sábado, 20 de outubro de 2012

Pensando o Mensalão - parte 3 - O Poder da Bandalha

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"Ain´t hard
when you discover that

He really wasn´t
Where it´s at

After he took from you ev´rything
He could steal?"

- Bob Dylan, in Like a rolling stone


O poder da bandalha

Um golpe contra a democracia, “nunca antes na História deste paísh”..., recebeu um inesperado revide no relatório do juiz Joaquim Barbosa sobre o caso do Mensalão. Nosso Watergate local.

Um presidente eleito pelo povo que trai a confiança deste povo para roubar-lhe e diminuir-lhe a democracia. A liberdade política. O poder de autonomia, o poder da soberania.

De que maneira? Comprando representantes eleitos. Um Poder Legislativo que abdica de representar, de defender, a vontade do povo, “origem de todo poder”, como está escrito na Constituição deste país.

Um esquema financiado por golpes variados, envolvendo bancos, órgãos públicos, poderes públicos, tráfico de influência. Um negócio envolvendo milhões, mirando nos bilhões, para depositar quantias nos bolsos de figurões amigos. Que em troca repetiriam e endossariam todas as palavras do líder.

Se isto não é golpe contra a democracia, então o que é?

“Tudo pelo bem do povo” - vão nos dizer. “Roubamos sua liberdade, sua dignidade, é pro seu bem. Como titio Fidel, como titio Pol Pot.”

“Somos nós que temos as melhores intenções. Considere-se com sorte, por sermos nós a roubar-lhes a liberdade e a dignidade. Vocês vão adorar o tamanho da esmola”.

Um grande golpe, com o silêncio cúmplice da Oposição.

E se não fosse nosso, à época, Procurador Geral da República para fazer uma forte carga contra o esquema, embora indesculpavelmente poupando o seu líder máximo, e agora este honrado juiz, teríamos uma enorme chance de vermos esta bofetada na cara da nossa democracia passar em brancas nuvens.

E, depois, nosso líder máximo foi reeleito, e gozou de popularidade recorde, e baba-ovos submissos, elegeu o seu poste... perdão, posTA.

Final bem diverso do Watergate, é verdade. Mas, “a culpa é dos americanos!”, como diria nosso perfeito idiota nacionalista.

Mas, em ambos os casos, o abuso de poder, o flerte com a tirania. A injúria à nossa liberdade, à nossa democracia.

Bom filme, que recomendo: “Frost e Nixon”.

E como é que se comporta nosso líder máximo, diante da sensação de invencibilidade que lhe foi dada? Que lhe permite (ao seu juízo...) pensar que a própria Verdade dos Fatos pode se curvar ante Vossa Majestade? “Deus”, como lhe chamava uma sua sacerdotisa, Marta Suplicy. Como se comportava Nosso Guia, o Eleito, o Filho do Brasil?

Primeiro, ainda assustado, tratou de se dizer traído, e pediu desculpas. Disse que a Justiça do nosso Brasil trataria do caso (mas não contava com o Barbosa...)

Daí, passado o perigo, começou a dizer que o Mensalão era uma farsa. “Tudo uma fraude, plano sinistro das zé-lites, que conspiravam contra o Governo do Iluminado... Ao deixar o cargo voltou-se para seu ex-ministro/principal acusado, José Dirceu, pra falar: “Agora, Zé, vou me dedicar por inteiro a provar a farsa que foi esse Mensalão...”

E assim o fez, tendo nós, povo brasileiro, passado pelo novo dissabor de saber que O Guia estava tendo encontros com juízes responsáveis pelo caso, para fazer pedidos impróprios e ameaças. O ponto a que chegamos...

Esse Barbosa, na sua opinião, era um “complexado”... “imagina, não querer me fazer a vontade?! Só pode ser isso mesmo, um complexado... até o Obama me chamou de O Cara, porra!”

(Também não se dignou a explicar porque se sentiu traído, e precisou pedir desculpas, por uma coisa que não existiu. Mas não se deve questionar a Divindade, como fez o pobre Jó, não é mesmo? )

Segue o festival de lamentáveis, constrangedoras cenas, juízes atuando como advogados de defesa, juízes que devem favores, e não se declaram impedidos de fazer o julgamento...

Um advogado defendendo seu cliente pela alegação de que o seu crime seria “só” de caixa-dois, e, sabe como é, “todos fazem”... tese que teria sido criada por um ex-ministro da Justiça (do Governo Lula, é claro), atual advogado de mensaleiro... ai ai... e adotada com fervor pela militância.

Esta é a nossa Divindade Benfeitora, nosso Estadista de grande gênio...

Parabéns, para todos nós.







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