
"Cuidado com os gregos, e os seus presentes!" - Laocoonte, sacerdote de Tróia
Nossa presidenTA e seu
partido, o PT, querem recolher os limões que lhes foram atirados e
preparar uma limonada docinha...
Plebiscito para reforma
política? Que tremendo ovo de serpente!
Identificaram o óbvio:
que o povo não aguenta mais tanta falta de representatividade. Tanta
democracia de mentirinha. E querem se aproveitar da pressão do
movimento popular pra passar uma reforma que consegue o feito de
piorar o que já é horroroso!
O PT já havia
apresentado proposta, através de seu deputado Henrique Fontana, de
lista fechada e financiamento público da campanha. Esta proposta
havia sido rejeitada pelo Congresso (quem disse que ele não serve
pra nada?).
Mas o PT acata e
respeita a decisão da maioria no Congresso DESDE QUE corresponda aos
seus interesses... e está vendo na crise atual uma oportunidade de
ouro para manobrar a insatisfação popular para favorecer os seus
projetos de perpetuação no poder...
Querem enganar o povo,
usar o poder do povo para acabar com o poder do povo, acabar com a
pouca democracia que temos...
Não seria a primeira
vez na História do Mundo. As massas são movidas pela paixão, e
pequenos grupos de manobra, com objetivos bem definidos, e um
repertório de frases-feitas, símbolos bem escolhidos, palavras de
ordem, conduzem as multidões na direção escolhida, ou seja: o
poder nas mãos dos grupinhos, a liberdade suprimida.
Pois é esse o plano
petista: não conseguiu a reforma política que melhor atende aos
interesses do partido no Congresso? Manobre as massas para
consegui-la.
Foi esta a conclusão
do 3º
Congresso do PT, em (notem bem o ano) 2007: “A reforma política
não pode ser um debate restrito ao Congresso Nacional, que já
demonstrou ser incapaz de aprovar medidas que prejudiquem os
interesses estabelecidos de seus integrantes” (ainda mais quando
estes integrantes forem petistas)
E:
“A
reforma política deve assumir um estatuto de movimento e luta
social, ganhando as ruas com um sentido de conquista e ampliação de
direitos políticos e democráticos”.
O
pulo do gato, aqui, é: de qual reforma política nós estamos
falando? Para o PT, no mesmo documento, o voto distrital, e o voto
facultativo, têm sentido “claramente conservador”, xingamento
supremo da novilíngua progressista.
Segue
o relatório:
“A
implantação, no Brasil, do financiamento público exclusivo de
campanhas, combinado com o voto em listas preordenadas, permitirá
contemplar a representação de gênero, raça e etnia.”
Olhem
aí a famigerada fórmula: “contemplar a representação de gênero,
raça (existe isso?) e etnia”... é importante cabalar os votos das
minorias, bajulando-as... aliás, nem são minorias: mulheres,
negros, índios, sei lá mais quem? Folgada maioria... minoria, que
muito apanha, é de quem ergue a voz por igualdade num país onde
todo mundo quer garantir algum privilégio pra sua panelinha...
Aqui,
vale o seguinte:
“Os
poderosos, os políticos, não têm um monte de privilégios? Eu
também quero o meu! Claro que não vai ser, nem de longe, tão
grande quanto o dos políticos... mas pelo menos eu tiro onda com o
meu vizinho!”
E
a pobre da Igualdade, e a pobre da Liberdade, vão embora pelo
ralo...
Para
estes grupos de manobra, estimular esta corrida por privilégios tem
um claro sentido estratégico: conquistar apoios para seus projetos
de perpetuação no poder. Dividir para dominar.
E
aí vem um plebiscito apressado, em que a máquina governamental, e a
máquina partidária, e a militância teleguiada, e os
slogans, e a propaganda, vão apregoar voto em lista fechada,
financiamento público de campanha, e cuidado com o voto distrital,
com o voto facultativo, que são racistas, sexistas, e vão acabar
com o Bolsa Família!, e pronto!
Teremos nossa Revolução
DO POVO, e o partido DO POVO vai poder ficar no Poder pelos próximos
mil anos.

Laocoonte e seus filhos, atacados pela serpente marinha. Leviatã?
P.S. Sobre o voto em lista fechada, publiquei em 2009 o seguinte artigo:
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