domingo, 12 de junho de 2011

Matemática




E o MEC foi apanhado distribuindo uma cartilha de matemática onde se lia, entre outras pérolas de mesmo jaez, que 10 – 7 = 4.


Será alguma matemática moderna, revolucionária?


Será que o ministro trapalhão e intocável, Fernando Haddad, vai repetir que as críticas ao novo livro de matemática do MEC têm um “teor fascista”, como fez rebatendo as críticas ao livro de português do MEC que validava: “Nós pega os peixe”?


Oh, questões momentosas, no nosso circo Brasil...


Será que ainda não se chegou a um acordo sobre quanto é 10 menos 7? Será que precisamos convocar uma comissão de companheiros para definir os termos do ensino de uma matemática a serviço do proletariado?


Será que o aluno que responde 4, à pergunta: “quanto é 10 menos 7?”, sofrerá de preconceito matemático?


Pois alguns milhares de alunos seriam os destinatários da tal cartilha deseducadora, promovida pelo Ministério da Educação... custo da gracinha? 14 milhões de reais. Como terá sido a divisão dos 14 milhões? Dois milhões pro autor (quá-quá), um milhão pro revisor (quá-quá-quá), 5 milhões pra editora, e os outros 7 milhões para os que viabilizaram o contrato? Os que escolheram editar a tal cartilha deseducadora? Não sei como terá sido a divisão, mas certamente nenhum dos interessados deixou de acertar todas as continhas pra não perder sua parte.


Enquanto isso, em Nova Friburgo, passaram cinco meses da tragédia que vitimou milhares e milhares de moradores. Não só em Friburgo, mas em toda a Região Serrana do Rio, mas falo de Friburgo porque moro nesta cidade.


Cinco meses depois da maior tragédia natural do Brasil, cinco meses depois das visitas de helicóptero das pessoas mais importantes, para posar para fotos e fazer muitas promessas, vemos a situação de abandono das cidades.


Muitos milhões foram prometidos, muito trabalho e seriedade. Mas o que vemos, passados cinco meses, são as obras paradas, nenhuma providência tomada, entulho, morros descascados, falta de calçamento, ruas interditadas...


Alguns tantos milhões até saíram, para fazerem apenas um trabalho superficial de limpeza, e deixando intocadas muitas providências urgentes e importantes.


E não poderiam organizar este trabalho, nossos governantes? Sr. Governador, Sr. Prefeito, Sra. PresidenTA, Srs. Ministros, Secretários de Obras?...


Pensem nesses 14 milhões de reais torrados pelo Ministério da Educação numa obra de deseducar gente. Quantos salários de 2 mil pagariam estes 14 milhões? 2 mil, num país de salário mínimo por volta de 500.


Resposta: 7 mil salários.


E o que 7 mil trabalhadores, em um mês de trabalho, podem fazer?


Pensem no que seria para estas cidades arrebentadas pela chuva, se o Governo anunciasse: temos 7 mil vagas para os trabalhos emergenciais. Por favor, inscrevam-se, precisamos trocar o calçamento, retirar o entulho, limpar ruas, limpar rios, cavar, construir, desobstruir, consertar...


Claro, precisaríamos de uma equipe de engenheiros, para coordenar os grupos e as obras. De resto, mesmo sem grande qualificação haveria possibilidade de prestar um ótimo trabalho. Claro, a economia da cidade também agradeceria, numa época de muita perda.


Mas, é claro que a “vontade política” faz desaparecer 14 milhões numa “obra”, pra se jogar fora. E não se vê os homens trabalhando em nossas cidades, e não se vê trabalho em lugar algum deste país, porque todo o dinheiro que serviria para financiar este trabalho está desviado para finalidades nada nobres.


Gastam-se 700 milhões, 800 milhões, 1 bilhão, num estádio de futebol? Isto é o imoral, na nossa cara.


No Japão, vimos na televisão, CINCO DIAS depois do terremoto que destruiu uma estrada, haviam refeito a estrada. Na Região Serrana, CINCO MESES depois da chuva que destruiu uma ponte na RJ – 116, na altura de Bom Jardim, não há um homem trabalhando no local, não há uma máquina, nada. Só o estrago, os destroços, as casas penduradas.


Mas talvez o país que não aprende quanto é 10 menos 7 tenha de amargar este desgosto.


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