
"Ain´t hard
when you discover that
He really wasn´t
Where it´s at
After he took from you ev´rything
He could steal?"
- Bob Dylan, in Like a rolling stone
O poder da bandalha
Um golpe contra a
democracia, “nunca antes na História deste paísh”..., recebeu
um inesperado revide no relatório do juiz Joaquim Barbosa sobre o
caso do Mensalão. Nosso Watergate local.
Um presidente eleito
pelo povo que trai a confiança deste povo para roubar-lhe e
diminuir-lhe a democracia. A liberdade política. O poder de
autonomia, o poder da soberania.
De que maneira?
Comprando representantes eleitos. Um Poder Legislativo que abdica de
representar, de defender, a vontade do povo, “origem de todo
poder”, como está escrito na Constituição deste país.
Um esquema financiado
por golpes variados, envolvendo bancos, órgãos públicos, poderes
públicos, tráfico de influência. Um negócio envolvendo milhões,
mirando nos bilhões, para depositar quantias nos bolsos de figurões
amigos. Que em troca repetiriam e endossariam todas as palavras do
líder.
Se isto não é golpe
contra a democracia, então o que é?
“Tudo pelo bem do
povo” - vão nos dizer. “Roubamos sua liberdade, sua dignidade, é
pro seu bem. Como titio Fidel, como titio Pol Pot.”
“Somos nós que temos
as melhores intenções. Considere-se com sorte, por sermos nós a
roubar-lhes a liberdade e a dignidade. Vocês vão adorar o tamanho
da esmola”.
Um grande golpe, com o
silêncio cúmplice da Oposição.
E se não fosse nosso,
à época, Procurador Geral da República para fazer uma forte carga
contra o esquema, embora indesculpavelmente poupando o seu líder
máximo, e agora este honrado juiz, teríamos uma enorme chance de
vermos esta bofetada na cara da nossa democracia passar em brancas
nuvens.
E, depois, nosso líder
máximo foi reeleito, e gozou de popularidade recorde, e baba-ovos
submissos, elegeu o seu poste... perdão, posTA.
Final bem diverso do
Watergate, é verdade. Mas, “a culpa é dos americanos!”, como
diria nosso perfeito idiota nacionalista.
Mas, em ambos os casos,
o abuso de poder, o flerte com a tirania. A injúria à nossa
liberdade, à nossa democracia.
Bom filme, que
recomendo: “Frost e Nixon”.
E como é que se
comporta nosso líder máximo, diante da sensação de
invencibilidade que lhe foi dada? Que lhe permite (ao seu juízo...)
pensar que a própria Verdade dos Fatos pode se curvar ante Vossa
Majestade? “Deus”, como lhe chamava uma sua sacerdotisa, Marta
Suplicy. Como se comportava Nosso Guia, o Eleito, o Filho do Brasil?
Primeiro, ainda
assustado, tratou de se dizer traído, e pediu desculpas. Disse que a
Justiça do nosso Brasil trataria do caso (mas não contava com o
Barbosa...)
Daí, passado o perigo,
começou a dizer que o Mensalão era uma farsa. “Tudo uma fraude,
plano sinistro das zé-lites, que conspiravam contra o Governo do
Iluminado... Ao deixar o cargo voltou-se para seu
ex-ministro/principal acusado, José Dirceu, pra falar: “Agora, Zé,
vou me dedicar por inteiro a provar a farsa que
foi esse Mensalão...”
E
assim o fez, tendo nós, povo brasileiro, passado pelo novo dissabor
de saber que O Guia estava tendo encontros com juízes responsáveis
pelo caso, para fazer pedidos impróprios e ameaças. O ponto a que
chegamos...
Esse
Barbosa, na sua opinião, era um “complexado”... “imagina, não
querer me fazer a vontade?! Só pode ser isso mesmo, um complexado...
até o Obama me chamou de O Cara, porra!”
(Também
não se dignou a explicar porque se sentiu traído, e precisou pedir
desculpas, por uma coisa que não existiu. Mas não se deve
questionar a Divindade, como fez o pobre Jó, não é mesmo? )
Segue
o festival de lamentáveis, constrangedoras cenas, juízes atuando
como advogados de defesa, juízes que devem favores, e não se
declaram impedidos de fazer o julgamento...
Um
advogado defendendo seu cliente pela alegação de que o seu crime
seria “só” de caixa-dois, e, sabe como é, “todos fazem”...
tese que teria sido criada por um ex-ministro da Justiça (do Governo
Lula, é claro), atual advogado de mensaleiro... ai ai... e adotada
com fervor pela militância.
Esta
é a nossa Divindade Benfeitora, nosso Estadista de grande gênio...
Parabéns,
para todos nós.
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