terça-feira, 25 de junho de 2013

Ai, que saudade! (Governo Lula vs. Governo FH)




Saiu esta boa entrevista com FHC no Canal Livre, e bateu uma baita saudade de quando se podia ter esperanças...

Por mais críticas que se pudesse fazer ao FH, a visão em retrospectiva, considerando o que veio depois, e está aí até hoje, dá proporções ao tucano de grande líder.

Foi um período de botar ordem na casa. Havia um caos político e econômico, pós-impeachment do Collor, pós-confisco de poupança, e hiper-inflação persistente, além de estagnação econômica. Ainda tivemos, durante o governo FH, várias crises internacionais, com o Brasil sendo apontado, em cada uma delas, como a bola da vez. E ele enfrentou uma oposição radical e intransigente, adepta do “quanto pior melhor”, leia-se, “quanto pior o país, melhores as chances de alcançarmos o poder”.

Com tudo isso, saiu-se admiravelmente bem, com seu jeito suave, atravessando estes mares revoltos. Também conseguiu desencarnar do poder com elegância, usando seu prestígio para lutar por causas meritórias, e corajosas.

Seus defeitos foram a excessiva vaidade, resvalando na arrogância e em certa auto-complacência. Lavou a mão de questões importantes, como a reforma política. Nesta entrevista ele diz: “Deixei pro Congresso”. Bem, não podia. Tinha de liderar neste ponto, pois este era o ponto crucial, a mãe de todos os nossos males, o vício oculto da nossa democracia, que permite a eternização no Poder de velhos e novos grupos oligárquicos, que representam e defendem não os interesses do povo, mas os interesses de empreiteiras, de bancos, e de outros grandes financiadores de campanha, de sua militância, das organizações e movimentos “companheiros”, à cata de privilégios, de cargos e verbas...

Enfim. FH deixou de encarar este desafio, lavou suas mãos neste ponto. Torrou seu capital político para conseguir a emenda da reeleição, que beneficiou muito mais à sua vaidade, e, depois, ao seu adversário político.

São as ironias do destino. A soberba, a auto-suficiência de FH foram cavando um fosso entre seu Governo e o eleitorado. Por mais que tivesse acertos e boas intenções para mostrar, ele descuidava das bases, com a cabeça das nuvens. “Nefelibata”, expressão que usou, se referindo aos outros, mas que se voltou contra ele.

A oposição soube explorar cada uma destas fraquezas. “Isto não é representante do povo. Olha a expressão que ele usa! Do povo é falar “pobrema”!”

Por mais que seja desonesto este tipo de “argumento”, ele pega. “Nefelibata” você usa escrevendo um livro, para impressionar os amigos, também intelectuais. Num discurso, numa declaração pública, só se você for muito nefelibata.



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