segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Desfaçatez



Desfaçatez s.f. Falta de vergonha; descaramento, impudência – Mini Aurélio



Acabaram de nos dizer: podem ser cometidos atos improbos. E quem nos disse, foi nossa Câmara de Deputados. Os representantes do nosso povo.


Pois não havia qualquer desculpa a ser dada para a evidência que saltava aos olhos: um vídeo de uma senhora, embolsando um bolo de dinheiro. Um bolo, dinheiro vivo. Um, o quê?, assessor, se encarregava de botar o dinheiro numa mochila. Mas era ela quem conversava com o “doador” da quantia.


Será que neste país é permitido embolsar dinheiro irregular? Será que é permitido ganhar dinheiro por um serviço que não se pode revelar?


Porque se um homem ganha 50 mil, ou junta 50 mil, porque trabalhou, é diferente. Ela pode explicar de onde veio seu dinheiro.


Mas se alguém ganha 50 mil, e não pode dizer porque ganhou, coisa boa não fez pra ganhar.


Foi qual esquema? Desvio de verbas na merenda? Licitações fraudulentas? Fraudes nos medicamentos? Deixar um hospital sem recursos, saber que alguém foi ali, pra ser atendido, numa emergência, e encontrou o descaso e a morte?


Como é o esquema? Brasil, mostra a tua cara... 500 mil que fazemos ali, 50 mil pra você, meu benzinho, que tanto ajudou, que tanto fez pra acontecer... ah, que delícia, vamos estourar o champanhe, fazer orgias numa cama cheia de dinheiro...


E o Congresso olha para aquilo, olha um vídeo que circulou amplamente, Jornal Nacional, na hora do jantar, olhar aquele vídeo passando... O Congresso olha pr´aquilo, e o que faz? Vota pela absolvição, no julgamento para a perda de mandato. Vê o crime, mas justifica-se com filigranas. Muitas granas. “Ela não era deputada, na época”. Ah, sim, logo podia praticar crimes. Lógica impecável.


E este é o retrato deste Congresso. Política do conchavo. “Eu voto pra você, viu? Daí você vota pra mim, tá?” Coisa linda demais. Debate de alto nível. Certo ou errado, o que é isso? Dar uma resposta à sociedade, sobre o que este país admite ou não admite, o que é isso?


Nada disso vale, o que vale é a troca de favores. É construir as tais maiorias sólidas. É beijar a mão do capeta, pensando que vai enganar o capeta.


É esta a imagem, uma imagem que chamou atenção esta semana, uma imagem que vale por mil palavras, do líder do governo Dilma na Câmara, deputado federal por São Paulo, líder do PT (Partido dos Trabalhadores) (rá rá rá), Cândido Vaccarezza, trocando sorrisos e cumprimentos com Jaqueline Roriz logo após sua absolvição:


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