foi a vida inteira, questionador, amigo da Sabedoria (Philos=amizade; Sofia=sabedoria).

Não um sábio, ou um sofista, que professam possuir a Verdade. “Tudo que sei é que nada sei”, o paradoxo irônico socrático.

Pois, se sabe, para que irá questionar? O negócio de Sócrates é questionar. “Uma vida sem questionamento não é digna de ser vivida”.

Não que o filósofo não possa ter crenças, em algum Absoluto, alguma Forma Eterna, algum mundo fora da caverna, mas este, por definição, está além da nosso condição humana. As nossas “verdades” sempre serão uma aproximação da Verdade.

Então, nosso questionamento nunca chega ao fim. Nossa visão de mundo é sempre provisória. Está sempre aberta a um novo diálogo, sempre inconcluso. É a dialética socrática. Sempre é possível um novo exame, um aprofundamento, mesmo daquilo (principalmente disso) que temos por tão evidente e seguro.

Então, na sua essência, filosofia não é uma disciplina chata, com nomes e datas pra decorar.

É um questionamento radical, profundo.

Claro que quem adquirir este vírus vai apreciar procurar nos livros aqueles que questionaram e responderam no seu tempo, pois isto lhe fará aprofundar suas próprias respostas e perguntas.

Mas assumir como dogmas as respostas de algum pensador, é abjurar à própria Filosofia.

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