Na matéria do Globo de 20.04.2011: “Lula retoma vida política ao lado de mensaleiros” (http://amecidade-arquivo.blogspot.com/2011/04/carros-da-prefeitura-sao-usados-para.html).
No texto da reportagem, “Lula participou de uma reunião com dezenas de prefeitos, vices e parlamentares paulistas, ao lado do deputado João Paulo Cunha, um dos acusados no mensalão, e do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, processado no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção ativa e formação de quadrilha. A reunião, realizada num hotel em Osasco, na Grande São Paulo, foi organizada pelo PT paulista para dar início à campanha da sucessão municipal, no próximo ano”.
Que grande mudança, hein? De “eu fui traído”, e “eu não sabia de nada”, para “cumpanhêro mensalêro, que satisfação de te encontrar de novo...”
A onipotência destes seres é formidanda... eles próprios pronunciam as sentenças que os condenam: se algo é um crime de que de nada sabiam, se algo é uma traição, como é que se explica esta proximidade com criminosos e traidores? Não se explica, fica por isso mesmo. Foi só o teatrinho da hora da insegurança, da hora do aperto... naquela hora, achou-se melhor entregar uma cabeça coroada. O cumpanhêro Zé Dirceu, para acalmar a plebe ignara.
Mas já na despedida, entre lágrimas e discursos comovidos pelo cumpanhêro que sacrificava pelo partido, podíamos prenunciar que não demoraria a farsa... também, o Zé tirou umas férias dos holofotes, mas pôde até se dedicar com mais afinco a sua lucrativa profissão de consultor de empresários sequiosos de fechar bons negócios com o governo...
E também não durou muito o ostracismo... Dirceu está a todo vapor com os cumpanhêros do governo, apenas, atuando nos bastidores, vide seu ensaio de volta à cena pública na campanha de
Dilma: não pegou muito bem, aquele discurso aos petroleiros, instigando e exaltando a tomada de poder, a manutenção do poder, “ideológica”... é, sim, mano, é nóis contra eles, nóis do socialismo, nóis da isquerda, contra aqueles burgueses reaça... é nóis, nóis que brigô contra a ditadura, ainda que apoiássemos, e nos apoiássemos, em algumas das ditaduras mais brutais e fanáticas que já assolaram a raça humana... ah, mas eram as ditaduras “boas”, as ditaduras de isquerda, igual que nóis...”
Não, não pegou bem, Dirceu foi novamente relegado às sombras... mas das sombras ainda saíam os arrotos: “o presidente Lula vai me ajudar a desmontar a farsa que foi o mensalão...” Farsa? Ué, não era “crime”, não era “traição”?
Este imenso, este formidando esquecimento das próprias palavras, é chocante e terrível. Ou então será uma prepotência insana, do tipo, “Eu posso tudo!”. Eu posso pisotear a ética, a lógica, a coerência, o mais elementar bom senso, e não pega nada. Pode-se cagar pra opinião pública, que tá tudo dominado, mais uma eleição no papo, mais um contrato de milhões, nas barbas de fiscais, polícias, juízes, ministérios públicos... pode até sair em fita de vídeo pela imprensa... a gente acusa a imprensa de golpista, e além do mais, quantas pessoas lêem o jornal? Quantas se importam? é nóis na fita...
É verdade que nem toda a empáfia e a prepotência do mundo tornam a mentira menos mentira, a desfaçatez menos desfaçatez, a corrupção menos corrupta... mas na nossa “ditadura do proletariado”, nossos políticos enfiam a cabeça no luxo e no poder e repetem, como o personagem de Chico Anysio, o deputado Justo Veríssimo, aquele que quer que pobre se exploda, isso é relativo, isso é relativo...
Querem um símbolo? Leiam no adendo à mesma matéria do Globo, no mesmo link, sob o título: “Carros da prefeitura são usados para atividade partidária”
“Uma festa de carros oficiais. Este foi o cenário flagrado pelo GLOBO ontem, na entrada da reunião dos 32 prefeitos do PT com o ex-presidente Lula e o ex-ministro José Dirceu.
Pelo menos oito prefeitos e deputados chegaram em carros do poder público, alguns deles cometendo infrações de trânsito. O prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, teve seu carro oficial estacionado na contramão, a uma quadra do hotel de Osasco onde ocorria o evento.
Abordado por repórteres do GLOBO, Marinho reagiu com palavrão e perguntou se deveria chegar ao local de bicicleta.
Ex-ministro do Trabalho de Lula, Marinho foi abordado pela reportagem durante o almoço de encerramento do encontro, quando foi perguntado se poderia falar sobre o assunto.
— Falar sobre o quê? Se for sobre essa putaria do GLOBO, essa de carro oficial, não. Falo sobre coisas sérias.
Marinho, no entanto, confirmou que usava o carro da prefeitura:
— Quer que eu venha de bicicleta? Eu sou prefeito. Ando de carro oficial e com segurança. Ou você quer que eu seja morto como o Celso Daniel? — ironizou ele, referindo-se ao ex-prefeito de Santo André assassinado em 2002. “
É nóis.
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