domingo, 31 de julho de 2011

Gonçalves Dias - Canção do Tamoio

I

Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.

II

Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.

III

O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!

IV

Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!

V

E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.

VI

Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D'imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d'ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.

VII

E a mão nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!

VIII

Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz.

IX

E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.

X

As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.

Democracia




Na verdade, precisamos pensar maneiras de a democracia funcionar. Se o povo tem o poder, de fato, ele vai poder fiscalizar e prevenir que se desvie o seu dinheiro.


Pois se ele é roubado, vez e de novo, e nada acontece, que poder tem o povo?


Que poder tem o sujeito, manietado dentro de casa, vendo o ladrão que lhe rouba os móveis? Ainda sabendo que este ladrão não acabará atrás das grades, pelo contrário, desfrutará de uma vida de rei, com o produto do roubo, bem guardado numa conta secreta no exterior...


Chegar para esta vítima, e lhe dizer no pé do ouvido: “onde nós vivemos, você tem o poder, viu?”, parece o cúmulo do escárnio e do absurdo, se não fosse exatamente o que acontece, no mundo dos sonâmbulos hipnotizados.


Por todo o mundo, vemos que montanhas de dinheiro são feitas, mudam de lugar, daqui para ali, mas não revertem em um verdadeiro acréscimo de bem estar, para cada indivíduo.


Estamos todos trabalhando demais, infelizes demais, com carências demais, com dinheiro de menos. Isto é verdade, por mais que seja também verdade que 90% das pessoas, há 200 anos apenas, viviam sem banheiro, ou qualquer outro dado congênere.


Nós podemos pensar que isto é verdade, mas não nos sentimos melhor por isso. De que vale pensar em 200 anos atrás, ou 200 anos à frente? É o presente que importa.


E se o presente tem suas belas conquistas, também possui seus novos desafios e infortúnios. Se hoje podemos alimentar muito mais pessoas, ótimo, mas a população se multiplica, e qual a qualidade dos alimentos que ingerem?... habituarmo-nos à lavagem industrial, e a crescentes níveis de obesidade...


Não existem batalhas ganhas, não existe dormir sobre os louros, sonhando alguma ideologia utópica. E pensar que existe é abrir a porta aos problemas.




Democracia

Uma proposta de instituição democrática:


para cada mil cidadãos, eleger, para um mandato de 4 anos, um fiscal da coisa pública.


Um cargo sem remuneração, candidata-se quem quiser. Também não vai decidir sobre negócios, contratos, etc. Servirá para fiscalizar o gasto de dinheiro público.


Não é um cargo para se cumprir um horário. O trabalho será o de conhecer a despesa pública, verificar se ela se dá de acordo com as leis.


Por exemplo: o Estado pága tantos reais por criança em idade escolar. Para ser gasto com a merenda, para ser gasto com material, para ser gasto com professor, para ser gasto com a escola. Pois o Estado esta gastando na proporção certa? Gastou tantos reais com livros, é a quantidade correta de livros? É o preço correto? As crianças estão com seus livros?


Quantos professores deverão dar aulas para estas tantas crianças? Tem a quantidade certa? Quem são esses professores? Eles estão dando as aulas?


Ou, digamos, para a saúde: estes tantos mil moradores têm o atendimento público adequado? Uma cidade de tantos mil moradores, precisa de quantos postos de atendimento? De quantos médicos, em quais especialidades? Quanto de remédio, qual é a composição da população local, quantos idosos, quantas crianças, qual a estimativa da necessidade de compra de remédio de pressão, e de remédio pra cólica?


Para tudo isso deve haver uma resposta racional, e uma previsão legal.


Por que, na nossa política, é normal que se decida que um lugar tenha mil médicos, e outro lugar, com o mesmo número de habitantes, tenha só um?


É preciso haver os estudos, e é preciso que se busque a igualdade.


E os fiscais, um para cada mil, eleitos por quatro anos, é que podem cobrar esta igualdade, esta aplicação correta de recursos. Ou melhor, é que teriam mais condições de cumprir este papel.


Reunidos em grupos, em assembléia. Podendo requisitar informações e detalhamentos. Ouvindo as pessoas, conversando entre si. E, caso algo se apresente de errado, repassando dados e ingressando com ações junto aos órgãos competentes, a Polícia, o Ministério Público, a Justiça.



quinta-feira, 28 de julho de 2011

Elis Regina e Tom Jobim - Águas de março

Tom Jobim - Passarim

Moloch

À maioria silenciosa

Lembramos de demandar contra nosso vizinho, por uma besteira qualquer. Não conseguimos nos compor amigavelmente, partimos para o Judiciário.


Muito legítimo, é claro, não se pode é resolver o conflito pela força bruta. Uma sociedade civilizada impõe a solução civilizada, deixar para um terceiro a decisão, baseada nas leis da sociedade.


Mas o problema é que nos esquecemos de aplicar a mesma lógica no trato das demandas com o poder público.


Esquecemos que o poder público também, e até principalmente, deve seguir as leis da sociedade. E quando isto não acontece temos sérios problemas, com um Estado tirânico.


Pois bem. Nós somos uma sociedade. Eu, você, o indivíduo que mora num casebre, e aquele que mora no meio da rua. As decisões e atuações do poder público nos afetam a todos. Mas nós não exigimos NADA dele, não o confrontamos, sob a perspectiva da lei, para saber se seus atos e decisões não agridem a legalidade.


Nação de muitos analfabetos que não participam deste debate, é verdade, mas não é só isso. O mesmo descaso, incompreensão, inconsequência, afeta muitos “bem nascidos”, “bem lidos”, bem graduados.


Algo na nossa água, talvez, que nos deixa apáticos? Algo no ar que respiramos, algum veneno? Ou algo da nossa história, da nossa cultura?


O fato é que não vemos grandes manifestações consequentes, coletivas. Nossas organizações foram muito facilmente cooptadas. E a tal maioria silenciosa é isto mesmo: silenciosa. Honesta, trabalhadora, gentil, é verdade. Um dia superarão seus problemas. Mas se este dia demora, é por culpa desse silêncio.


Uma nação com tantos advogados, mas que não sabe exigir o cumprimento da lei.


Por que não assinamos, coletivamente, uma ação judicial? Uma, não, milhares, uma pra cada juiz desse Brasil, em cada cantão.


Pedindo, ao senhor juiz, uma coisa bem simples: o cumprimento da legalidade.


Por que não pedimos, por exemplo, que cada prefeito apresente suas contas, explicadinhas, detalhadas?


Ir ao juiz, claro, se depois de pedidas as contas, não recebeu, a comissão de cidadãos, as contas da prefeitura.


Não é dinheiro público? Não existe a obrigação de prestar contas?


Pois que prestem as contas, ou cometerão uma ilegalidade.


E, vejam só, a ilegalidade deve ser combatida através do juiz. Ele deve aplicar a força, cujo monopólio é do Estado, para combater a ilegalidade.


Mas, ora, vejam só, isto que deveria estar na mente, deveria estar no sangue de cada cidadão deste país, o respeito às leis, o esteio da dignidade, por aqui é um luxo ou um delírio.



Uma nação de advogados, mas muito mal e pouco conhecemos o respeito à lei.


Aqui, prevalece o “sabe com quem está falando?”, “é o seu doutor, a autoridade, quem sou eu pra pedir as contas? Temos de ser submissos, confiar cegamente, o seu doutor, autoridade, decide sobre minha morte e minha vida. Ele é o senhor, eu sou escravo.”


Bela receita para vermos essa corrupção estourando , esta hipocrisia e este caos da sociedade. Vamos, vamos odiar o vizinho, culpá-lo de todos os males, mover mundos e fundos contra ele. Temos de ser bem duros com os fracos, já que somos tão moles com os fortes.

O homem

Manter um sistema funcionando, Moloch alimentado, dar nossas vidas pra ele, por medo de perder nossas vidas.


Sim, Moloch, tal como apresentado em Metrópolis, de Fritz Lang.



Um sistema, uma engrenagem, que te recebe ao nascer. E ninguém deixa de viver nesta engrenagem.


E esta engrenagem pode ser absurda e cruel, como quem é acordado no seu quarto para enfrentar um processo.


Ou quem é apanhado na rua, sem amigos, sem dinheiro.


Ou quem vive dentro de casa um momento de horror.


Tentar melhorar esta engrenagem, fazer com que não seja tão cruel, ou tão absurda. Ao que mais pode aspirar o homem, o ser que entende?


Com toda a carga de absurdo, de desconhecimento e de dúvida, toda a carga que caracteriza a natureza humana. Sofrer a vida, e governado do Acaso, ainda assim manter a fronte erguida. Não desistir, dia após dia, e resistir ao mal.


Que mais pode querer o homem, que a beleza deste gesto? Trazer a consciência limpa, que melhor recompensa?


Com a carga de misérias, arrependimentos e infortúnios, ainda assim escorar a sua vida, e aproveitar as alegrias, e se reconfortar nelas.


E se organizar para combater o grande mal, aquele que espreita todos os homens.


Os homens horríveis, que planejam o mal de outros homens.


Que a sociedade os identifique e os prenda, que consiga dar-lhes combate. Que glória maior para uma sociedade que a de conquistar uma vida de paz e prosperidade? De saber viver com seu vizinho.



sábado, 23 de julho de 2011

Crianças, não vereis outro país como este...



Na foto, José Antônio Dias Tóffoli, ministro do nosso Supremo Tribunal Federal, pede a bênção ao padrinho Lula, de quem recebeu a indicação para o cargo




José Antônio Dias Tóffoli, nosso ministro do Supremo Tribunal Federal. A mais alta Corte do país, com a atribuição de dar a palavra final sobre a aplicação de uma lei, analisada sob o aspecto de sua adequação com nosso sistema constitucional.


Com a atribuição de julgar as mais altas autoridades do país.


Pois José Antônio Dias Tóffoli, um jovem ainda, com seus 44 anos, um dos onze integrantes da mais alta Corte, aparece no jornal porque faltou a quatro sessões de trabalho para ir ao casamento do advogado criminalista Roberto Podval, na ilha de Capri, no sul da Itália.


Segundo o jornal, “o STF limitou-se a dizer que Tóffoli “informou ao presidente Cezar Peluso que estaria ausente das sessões na última semana antes do recesso. Com isso, teria cumprido o procedimento de praxe, em caso de ausência em período de trabalho”.


Que bom seria se o “procedimento de praxe”, para ausentar-se por quatro dias em período de trabalho, para ir a uma “festinha”, fosse apenas comunicar com antecedência, em qualquer tipo de trabalho... “alô, chefe, olha só, semana que vem eu não apareço, viu, de segunda a quinta. Vou na festa de casamento do meu amigo. Um abraço”. Que mundo feliz, não é mesmo?


Pois é pior. O ministro Tóffoli é relator de processos nos quais Podval é advogado. Por intermédio de sua assessoria, Tóffoli informa ao distinto público que não vai abrir mão de relatar esses casos. Tóffoli esclareceu ainda que pagou a passagem do próprio bolso. Mas não quis esclarecer quem custeou a hospedagem. Por nota, Tóffoli diz que “se reserva o direito de não fazer qualquer comentário sobre seus compromissos privados”. Sacou, distinto público? Vê se te manca, para de querer meter o bedelho em negócios privados...


Pois a imprensa noticia que Roberto Podval pagou dois dias de hospedagem para cerca de 200 convidados no cinco estrelas Capri Palace Hotel... gente coisa é outra fina...


Quanto a Tóffoli o caso todo deve ficar por isso. O STF ecoou o mantra de que a viagem “é assunto particular de Tóffoli”. E todos dormirão o sono dos justos no país surreal. Ninguém vê nada de anormal, nada que destoe das nossas arraigadas práticas e crenças. Um povo que confia em seus senhores. Um povo envergonhado de perguntar, envergonhado de saber, envergonhado de criticar... somos tão simpáticos, somos tão felizes, somos tão bonzinhos... ah, que imagem feliz eu vejo no espelho, sorridente, simpático, mereço ganhar um afago...


A imoralidade, o absurdo, passam por ser normais, no país surreal. Basta falar qualquer coisa, ou falar coisa nenhuma. Diz aí que é assunto particular, não se vá dar satisfação pra esses sujeitos aí da esquina... eles é que têm de se dobrar diante de nós, não somos nós que vamos nos dobrar diante deles. Nós somos as Autoridades, os Poderosos, não devemos satisfação para o público. “Poder que emana do povo”, isso é a fachada, devidamente tornada inócua pela prática, pelo regulamento. Pelo formalismo da nota da assessoria, pelo silêncio cúmplice, pela corrupção generalizada.


Mas, também, qual é a escola de Tóffoli? Tóffoli, que foi escolhido de Lula para ocupar esta vaga no Supremo. Emprego vitalício, sim, um dos onze do Supremo.


Tóffoli, que fora reprovado num concurso de juiz, o que o levou a ser escolhido ministro do Supremo? Pois era advogado do PT, já se viu.


E isto nem é o pior. O pior é que havia uns processos contra Tóffoli, ele tinha inclusive sido condenado por um juiz por uns contratos milionários assinados por prefeituras petistas com seu escritório de advocacia. Dinheiro público para pagar “consultas jurídicas”. Mas, diante daquele incômodo de se ter um indicado ao Supremo com uma condenação em cima, deu-se logo o jeito de arrumar, a toque de caixa, uma “decisão liminar”, suspendendo os efeitos daquela condenação.


Providenciada a “justificativa formal”, não foi difícil concluir os rituais de aprovação de Tóffoli pelo Legislativo. Sabatinas, questionamentos, blá-blá-blá. Mas um final já conhecido, nunca algum escolhido pelo Executivo fora barrado pelo Legislativo, é tudo de comum acordo. Tóffoli tomou posse, com um último detalhe macabro: a sua “festinha” de posse contou com um patrocínio de 40 mil pela Caixa Econômica Federal, banco com várias ações no Supremo.


Tudo normal, no país surreal.

terça-feira, 19 de julho de 2011

O trabalho digno do homem


O único sentido da vida para um homem é descobrir algo que ele possa fazer bem, e viver deste trabalho com dignidade, com orgulho de usar suas capacidades para desempenhar uma função.


O único Estado que se pode dizer próspero, ou corretamente governado, é o Estado que proporciona esta realização para seus súditos, o povo.


O Estado que se afasta disso cai inevitavelmente no seu oposto: um Estado em que o homem é o lobo do homem, o escravo do homem.


Um fazendeiro feliz: ele vê sua criação prosperar, suas terras, suas posses, os campos cheios, bem cultivados. As criações procriando, saudáveis.


Um fazendeiro infeliz: aquele que trabalha por nada, ou por muito pouco. Que vive quase que só com sua roupa do corpo. Mas que levanta todo dia às cinco da manhã, e vai trabalhar ininterruptamente até as outras cinco.


Que vai produzir, mas não terá boas estradas ou bom acesso ao mercado, e será explorado pelo atravessador. Será feito um tanto escravo.


Este é um de tantos exemplos. Podemos pensar nos custos dos tributos desproporcionados, complicados, injustos. Ou nos altíssimos juros, na inflação, nas dificuldades com a mão-de-obra, e com as múltiplas Justiças, ou a burocracia, ou a falência miserável dos serviços públicos, e tantas outras coisas que formam o “custo-Brasil”.


Vivermos num Estado que desonra tão cinicamente, tão corruptamente, tão estupidamente, a dignidade do trabalho de seu povo, é tão vergonhoso que não há palavras...


Isto é o que vivemos, é a isto que nós, queiramos ou não, em tão vários níveis, nos amoldamos e sofremos.


Chegamos a um ponto em que o mais profundo cinismo, com toda a carga pejorativa que adquiriu esta palavra, impera, é a regra.


Vermos os governantes corruptos, notoriamente corruptos, virem justificar toda esta corrupção. Fingirem que não existe corrupção, como se pastássemos, como se não pudéssemos dar crédito para o que acontece aos nossos olhos.


Desrespeitam todas as leis, sim. Fazem coisas censuráveis, coisas condenáveis, para ganhar muito dinheiro.


Um golpe em cada canto. Este é o lema secreto do país.


Mas justificam, bom Deus, justificam!, dizendo que é assim mesmo. E que todos fazem.


Estes não têm como ideal, de forma alguma, passar sua vida numa profissão, que gostasse de desempenhar, que soubesse desempenhar, que desempenhasse com dignidade.


Claro que não. Ideal destes é se entupir de dinheiro, de viver de férias, de passear de jatinho, de se hospedar em 10 estrelas.


Para desfrutar deste ideal, não se pejam de fazer todo o Estado servi-los.


Abundam os empreguinhos públicos, com muita grana e direitos, e pouco trabalho e deveres, e as diretorias de Bancos, e as diretorias que “furam poço pra jorrar petróleo”, e os negócios de milhões com as empreiteiras, “doadoras” de campanhas políticas, para construir estradas, para reformar estradas...


E, estes com este ideal de pirata, de ganhar dinheiro rápido, não por um trabalho feito, mas por uma sujeira cometida, estes são os que governam, e poluem toda a sociedade com seu ideal torto.


Toda a sociedade passa a pensar em termos: “EU TAMBÉM TENHO DE ME DAR BEM! EU PRECISO ME DAR BEM!” E topa fazer as mesmas sujeiradas. Dá o seu assentimento.


E assim perverteu-se todo um país... morto de apatia moral.


É o país proibido de viver o ideal descrito no primeiro parágrafo: viver do seu próprio trabalho, descobrir sua função, seu prazer no trabalho.


Pois este é o sistema, que nos amolda. Como é que um jovem vai viver seu ideal, digamos, de ser um bom policial, se há tanta corrupção e mal-feitos, na Polícia?


É claro, não se pode generalizar, e há muitos policiais dignos.


Mas dizer que nossa organização policial é muito bem feita, sem injustiças e problemas graves, é negar a realidade que se vê com o próprio olho. É mentir, é enganar.


Todos sabem que policiais não podem ser máquinas de matar. E que investigações devem ser feitas, para a segurança pública, presos ladrões e outros elementos nocivos para a sociedade.


Mas é isto que se vê por aqui? Em grande medida, é isto que se vê?


Porque o sistema em que vivemos em grande medida dificulta, ou mesmo impede, que um trabalhador tenha satisfação e orgulho do seu trabalho. Por fazer um trabalho bem feito. No caso, um policial.


Ao ponto de, em determinados lugares, aquele que deseja fazer uma investigação séria seja visto e apontado como um louco. Um tonto, incapaz de enxergar a realidade.


A realidade que mostra um monte de gente graúda que não vai presa, não importa o tamanho do malfeito...


E, com estes exemplos, o policial cônscio e digno de seus deveres vai aparecer como maluco. Como estúpido, ou hipócrita.


Um sistema em que a própria corporação vai ignorar e, “passar a mão na cabeça”, dos problemas. Ser conivente com eles. E vai defender privilégios e injustiças. Como é que num sistema assim se vai ter o “bom policial”?


Apenas em alguns casos e circunstâncias. Mas, em grande medida, este sistema não vai dar espaço a este “bom policial”, que se orgulha do trabalho que faz. Vai dar espaço, isto sim ao policial com aquele mau ideal: o policial corrupto, o que quer se dar bem, “se dar bem” significando “trabalhar” não para prender criminosos, mas em proveito próprio, para fazer o “pé de meia”, trocar de carro, trocar de casa, ganhando grana de forma inconfessável.



Como o mau político, como o mau cidadão.


Ao invés de um trabalho consciente, honesto, a vergonha moral da corrupção.


Ao invés de uma vida modesta, a vergonha escandalosa dos luxos, mansões e castelos, jatinhos, serviçais variados, num país em que a feia miséria engole seus filhos.


Dois ideais opostos incomunicáveis.


Um não suporta o outro, um não deixa de matar o outro.


Se o governante aceita a corrupção, pratica a corrupção, o sistema vai adernar para o ideal que odeia o trabalho, e explora o trabalho.


E, se o sistema endossa o ideal corrupto, ele vai reproduzir o Estado infeliz, o Estado que prejudica a realização do ideal humano de trabalho digno.


Não importa o quanto os governantes corruptos mintam, para si mesmos e para os outros, que as migalhas que atiram para o povo fazem dele um bom governante.


Enquanto passeia de jatinho, feliz e poderoso por sobre as gentes, jatinho que sabe que foi conseguido por meios inconfessáveis.


Ele se mente dizendo que tudo o que fez foi para o bem do povo. Que ele chegou a este píncaros de poder para realizar a vontade de Deus e do povo. E que ele se valeu de toda injustiça, foi porque ele precisava fazer isso para chegar até ali, para o bem do povo.


Este mente, e mente tanto, que já vive em pleno delírio, como um louco.


Para este, não há sequer argumento. Do que serve argumentar com um louco?


Falo para as pessoas sãs, e para estas eu digo: não devem aceitar que os governantes nos ditem sua loucura. Ela serve para eles, se é que serve, mas para eles ganharem outro milhão, ou outro bilhão.


Para nós, os que pagamos, e nada recebemos, ou recebemos merda, para nós, os explorados, a lógica insana não nos serve.


Como dito, desde o princípio, para nós serve o Estado bem estruturado, em que o bom ideal prevaleça.


Onde um policial pode ser um policial, um professor um professor, um juiz um juiz, um fazendeiro um fazendeiro, um operário um operário.


Sem a sobrecarga desumana dos tributos estúpidos, das burocracias infernais, das explorações variadas.


Do custo-país.


É possível que consideres tudo isso uma simples história de velhas, que só

merece o teu desprezo. Não fora nada extraordinário que nós também a desprezássemos, se

em nossas investigações encontrás semos algo melhor e mais verdadeiro. Mas, como viste,

vós três, os mais sábios Helenos do nosso tempo, tu, Polo e Górgias, não fostes capazes de

demonstrar que devemos viver uma vida diferente desta, que se nos revelou vantajosa até

mesmo no outro mundo. Entre tantos argumentos desenvolvidos, to dos foram refutados,

tendo sido este o único que se manteve firme, a saber, que devemos com mais empenho

precaver-nos de cometer injustiça do que de ser vítima de injustiça, e que cada um de nós

deve esforçar-se, acima de tudo, não para parecer que é bom, mas para sê-lo realmente, tanto

na vida particular como na pública. Se alguém se tornar mau sob qualquer aspecto, deverá ser

castigado, sendo esse o segundo bem depois do de ser justo, que é tornar se justo por meio do

castigo e da expiação da culpa; que toda adulação deve ser evitada, tanto com relação a si

próprio como a estranhos, quer sejam poucos, quer muitos, e que tanto a faculdade de bem

falar como os demais recursos desse gênero só devem ser empregados a serviço da justiça.

Aceita, portanto, meu conselho, e acompanha-me para onde, uma vez chegado, serás feliz,

assim na vida como na morte, conforme nosso argumento o certifica. Deixa que te desprezem

como insensato, que te insulte quem quiser insultar, sim, por Zeus, recebe sem perturbar-te

até mesmo aquele tapa ignominioso; não virás a sofrer mal nenhum, se fores um homem

verdadeiramente bom e se praticares a virtude. E depois de a termos praticado em comum, se

julgarmos conveniente, dedicar-nos -emos à política ou ao que melhor nos parecer, o que

decidiremos oportunamente, quando para isso ficarmos mais aptos do que estamos agora.

Pois é vergonhoso, sendo nós o que mostramos ser neste momento, blasonar como se

valêssemos alguma coisa, quando nem sequer pensamos do mesmo modo sobre qualquer

assunto, principalmente os de mais importância, tão grande é nossa ignorância! Tomemos

como guia a verdade que acaba de nos ser revelada e que nos indica ser a melhor maneira de

viver a que consiste na prática da justiça e das demais virtudes, na vida como na morte.

Aceitemos essa norma de vida e exortemos os outros a fazer o mesmo, não aquela em que

confias e que me aconselhaste a seguir. Porque essa, Cálicles, é carecente de valor.


- Sócrates, no diálogo “Górgias”, de Platão

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O médico e o monstro, ou O Estranho Caso do Dr. Jekill e do Sr. Hyde


Je-kill: Eu mato

Hyde: Escondido



Este livro, uma pequena novela, foi escrito em 1886 , pelo escocês Robert Louis Stevenson (1850-1894).


A trama, conhecidíssima, foi transposta para o cinema diversas vezes, foi parodiada em desenho animado, e virou uma referência de cultura.


O médico inglês, muito bom e correto, mas que, indulgente com suas próprias características malévolas, desenvolve uma poção mágica que faz cindir sua personalidade. Ou isto, ou a cisão de sua personalidade o fez desenvolver uma poção mágica que a justificasse.


De qualquer modo, ele liberta a besta dentro de si, na figura monstruosa do Sr. Hyde. O bom Dr. Jekill.


Este livro foi escrito durante a era Vitoriana, em que a Inglaterra liderou uma política imperialista mundial. Os países da Europa competiam para ver quem dominaria mais partes do mundo, nas Américas, na África, na Ásia, e na Oceania, os continentes e civilizações “primitivos”.


Sim, não tinham a pólvora, não tinham não tinham os arcabuzes e canhões. Não tinham as fragatas.

Não tinham tudo aquilo desenvolvido recentemente pela tradição científica moderna, que abriu as portas para este rápido desenvolvimento tecnológico.


O imperialismo lançou as sociedades européias em uma competição para definir quem exploraria os melhores nacos de continentes. Para conquistar e manter as posses era necessário desenvolver a indústria bélica, e naval.


A Inglaterra, a pequena ilha, adquiriu um predomínio, a partir de suas vitórias navais sobre a Espanha e a França. Conquistou rotas, construiu um império.


Para manter estas conquistas, militarizou em alta medida sua sociedade. A carreira militar era estimulada, invejada, admirada. A ideologia dominante era: “Salve a Rainha! Pela glória da Rainha!”, a justificar a dominação.


Grandes negócios eram fechados com as populações dominadas: jóias da Índia, para a Coroa da Rainha. Açúcar das ilhas. Africanos, como escravos. E o ouro, e o diamante, e o marfim.


Muito dinheiro envolvido, justificando seus muitos negócios. Claro, isto para alguns, para aquelas grandes companhias de comerciantes, para a Corte, que vendia suas permissões de exploração, partilhando dos lucros.


Para a sociedade, entretanto, prevaleciam as condições penosas, de grande exploração humana, no princípio da Revolução Industrial.


E toda a sociedade pagava o preço da absorção progressiva da cultura guerreira.


Para alguns, era uma boa carreira, mas para outros era a morte ou a mutilação. E, para todos, era uma escola da crueldade, do assassinato, do domínio explorador.


Uma deformação do caráter social.


Mas os que tinham os grandes lucros, os que levavam vidas de reis e de rainhas, estes viam uma grave subversão dos que não desejavam esta guerra. Para estes, interessava que a sociedade percebesse seus críticos como verdadeiros traidores da Mãe-Pátria.


Claro: se não houvesse os exércitos, não haveria os comércios, e aí, olha a França nos ultrapassando! Nossos inimigos, estão lá enriquecendo, amanhã estão com mais canhões, estão mandando na gente!


E os franceses pensavam outro tanto, e os espanhóis, e os italianos, e os alemães, e os russos...


Já se viu onde foram parar os europeus, à medida que fortaleciam seus Estados e passavam a disputar com maior veemência uma alteração do equilíbrio de poder: as duas Grandes Guerras que sacramentou a queda relativa da Europa como primeira do mundo.


O próprio imperialismo fez com que outros povos tivessem o contato com aquelas técnicas, aquela ciência, que fazia dos europeus os donos do mundo.


E estes povos, alguns velhas civilizações subestimadas pela arrogância dos dominadores, fizeram uso deste aprendizado para se fortalecer, e sacudir o jugo europeu.


Os EUA romperam este jugo, já em 1776. O Japão, com uma determinação e disciplina infinitas, surpreendeu o mundo ao derrotar a Rússia, no final do século XIX. E, hoje, vemos a rapidez com que a China, a Coréia do Sul, os Tigres Asiáticos, desenvolvem sua educação, suas indústrias.


Copiaram com sucesso, adaptando para suas realidades, o pensamento racional europeu, com sua evidente vantagem no domínio da realidade.


Mesmo numa tribo africana, que ontem jogava lanças, hoje atirava com fuzis e metralhadoras. Era questão de tempo até que o jugo europeu sobre o resto do mundo se afrouxasse. Aquela discrepância de poder existente entre a pequena Europa e todo o resto do mundo não poderia se manter indefinidamente.


As gerações passavam, e as relações se alteravam.


O período vitoriano foi o apogeu que prenunciava o declínio daquele tempo. A queda, aliás, foi profunda, já disse, as duas Grandes Guerras, quando a Alemanha ameaçou seriamente a Inglaterra. Colado à Alemanha, vieram Império Austro-Húngaro, Itália. Os que se consideravam perdedores, na partilha do mundo. Mas agora, principalmente na Alemanha, o crescimento econômico ocorre em ritmo acelerado, com uma população educada, explorando os vastos recursos minerais e energéticos da Alemanha.


Sentiram-se ameaçadas, França, Inglaterra, e Rússia, as velhas senhoras confortáveis sobre seus domínios. E a guerra estourou, sangrenta como nunca antes. As maravilhas da ciência moderna também serviam para desenvolver eficientes formas de matar em massa. Gases, e bombas, e tanques de guerra. Submarinos, couraçados, e aviões. Culminando tudo, a bomba atômica.



Kurtz perdido no meio da selva africana, tão eficiente no roubo, tão perdida sua alma... o horror... o horror... sua cabana cercada por estacas, com as cabeças de nativos nas pontas...


Senhor Hyde, liberado pelo racional e civilizado Doutor Jekill.


O período vitoriano era uma época de hipocrisia. Moralismo sexual, puritanismo, repressão de instintos. Olhe como somos castos e puros, os ingleses, tão formais, tão estratificados em classes, tão elegantes nos ternos, tão cumpridores de uma extensa codificação das relações sociais!


E por dentro, no fundo desta fachada tão vistosa, homens de fraque e de cartola, mulheres de longos vestidos, sustentando todo este luxo, alimentando toda esta fantasia, estavam as atrocidades cometidas contra os nativos, estes bugres, selvagens...


Sim, o cavalheiro inglês que bebia chazinho num verde campo, à frene de uma grande mansão com criados, tinha ido meter uma bala ou uma faca num chinês, a milhas de distância de seu lar doce lar.


Ele próprio, ou algum outro inglês por ele.


Eis aí Doutor Jekill. Eis aí Senhor Hyde.




Além do fantástico livro que gerou este mito moderno (ou esta roupagem moderna de um velho mito: basta lembrar dos duplos, ou da licantropia), recomendo o filme dirigido por Rouben Mamoulian em 1931, com a participação de Fredric March no papel de Dr. Jekill/Sr. Hyde.


Sua caracterização impressiona, em cada pequeno gesto, em inúmeros detalhes convincentes para cada personagem. Dr. Jekill aparece em sua fraqueza que já prefigura o Sr. Hyde. E o Sr. Hyde é um monstro, mas terrivelmente real, capaz de se passar por humano. Capaz de frequentar um bar, e vestir uma casaca, e ameaçar e dominar uma pobre mulher, e de gastar o seu dinheiro. Um ser dominado pela satisfação do apetite, sem qualquer outra consideração. Um ser dominado pelo instinto, e nisto o filme, tão antigo, era muito ousado e honesto, ao relacionar diretamente o instinto sexual como móvel para Jekill/Hyde.


A perna da mulher balançando, dominando a mente de Jekill, fazendo-lhe recorrer à poção mágica para satisfazer seu instinto, como Sr. Hyde.


Hyde se vale de tortura psicológica, aterrorizando a jovem que deseja para tê-la sob seu domínio, e terminando por assassiná-la, quando ela vai buscar a ajuda, ironicamente, do bom Dr. Jekill. Neste ponto, o filme constrói uma das mais terríveis cenas de horror do cinema, mostrando com realismo a crueldade do monstro que destrói uma preciosa flor, por sua absoluta falta de consideração pelo próximo. Cruel, como a cena em que Jekill, enlevado pelo passarinho que vê numa árvore, e pela esperança que sente renascer em sua alma, vê horrorizado a morte inevitável se abater sobre o pássaro, na forma de um gato.


Enfim, um grande clássico do horror, uma das mais marcantes interpretações do cinema.





quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ser ou não ser, eis a questão

Recebi este texto por email da minha querida mãezinha.

Gostei muito das idéias de Roberto Shinyashiki, assino em baixo:


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>>Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de
>>empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e
>>internacional.
>>
>>
>>
>>'Cuidado com os burros motivados'
>>
>>Em 'Heróis de Verdade', o escritor combate a supervalorização das aparências,
>>diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.
>>
>>
>>
>>ISTO É- Quem são os heróis de verdade?
>>
>>Roberto Shinyashiki-- Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de
>>sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado,
>>viajar de primeira classe.
>>
>>
>>O mundo define que poucas pessoas deram certo.
>>Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários
>>que não chegaram a ser gerentes.
>>E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados.
>>Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu à pena,
>>porque não conseguiu ter o carro, nem a casa maravilhosa.
>>
>>Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa, possa se
>>orgulhar da mãe.
>>
>>O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes.
>>Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida,
>>e não para impressionar os outros.
>>São pessoas que sabem pedir desculpas e admitiram que erraram.
>>
>>
>>ISTO É-- O Sr. citaria exemplos?
>>
>>Shinyashiki-- Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai,
>>órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia.
>>
>>
>>Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida.
>>Eles são meus heróis.
>>Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem.
>>
>>É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes.
>>O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da
>>população americana.
>>
>>Em países como o Japão, a Suécia e a Noruega, há mais suicídio do que homicídio.
>>
>>Por que tanta gente se mata?
>>Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher, que
>>embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas
>>em um emprego, que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.
>>
>>
>>
>>
>>ISTO É-- Qual o resultado disso?
>>
>>Shinyashiki-- Paranóia e depressão cada vez mais precoce.
>>
>>O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês,
>>informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece.
>>
>>A única coisa que prepara uma criança para o futuro, é ela poder ser criança.
>>Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando
>>a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos
>>hipócritas.
>>
>>Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo..
>>
>>
>>
>>ISTO É- Por quê?
>>
>>Shinyashiki-- O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo
>>processo de recrutamento.
>>
>>
>>É contratado o sujeito com mais marketing pessoal.
>>As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência.
>>Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as
>>minhas perguntas com uma ou duas palavras.
>>
>>Disse que ela não parecia demonstrar interesse.
>>Ela me respondeu estar muito interessada, mas como falava pouco, pediu que eu
>>pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a
>>um emprego na contabilidade, e não de relações públicas.
>>
>>Contratei-a na hora.
>>Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.
>>
>>
>>ISTO É-- Há um script estabelecido?
>>
>> Shinyashiki -- Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente de
>>multinacional no programa 'O Aprendiz'?
>>
>>
>>- Qual é seu defeito?
>>Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal:
>>- Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar.
>>É exatamente o que o Chefe quer escutar.
>>Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido?
>>É contratado quem é bom em conversar, em fingir.
>>Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do
>>poder.
>>
>>O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse:
>>'Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir'.
>>Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor!
>>
>>
>>ISTO É-- Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?
>>
>>Shinyashiki-- Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se
>>preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam
>>com o conhecimento.
>>
>>
>>Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é
>>competência.
>>
>>Cuidado com os burros motivados.
>>Há muita gente motivada fazendo besteira.
>>Não adianta você assumir uma função, para a qual não está preparado.
>>Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão.
>>Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus
>>chefes, que foram sábios em não me dar um caso, para o qual eu não estava
>>preparado.
>>
>>Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia.
>>O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.
>>
>>
>>ISTO É-- Está sobrando auto-estima?
>>
>>Shinyashiki-- Falta às pessoas a verdadeira auto-estima.
>>
>>Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está
>>baixa.
>>
>>Antes, o ter conseguia substituir o ser.
>>O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom.
>
>>Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser, nem ter, o objetivo de vida se
>>tornou parecer.
>>
>>As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam.
>>E poucos são humildes para confessar que não sabem.
>>Há muitas mulheres solitárias no Brasil, que preferem dizer que é melhor assim.
>
>>Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.
>>
>>
>>ISTO É-- Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em
>>tudo e de valorizar a aparência?
>>
>>
>>Shinyashiki-- Isso vem do vazio que sentimos.
>>
>>A gente continua valorizando os heróis.
>>Quem vai salvar o Brasil? O Lula.
>>Quem vai salvar o time? O técnico.
>>Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.
>>O problema é que eles não vão salvar nada!
>>Tive um professor de filosofia que dizia:
>>'Quando você quiser entender a essência do serhumano, imagine a rainha Elizabeth
>>com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham'. Pode
>>parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já
>>teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo.
>>A gente tem de parar de procurar super-heróis, porque se o super-herói não
>>segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.
>>
>>
>>ISTO É-- O conceito muda quando a expectativa não se comprova?
>>
>>Shinyashiki-- Exatamente.. A gente não é super-herói nem superfracassado.
>>A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza.
>>Não há nada de errado nisso.
>>
>>A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria
>>vida é delas.
>>
>>
>>ISTO É-- Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas
>>coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?
>>
>>
>>Shinyashiki-- Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha
>>vida fluir facilmente.
>>
>>Há várias coisas que eu queria e não consegui.
>>Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho
>>nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos.
>>
>>Com uma criança especial, eu aprendi que, ou eu a amo do jeito que ela é, ou vou
>>massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse.
>>
>>Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo.
>>O resto foram apostas e erros.
>>Dia desses apostei na edição de um livro, que não deu certo.
>>Um amigão me perguntou:
>>'Quem decidiu publicar esse livro?'
>>Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir..
>>
>>
>>ISTO É- Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
>>
>>Shinyashiki-- O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem
>>a essa tirania e tentar evitá-las.
>>
>>São três fraquezas:
>>A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a
>>terceira é buscar segurança.
>>
>>Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram.
>>O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias
>>potencialidades.
>>
>>
>>ISTO É-- Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?
>>
>> Shinyashiki-- A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da
>>sociedade..
>>
>>A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se eles não tivessem
>>significados individuais.
>>
>>A segunda loucura é:
>>Você tem de estar feliz todos os dias.
>>A terceira é:
>>Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo.
>>Por fim, a quarta loucura:
>>Você tem de fazer as coisas do jeito certo.
>>Jeito certo não existe.
>>Não há um caminho único para se fazer as coisas.
>>As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade.
>>Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito.
>>Tem gente que diz que não será feliz, enquanto não casar, enquanto outros se
>>dizem infelizes justamente por causa do casamento.
>>
>>Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos
>>verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo à praia ou ao cinema..
>>
>>Quando era recém-formado em São Paulo , trabalhei em um hospital de pacientes
>>terminais.
>>
>>Todos os dias morriam nove ou dez pacientes.
>>Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte.
>>A maior parte pega o médico pela camisa e diz:
>>'Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei à vida inteira, agora eu quero
>>aproveitá-la e ser feliz'.
>>
>>Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a
>>felicidade é feita de coisas pequenas.
>>
>>Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em
>>imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias
>>oportunidades para aproveitar a vida.

Rei Midas



E que tal essa manchete do Globo de hoje?


“Capital de empresa de filho de ministro cresce 86.500%”

“O Ministério Público Federal no Amazonas investiga suposto enriquecimento ilícito de Gustavo Morais Pereira, de 27 anos, filho do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Criada em 2005 com capital de R$ 60 mil, uma das empresas de Pereira tem agora patrimônio de R$ 52 milhões – crescimento de 86.500 %. As investigações incluem a ligação entre Pereira e a SC Carvalho Transportes e Construções, que recebeu verba do ministério de Nascimento. (...)”


Uma pequena crítica literária deste pequeno trecho: 86.500% de suposto enriquecimento ilícito. Nunca se esqueça de colocar o suposto, enriquecimento ilícito só quando, ou se, a Justiça brasileira condenar com trânsito em julgado pelo crime, daqui a uns 250 anos.


Uma das empresas de Pereira tem agora patrimônio de R$ 52 milhões...”. Atenção: é apenas UMA das empresas do Rei Midas.


...recebeu verba do ministério de Nascimento.” Atenção, aprendam: o ministério não é dos brasileiros, é do Sr. Dr. Excelentíssimo Reverência Ilustríssimo Alfredo Nascimento. Como coisa sua, pode fazer o que bem entender com ela, o tão decantado “patrimonialismo” que designa nossa maneira de pensar, entender e fazer política: fazer na vida pública o que se faz na privada. E sequer lavar as mãos depois.


Mas o ministro deve estar orgulhoso do filhão: esse garoto vale ouro! Ele tem o toque de Midas! 86.500% de avanço patrimonial, em o que? Cinco, seis anos? É um gênio dos negócios! Vamos fazer festa pra ele!


Yiiiip... Yiiip... HURRA!!!! Yiiip... Yiiip... HURRA!


E pro Gustavo? Nada?!?

TUUUUUUU-DO!!!!!


O Gustavo é um bom companheiro...

O Gustavo é um cara batuta...

O Gustavo dá o que é seu por dinheirooooooo...

E é um filho batuta...”


Ziriguindum-

Telecoteco-


Ziringuindumtelecoteco...


Balacobaco...


Mas também, se o Palocci pode, por que não poderia eu? É até muito lógica, esta indagação.


Pois eu cresci meu patrimônio 86.500% sim. E daí?


Paguei todos os meus impostos em cima disso.


Tá tudo regular no meu nome, olha só: a empresa está registrada, bonitinha, na Junta Comercial.


Posso fazer o quê, se dou tanta sorte?



Sou pago pelas Consultorias que presto, entendeu bem?


Não, não sou especialista em porra nenhuma, mas sei como as coisas são... na prática... se é que me entendem...


Que Consultorias foram essas? Sinto muito. Sinto muitíssimo. Oh, sinto, sinto tanto. Mas os contratos são confidenciais, entende? É uma relação consultor-cliente, entende, algo assim, muito intenso... não pode ser exposto em público, tem crianças na sala...


Sai pra lá, Ministério Público, a sua cúpula lá em Brasília já falou que não é pra investigar nada... crescimentos patrimoniais deslumbrantes? O que se há de fazer... o Brasil é assim mesmo...


Nada péga de nada. Amanhã tem outro escândalo... criancinhas bebendo água suja, o dinheiro que era pro esgoto foi pro esgoto...


Mas o POVO gosta de mim, o POVO me ama, e eu amo ele... ah, temos sentimentos tão fortes, tão comoventes...


Oh, inferno dos bons sentimentos!



Filme: O Ódio

Por falar em filmes terríveis, assisti a um, recentemente, que me ficou na cabeça.


"O Ódio", um filme japonês. A trama fala de um tema atual, o bullying na escola, mas a partir daí cria um pesadelo, envolvendo mitologias antigas, como o duplo, e/ou a possessão demoníaca. Dá para ver que não se recomenda o filme para crianças, ou pessoas impressionáveis.


Um sujeito assediado por um intolerável valentão de colégio e sua gangue, é desfigurado (ou sonha que é desfigurado?) quando lhe atiram ácido no rosto.


Adulto, vai buscar uma vingança horrível contra o valentão e sua família, aproveitando para alimentar a fera que libertou no mundo com os cadáveres de quem estiver próximo do seu caminho.


É um filme terrível, legitimamente terrível, e sequer precisa apelar para os banhos de sangue e o festival de efeitos especiais escatológicos. É terrível a sua trama bem urdida de pesadelo, que representa o estado psicológico do protagonista, o homem obcecado pela vingança.


Cotação: 5 estrelas.


http://www.interfilmes.com/filme_17396_odio.html



Filmes: Desconhecido, e A Órfã

O filme “Desconhecido” é uma grata surpresa para os fãs de Hitchcock e para os fãs de um suspense interessante e bem feito.


Foi bem recebido nos cinemas. Seu diretor, o espanhol Jaume Collet-Serra. Vale ficar de olho neste nome, bem sucedido nesta recriação dos “climas” e fixações do Mestre do Suspense.


Embora muito possa se dever ao roteirista, quem sabe? Os diretores às vezes levam mais fama do que deveriam.


Mas, certamente, no caso, ainda que com contribuições substanciais do roteirista, deve-se pensar que o diretor teve sua parcela de “culpa” no sucesso do filme. O trabalho todo dá mostras de ter sido feito por “entendidos”, talvez fãs da obra do mestre.


Além da linha básica do roteiro, que muito “deve”, “homenageia” filmes como Intriga Internacional, Os 39 Degraus, O Agente Secreto, e outros envolvendo espionagem e tramas sórdidas de assassinatos e conspirações, feitos por Hitchcock.


Mas os próprios detalhes das imagens, um final que dialoga com o final de Intriga Internacional, e as aparências enganadoras do filme, a bela loira que é mais que uma simples motorista de táxi, o inocente que é culpado, mas que pode ser inocente, deve-se ver o filme.


Tem os seus exageros, tem as suas inverossimilhanças. Mas é feito com cuidado, inclusive na escalação dos atores, havendo uma ótima cena com os veteranos Bruno Ganz e Frank Langella. E é cinema, claro.


Enfim, um filme novo feito com criatividade, sabendo usar os recursos do gênero.


Desconhecido, Cotação: 4 estrelas.

http://interfilmes.com/filme_24587_Desconhecido-%28Unknown%29.html



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Da curta carreira do diretor, 4 filmes, assisti ao anterior a este Desconhecido, que também chamou a atenção, o filme A Órfã.


Também neste filme eu identifiquei uma influência de Hitchcock. Do filme Psicose.


A Órfã também era uma história de perversão e doença mental. Mas nem de longe desesperançado e terrível como é Psicose.


Neste caso eu pensei que o diretor de A Órfã tinha tentado um passo muito além das pernas. Fez um suspense legal, de dar calafrios, de assistir comendo pipoca. Mas não mergulhou naquela matéria-prima diabólica como fez o artista Hitchcock, para fazer dela sua criação terrível.


A Órfã, Cotação: 3 estrelas.


No Reino das Aparências





Eike (pronuncia-se “Aique”. Por favor.) “sempre ele” Batista.


Não estou falando?


“Eike paga ágio de 20.500% em terreno”. É a manchete do jornal O Globo de 12.06.2011. “Secretário e procurador de Itaguaí compraram terreno por R$ 50 mil e o revenderam por R$ 10,3 milhões à MMX, de Eike Batista. Os dois darão parecer sobre as obras do porto que o empresário constrói.”


Não é uma beleza de negócio? Será que Eike vai reagir irritado, dizer “eu empresto pra quem eu quero, eu compro por quanto eu quero. Compro terrenos, compro pessoas, pessoas “da alta”, pessoas “da grande”. Eu tenho muito dinheiro, e isso é o que importa. Eu tenho muito poder, eu posso te destroçar. Lei, para mim?”


A única lei é morrer.


Uns vão tranquilos. Outros vão gritando.


Bruegel - A Torre de Babel

Os Irmãos Marx

O Império da Desfaçatez




Eike “sempre ele” Batista. Ter de ler que o Governador do Estado, Sérgio Cabral Filho, ia com a família para uma festinha num resort baiano, para comemorar o aniversário de um empresário com negócios de, literalmente, bilhões com o Estado. Fernando Cavendish, proprietário da empresa Delta.


Só para uma reforma interna do Maracanã, 1 BILHÃO DE REAIS. Será que fui eu ou foi essa gente que perdeu a noção da realidade?


Só UM BILHÃO DE REAIS pra uma “reforma”, que na verdade vai descaracterizar em grande medida um estádio que é um patrimônio nacional, e reduzir sua capacidade.


E será que não haveria um projeto melhor para enterrar UM BILHÃO DE REAIS? Alguma coisa como Saúde Pública (caótica), Educação Pública (um lixo), Saneamento Básico (um horror), Segurança Pública (medonha), etc. etc. etc.?


UM BILHÃO DE REAIS pagam um salário de 1 mil para SÓ um milhão de professores.


Este é o senhor Cavendish, ilustre fornecedor de negócios para o Estado.


O outro senhor, Eike “sempre ele” Batista, é ainda mais ilustre. Um dos homens mais ricos do mundo, patrimônio estimado de SÓ TRINTA BILHÕES DE REAIS.


Midiático, vai a programas de entrevistas (teve uma no Jô Soares), é aplaudido nos eventos da moda. Diz que vai salvar tantas mil tartarugas, e posa de benfeitor da humanidade.


Não deve ser tão duro, com trinta bilhões de reais no bolso, nos restaurantes mais finos, nas viagens de jatinho pelo mundo...


E foi num jatinho do amiguinho Eike “sempre ele” Batista que o senhor Governador do Estado do Rio de Janeiro viajava, com a família.


E tudo passa por normal, no Império da Desfaçatez.


Até o ato contrito do senhor Governador, “ah, se eu soubesse que era inadequado...” ah, precisava ter um Código de Conduta do Servidor Público, não é, senhor Governador?


E o senhor Eike “sempre ele” Batista, ainda se sente no direito de afrontar a sociedade: diz que empresta o jatinho pra quem quiser.


E este é o país da Brasilônia.


terça-feira, 5 de julho de 2011

Marisa Monte - Magamalabares

Oi, Joana!

Mais uma música pra você, uma música que mamãe e papai gostam...

Os anjos
De onde vêm?
Sua vida...
Bem vinda...
Na trilha...

Os livros não são sinceros
Quem tem Deus como Império
No Mundo não está sozinho...
Ouvindo...
Sininhos...

A raiz do problema

Uma ótima reportagem no Jornal da Band desta terça, pelo jornalista Valteno de Oliveira:

http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=100000442636

Mostra bem o indecente conúbio entre poder político e poder econômico, unidos pelo objetivo comum de esfolar o povo... Grandes empreiteiras, grandes bancos, grandes doações para candidatos e partidos... Doou 65 milhões? Tá querendo faturar quanto? 650 milhões? 6,5 bilhões? Alguém pensa mesmo, a sério, que as leis não irão favorecer as Grandes Empreiteiras, e os Grandes Bancos? Alguém pensa mesmo que eles esquentarão os bancos de réus, serão condenados por algum crime?

Democracia? Poder do povo? Balela. Não neste sistema, não com estas regras.

E não é um problema exclusivo do Brasil, em todo o mundo a democracia lida com o problema do desequilíbrio causado pelos Grande$ Intere$$e$... o poder da Grana!

Para combatê-lo, deve-se aproximar o representante dos representados, voto distrital puro, JÁ!
E que os mandatos não sejam eternos, com infinitas reeleições. E que se exija dos candidatos aos maiores cargos que tenham passado pelos menorese cargos antes. E que os candidatos e os partidos apresentem suas propostas, um plano detalhado e vinculante do que será sua atuação, caso eleitos. E que a política seja entendida como um processo civilizado de apresentação e defesa
de propostas, e não espetáculo de showmício, propaganda milionária pela TV, fogos de artifício.

Volto ao tema.