
Hybris é a palavra grega para Orgulho.
Um delírio que acometia os heróis, e os mostrava presa do Destino.
Hércules, vítima de loucura, assassinou os próprios filhos, o infeliz.
Para expurgar seus pecados, entregou-se à submissão a rei tirano, que o desafiava impondo-lhe perigos.
Hércules aceita e enfrenta estes perigos, para completar os Doze Trabalhos de Hércules.
Livra a Terra de tantos monstros. E, ironicamente, no seu último Trabalho, traz um monstro para a Terra, ao capturar o terrível Cão Cérbero, do Inferno.
Sim, nem o Herói pode se livrar de trazer o Mal, de um jeito ou de outro, nem o Herói escapa à fúria vingativa da hybris.
Ou escapa à fúria vingativa do Centauro Nesso, morto pelo herói quando tentava raptar sua esposa, mas que antes de expirar utilizou Dejanira como instrumento de sua vingança, entregando-lhe a túnica ensanguentada como talismã para evitar que Hércules se apaixonasse por outras mulheres.
Dejanira vestiu o herói com a manta, que se grudou ao corpo, queimando, e provocando dores tão terríveis que levaram Hércules a se matar.

Na tragédia grega, vemos outras histórias da hybris, o delírio de Poder, que precede a Queda: o Rei Édipo, conquistada com violência a Realeza, para cumprir um fado do Destino, esposa, sem o saber, a Rainha, sua mãe. E isto traz o aguilhão e a guilhotina da Culpa. Rei Édipo, vai morrer cego e infeliz, tendo por consolo a constância de uma filha, atingida por aquela grande dor.
Esta a mesma tradição do simbolismo hebraico, de Orgulho que precede a Queda.
O Orgulho seria não submeter o Ser à Vontade Divina. Este o teor da palavra Humildade, tão depreciada pelos ouvidos do homem moderno.
Porque o Homem iria querer opor sua vontade à de Deus? Não seria inverter a ordem das coisas, e daí desafiar o Divino?
“Comam e serão como deuses” - os tentou a Serpente.
E o Homem deu seu assentimento, e cometeu o Pecado Original, a dura semente que trazemos dentro do peito.
É o mito da Queda, desencadeador da História dos Homens. A História que segue com assassinatos terríveis, com guerras odiosas, e escravidão.
Na verdade, a História da Queda é uma História tão terrível que não poderia ser suportada, se não houvesse a História da Redenção. Se não houvesse a Esperança. Dias melhores virão, quando não estivermos submetidos à tirania do Faraó.
Esta é a Queda: sofrer um Veredito, uma Condenação. Morrer para uma Vida, como fora dito que morreríamos. Acordar para outra, quem sabe, num Inferno? Numa Prisão? Numa guerra?
O veredito do acaso, das circunstâncias, irresistível, irrecorrível.
Estar condenado, e ver que se sofre a Condenação com outros homens. E nada acaba, e se segue pela vida que se tem de seguir, conhecendo a Miséria do homem. O sofrimento, a violência, o sem sentido, que pode ser uma guerra, pode ser uma prisão. Pode ser um massacre num campo de prisioneiros.
E o ser humano conhece tudo isto, e persiste, completando sua própria História. Sofrendo os males de sua condição, e sofrendo os males de sua circunstância.
Tentando, é claro, tornar sua circunstância mais agradável, experimentando a desilusão dos caminhos largos, e descobrindo, talvez, a porta estreita, uma decorrência de aferrar sua existência a uma Ordem Divina, Superior.
Praticar o bem, praticar a bondade.
Procurar ser justo, ser íntegro.
Preservar sua Honestidade, sua Dignidade.
Exigir, sua Dignidade. Exigir para todos, de todos.
Constituir-se, legislar-se, viver numa República sob esta Ordem, para este Fim, sob esta Égide: Dignidade. Direito. Dever.
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