Brasília, eu te dei tudo
Hoje não sou nada
como Allen Ginsberg, América
Leio o Príncipe. Leio algo dos pré-socráticos. Leio algo do Paideia. Leio o noticiário. Vejo o Jornal Nacional. Algo de horrível acontece.
Algo de horrível acontece, e Brasília se revela inteira em sua forma horrível. Em seus jatinhos e charutos e litros de uísque. Em seu amor comprado, em seu riso vulgar, em sua insensibilidade olímpica. No jogo das sujas eminências apenas a disputa de poder é sentida.
Uma suja insensibilidade, que finge desconhecer os caixões dos pequenos. Os pequenos caixões, muitos deles porque o poder deste país pode tudo, mas não pode salvar estas pequenas vidas.
Somos o fracasso de nações. Nada que apareça nas muitas propagandas de Brasil Grande, que o Governo não pára de repetir como verdade oficial. Note-se bem, verdade com qualquer qualificativo não é verdade, é mentira.
Mas não para o Governante. Este quer ver seu Reinado preservado. Quer ver o povo conformado. Tem milhões vindo aqui pro meu bolso, uma garotinha ta morrendo por falta de uns milhares. Isto é justiça neste pais, isto é a nossa realidade.
Justificativas tem muitas. Vai R$ 1 bilhão praquele frigorífico. Do meu amigo. “É o frigorífico GRANDE! É o maior do MUNDO!” - diz a propaganda.
E no hospital mais um morreu porque não tinha vaga. Porque não tinha aparelho. Porque não podia fazer nada.
Aqui, como é bom ter amigos! Dar pra eles um bom cargo, presente que não sai do bolso. E ter dele sua fidelidade eterna, presente que não tem preço!
Fazer deles uns escravos, ter muitos deles nos bolsos. Dobrados pelas surras dos meus capangas.
Esta é a nossa corrupção, nossa Ama.
Calado... calado... olha o chicote do nosso feitor!

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