quinta-feira, 4 de julho de 2013

Entre o Céu e o Inferno


Chegou o momento da decisão, nossa Grande Encruzilhada! Queremos ser um povo livre, responsável pelo próprio destino? Ou vamos seguir divididos, massas inermes de escravos, satisfeitos se conseguimos o pão e o circo, e do outro lado nossos senhores, entupidos de privilégios, deformados pela impunidade, tratando apenas dos seus próprios interesses?

De um lado, democracia verdadeira, a cada homem um voto, representantes vinculados, prestando contas aos representados.

Do outro lado, o escancaramento da farsa, caciques arrogantes mandando e desmandando, mistificando os trouxas com “bondades” que os próprios trouxas financiam, migalhas que não matam a fome, mas que criam dependência, enquanto eles próprios, e seus apaniguados, garantem, POR LEI, E POR DIREITO ADQUIRIDO, privilégios com que a plebe ignara sequer ousa sonhar.

Reclamam que o povo nas ruas não pede reforma política, e sim mais saúde, melhores escolas, segurança e o fim da corrupção.

Não percebem que está tudo relacionado, que foi o imenso descolamento entre representantes e representados que proporcionou esta liberdade para que a casta dos senhores virasse as costas aos nossos anseios, desprezasse olimpicamente nossos direitos, e se entregasse com gosto a uma vida de luxo e de corrupção, apartada da dureza da vida de quem é obrigado a financiar essa festa.

Hospitais bons, esquemas de segurança, mobilidade urbana, através de helicóptero? Isso é para poucos, para os que estão no Poder, e para os que gravitam ao redor destes.

Escolas ruins? Mandem o filho pra estudar lá fora! Aumentos salariais, aposentadorias polpudas? Dá-se um jeito, prepara-se uma lei, uma resolução, arruma-se alguma indenização retroativa. Os Tribunais aceitam, eles fazem também.

Arruma-se um esquema. O empresário empresta o jatinho. O filho dele ganha um cargo de confiança. Abre-se uma ONG, recebe-se uma verba. Ninguém presta contas. O escândalo de hoje abafa o escândalo de ontem. E tudo é legal, e tem o beneplácito da jurisprudência.

Dá-se um jeito. É o país do jeitinho. Pelo menos para os que esperam tirar uma casquinha (ou um cascão) do Poder. Para os que esperam contar com os privilégios de pertencer à casta dos senhores, ou de ser um dos protegidos.

Para os que não têm as costas quentes não tem jeitinho, não. Podem trabalhar 12 horas do dia por um salário de fome. Sim, a lei diz que no máximo são 8 horas, mas e quem não consegue um emprego formal?

Podem passar 5 horas do dia espremidos num ônibus, presos em engarrafamentos.

Podem morrer em estradas da morte, estradas esburacadas, pessimamente sinalizadas, enquanto o dinheiro da reforma foi parar no bolso de algum partido, e de algum político.

Podem morrer queimados por bandidos; podem morrer em prisões super-lotadas.

Podem morrer no chão de algum hospital que não tem leito.

Podem aprender que 2+2 = 5. Podem aprender a falar presidenTA. Podem aprender que podem ficar sem aulas, sem professor, e que fica tudo por isso mesmo. E daí, sem saber ler nem escrever, vão ter uma aula de filosofia onde terão de dissertar sobre a transvaloração dos valores em Nietzsche.

Dignidade, Liberdade. Ou é para todos, ou é pra ninguém.

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