

"A legislação contra a propriedade privada pode ter um ilusório aspecto de benevolência; os homens a recebem de boa vontade e são, de imediato, induzidos a acreditar que, de uma maneira maravilhosa, todos se tornarão amigos de todos, especialmente quando escutarem alguém denunciando os males que estão ocorrendo agora nos Estados, supostamente originados pela posse da propriedade privada. Tais males, no entanto, derivam de causa diferente – a maldade da natureza humana."
Aristóteles, Política, 1263b, II
O fim absoluto da propriedade privada introduziria na sociedade uma absoluta e perene perturbação econômica, que levaria à total incapacidade de prosperar desta sociedade.
É claro que as leis e o governo que forçassem o fim da propriedade privada (porque o fim da propriedade privada só ocorreria através de um ato de violência) seria o responsável por esta ruína.
Se o bom governo é aquele em que a sociedade prospera, e mau governo aquele em que ela definha, é forçoso reconhecer que tal hipotético governo que decretasse o fim da propriedade privada, trazendo a ruína econômica da sua sociedade, teria de se classificar como um péssimo governo.
Os economistas já demonstraram o que o fim da propriedade privada proporcionaria: não haveria trabalho, não haveria comércio, não haveria indústria, não haveria agricultura... neste exercício hipotético, todos morreriam de fome. Porque, quem plantaria, sabendo que a cenoura que plantou não lhe pertencerá? Plantar, colher, se a fruta não pode ser minha?
Claro que na vida real não ocorreria isso. As pessoas plantariam, ainda que fosse escondido, ou ainda que fosse para defender com a vida o produto colhido. Aí, seria a guerra definitiva de todos contra todos. A lei não permite a propriedade da laranja. Então, a laranja será do mais forte, do que tiver condição de fazê-la, de fato, sua propriedade. Já que a lei não ampara o direito do mais fraco.
Este é o Paraíso de abundância e justiça com que sonham os socialistas! Apenas, claro, jamais admitiriam que o seu pensamento seja levado a estas últimas consequências.
É claro que tal Reino sem propriedade jamais foi praticado no mundo. Como poderia, segundo foi demonstrado? Que sociedade sobrevive sobre sonhos e fantasias? É como tentar construir um edifício no ar! Mas acham tão lindo ter a idéia “avançada”, “romântica”, “anti-convencional”, e sei lá mais o quê.
E assim vão dando espaço para que prevaleça, não para este sonho romântico que alimentam, este fantasma, esta quimera, este Socialismo Ideal, mas sim o socialismo real, o evidente mau governo, que desestabiliza a economia e se serve vastamente da violência.
Claro que o socialismo real não vai realizar nunca o fim perfeito da propriedade privada, como habita nas cabecinhas dos mais ingênuos. Como dito, isto é uma impossibilidade, se chegasse a acontecer aconteceria a ruína completa e a guerra completa. Mas eles vão continuar brandindo a bandeira do sonho, enquanto provocam os distúrbios e a violência decorrentes de sua ideologia. Com o tempo, os governantes vão começar a ficar mais pragmáticos, mais transigentes, e sutilmente deixarão de lado os discursos para inflamar a multidão (muito úteis quando eles ainda não tinham o poder), e passarão a se dedicar mais à única tarefa que realmente importa: como chegar ao ápice, e manter o poder?
Na verdade, na História, no mundo dos fatos, todos os governos que foram tomados em nome dessa ideologia radical não cumpriu suas promessas. Quanto mais tentou fazê-lo, aliás, mais danos provocou, mais teve de recorrer à violência. E acabaram transigindo, para não provocar uma reação tão forte que os derrubasse.
E, então, passaram a simplesmente escravizar a maior parcela possível dos habitantes, mas sempre mantendo aquela velha propaganda que o justificava. Ou seja, da boca pra fora, eram “Socialistas”, ou estavam “Construindo o caminho para o Socialismo”, mas na prática, continuavam alguns ricos, muitos pobres, alguns nas mansões, nos carros, nos aviões, nos banquetes, muitos escravizados a um trabalho massacrante, e padecendo misérias, nas cidades, nos campos...
O interesse da sociedade jamais é o de ter os seus negócios prejudicados, ou de ser ameaçada. Um governo que introduz uma desordem na economia, impondo o empobrecimento da sociedade, usando de força para entregar este resultado lamentável, como seria bom para a sociedade? “Pelos frutos os conhecereis”. Como é que a macieira entregaria veneno?
Apenas a cegueira ideológica permite não enxergar isso.
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