
Os Estados Unidos se meteram num lodaçal no Iraque. Uma guerra suja por dinheiro. Pelas riquezas de um país rico, por petróleo.
Orgulhosos de seu poder, tiveram a arrogância de usar da manu militari para fazer negócios pelo mundo. Os que decidiram pela guerra, nos altos círculos, sacrificaram a vida de iraquianos, sacrificaram a vida de jovens americanos, principalmente pobres, para fazer negócios.
A construtora que fechou negócios de bilhões de dólares para reconstruir o Iraque, era financiadora de campanha de ilustres políticos. O filme de Michael Moore, Fahreneit 11.9 mostra bem isso. Há coisas no filme que não parecem descrever muito bem certos fatos, mas em compensação há muita coisa desencavada: recrutamentos quase forçados de jovens pobres, utilização do medo e da paranóia para conquistar o apoio das maiorias, grandes negócios fechados por gente graúda, ante a perspectiva da guerra.
Os Estados Unidos foram contra seus próprios princípios proclamados. Um mundo de liberdade, de livre comércio? Pague o preço que os iraquianos pedem pelo seu petróleo. Eles são os donos. E vocês o consumam dentro de suas possibilidades, invistam em energias alternativas.
Ao simplesmente atacar o Iraque, com falsos pretextos, a “vingança contra o Oriente, pelo 11.9”, "armas de destruição em massa, prestes a serem usadas contra os Estados Unidos por Saddam Hussein", os Estados Unidos simplesmente se assemelhavam a um ladrão, violento, que não liga para suas vítimas. Mortes de americanos, mortes de iraquianos. Civis iraquianos, meninos e meninas, mulheres, velhos, velhas, mães, avós, irmãs...
Que vergonha internacional para um país. Um país de tão belas Instituições, de tão belos Fundamentos (não confundam certas coisas com outras coisas). Mas em que a Soberba, o Poder, a Ganância, a Inescrupulosidade, obtinham uma vitória monstruosa nos corações e mentes americanos, e mostravam ao mundo uma face terrível de seu país. A face do Poder Guerreiro, Invasor, Estuprador, Assassino. A face que aposta na Guerra, como solução dos problemas. Como fonte de ganho.
Uma mancha de sangue nas mãos, difícil de lavar, como a de Lady Macbeth, para os americanos.
O Espírito da Guerra pairava de novo sobre o Mundo, depois de 1991, com o fim da Guerra Fria. E dessa vez sequer se via a ameaça dos dois blocos de poder mundial. Era simplesmente garantir os suprimentos de petróleo. Os Estados Unidos mantêm suas Marinhas, espalhadas pelo mundo, nas rotas do petróleo. Gastando quantidades absurdas de óleo. Mas ele deu um gigantesco passo além ao mostrar para o mundo sua disposição para iniciar uma guerra, invadir territórios, pelo ouro negro.
O 11.9, foi o combustível perfeito para inflamar a soberba e o medo que predispunham o país para a guerra. E Bin Laden ainda se pensa, e muitos pensam dele, que é algum protetor e guardião dos povos muçulmanos, levando essa destruição para alguns desses povos.
Os “Falcões” republicanos grasnaram felizes, adejando à volta da cabeça frouxa de Bushinho, sopravam infindavelmente sobre o Orgulho Ferido Americano, da Cruzada pela Liberdade, desses Campeões da Verdade e Justiça que são os americanos, do direito infinito que eles têm de ensinar praqueles outros povinhos do mundo a maneira certa de viverem sua vida, isto é, jamais impondo qualquer obstáculo para as boas intenções e os bons negócios americanos. Afinal, eles não eram os heróis, os super-homens, os vencedores?
Mas o que o herói e o super-homem fez quando um esfomeado louco se explodiu e carregou a cabeça do vencedor junto? Ele não tinha nenhum poder especial, afinal... ele era também só carne e sangue... e nenhum super-computador previu, nenhum super míssil evitou...
Bushinho vinha falar na segurança de um porta-aviões, com um sorrisinho de estúpido bem nutrido: “nossos garotos estão vencendo”. Não eram os garotos dele e dos políticos americanos, isto é certo. Este é o clímax do filme de Michael Moore, ele entrevistando os políticos, perseguindo-os pela rua, para ouvi-los dizer que seus filhinhos não estavam indo pra guerra. Estavam em alguma festinha boa na Faculdade, ou em Malibu, ou Ibiza...
Mas ninguém questionava nada, na América de Bushinho. Quando ele vinha falar na TV das “grandes vitórias do povo americano”, Bushinho bulshit, todos tinham de aplaudir os “garotos”, pra mostrar que tava do lado certo. Que era um bom americano (a), e um bom patriota...
Igual na Alemanha de Hitler, não podia não aplaudir. Não podia ter crítica, não podia ter oposição. Vejam o filme The mortal storm, de 1940,sobre a ascensão do nazismo, pra entender o clima do pesadelo. E isto na Grande Democracia, para que ninguém divinize e idolatre nada do homem. Mesmo num Estado de tão brilhantes tradições democráticas, vejam todos, fiquem alertas, o que pode acontecer. Não se pode baixar a guarda jamais, não se pode dormir sobre os louros da glória. Está certo dizer que o preço da liberdade é a eterna vigilância.
Nenhuma resposta pronta, nenhum sistema perfeito. Democracia? Nação? Umas tantas glórias para o homem, mas experimente abandonar-se a elas, abrir mão de questioná-las, e será logo engolido. Experimente amá-las em sua idealidade, esquecendo da concretude do ser humano neste vale de lágrimas. E se vai descobrir só, perseguindo fantasmas.
O povo do sol da liberdade, do hino da estrelinha? Canto de sereia, bem dizem que o nacionalismo é o refúgio dos canalhas. É o orgulho dos canalhas. Primeiro que tudo está o homem, qualquer que lhe seja a feição, e ainda que seja o inimigo. O que se afasta disso caminha para o diabólico.
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