
Especialistas dizem que não há demanda para o trem bala (TAV), e que o custo pode triplicar" - é a manchete do jornal O Globo, de 24.07.2010. Para o professor de Engenharia de Transporte da COPPE/UFRJ, Roberto Balassiano, um dos especialistas ouvidos na reportagem, "O trem-bala custará no mínimo o dobro (R$ 66 bilhões), e provavelmente o triplo (R$ 99 bilhões) (da previsão inicial (R$ 33 bilhões))". Vai o link pra reportagem: http://oglobo.globo.com/pais/mat/2010/07/24/especialistas-dizem-que-nao-ha-demanda-para-tav-que-custo-pode-triplicar-917232734.asp
A reportagem da revista Veja de 04.08.2010 segue com as críticas ao projeto do trem-bala. A chamada no índice da revista dá pra dar uma idéia: "Trem-bala: desnecessário, perdulário e eleitoreiro". A Veja diz que com os R$ 33 bilhões orçados no projeto "seria possível construir os
11 000 quilômetros de ferrovias convencionais previstos no PAC 2 e ainda sobraria um troco".
Se o custo do trem-bala realmente triplicar, como dizem os especialistas, chegaríamos então a
33 000 quilômetros de ferrovias convencionais, mais um trocão. Que belo sonho! 33 000 quilômetros de ferrovias para o Brasil, país de dimensões continentais e graves deficiências de transporte! Quanto transporte de carga poderia ser feito, aliviando nossas estradas de tantos caminhões, de tantos acidentes, de tanto desgaste! Quantas pessoas seriam atendidas, com um meio de transporte mais limpo, seguro e barato!
Em comparação com os 33 000 quilômetros de sonho de trilhos convencionais, o trem-bala tem uma extensão de 511 quilômetros. 0,0154848... da extensão de trilhos possível, caso se optasse por investir nos trens convencionais. É isso aí, na casa do centésimo. Pra cada 154 quilômetros percorridos no trem convencional, percorre-se 1 quilômetro no trem bala. Enquanto você vai, digamos, do Rio a São Paulo, e volta, no trem comum, você vai pouco além da metade da ponte Rio-Niterói, no trem bala. Deu pra entender o drama? Enquanto você atenderia o Brasil todo com 33 000 quilômetros de trem convencional, você atende Rio e São Paulo com o trem bala. Cidades, aliás, que já eram atendidas pela ponte aérea...
Ah, mas o trem convencional não é Múderno... e os marqueteiros precisam de uma novidade pra fazer sua propaganda, pra criar um slogan. “Dilma, mãe do Trem-bala!”, que tal? Podem depositar uns milhõezinhos num paraíso fiscal por esta peça de marquetím político sensacional (não é, Duda Mendonça?) (Alô, Justiça do Brasil! Tem alguém aí?)
E assim caminha a brasilidade, assistindo passivamente ao Governo enfiar seus grandes elefantes brancos, seus grandes projetos controversos, pela garganta da sociedade, nos anos eleitorais... sem debate ou discussão, sem números ou argumentos, coisa chata, de elitistas críticos, cartesianos empolados, o negócio é aderir à massa, 80%, vamos berrar bem alto o nome do líder, Nosso Guia, sem medo de ser feliz! Olha o BNDES aí, gente! Chora, cavaco!
slurp... slurp... slurp... (é o ruído das grandes empreiteiras, salivando de satisfação, ante a perspectiva do banquete dos bilhões, nos financiamentos públicos do nosso capitalismo sem risco...)
Creio que devemos nos sentir felizes, porque o Cara dos 80% de aprovação não quis, ou ninguém lhe soprou no ouvido que seria uma boa peça de propaganda, construir uma pirâmide pro seu descanso eterno... claro, uma neo-pirâmide, toda em neón, maior que a de Quéops e a de Gizé, uma em cima da outra... “Brasil – zil – zil! A maior do mundo!”; “nunca antesf, na História desfe Planeta...” ; “Piramidebrás!”; “Dilma, a mãe da Pirâmide!”
Deixa quieto... melhor não dar idéia...

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