sábado, 30 de maio de 2009

Maggie´s farm - Bob Dylan

De Bob Dylan, Maggie´s farm, como apresentada no festival de Newport, 1965. http://www.youtube.com/watch?v=EnO2jwvaB5c
Notem os ruídos de aplausos misturados com vaias, ao final dessa música que, compreensível e meritoriamente provocou reações tão extremas.
Para falar a verdade, é uma música desagradável. Guitarras e barulho, voz esganiçada e letra desaforada. A voz de um caipira, de um escravo, observando singela e certeiramente a desequilibrada Maggie e sua linda família. Mas rock n´roll não tem de ser incômodo, desagradável? Guitarras muito altas, rebolado de Elvis Presley, piano de Little Richard? Grito de excluídos, de humilhados e ofendidos? Filho do blues, filho de escravos?
A juventude antenada que venerava o Dylan folk não suportou ver a mudança do ídolo pro rock n´roll. Vaias pro “traidor”.
Mas, Dylan, você não vai mais trabalhar na fazenda da Maggie. É melhor ser livre e fazer o que se quer, afinal, eles cantam enquanto eu me escravizo, e eu simplesmente fico entediado...
Letra e tradução:

Bob Dylan - Maggies Farm 1965 live

I ain't gonna work on Maggie's farm no more.
I ain't gonna work on Maggie's farm no more.
Well, I wake up in the morning,
Fold my hands and pray for rain.
I got a head full of ideas
That are drivin' me insane.
It's a shame the way she makes me scrub the floor.

I ain't gonna work on Maggie's farm no more.

I ain't gonna work for Maggie's brother no more.
I ain't gonna work for Maggie's brother no more.
Well, he hands you a nickel,
hands you a dime,
asks you with a grin
If you're havin' a good time,
Then he fines you every time you slam the door.

I ain't gonna work for Maggie's brother no more.

I ain't gonna work for Maggie's pa no more.
No, I ain't gonna work for Maggie's pa no more.
Well, he puts his cigarin your face just for kicks.
His bedroom windowIt is made out of bricks.
The National Guard stands around his door.

Ah, I ain't gonna work for Maggie's pa no more.

I ain't gonna work for Maggie's ma no more.
No, I ain't gonna work for Maggie's ma no more.
Well, she talks to all the servants
About man and God and law.
Everybody says
She's the brains behind pa.
She's seventy-two, but she says she's twenty-four.

I ain't gonna work for Maggie's ma no more.

I ain't gonna work on Maggie's farm no more.
I ain't gonna work on Maggie's farm no more.
Well, I try my best
To be just like I am,
But everybody wants you
To be just like them.

They sing while you slave and I just get bored.

I ain't gonna work on Maggie's farm no more.

A fazenda da Maggie

Ah, eu não vou mais trabalhar na fazenda da Maggie

Ah, eu acordo, de manhã,
Junto minhas mãos, e rezo por chuva,
Eu tenho uma cabeça cheia de idéias,
Que estão me deixando louco,
é uma vergonha a maneira que ela me faz esfregar o chão.

Eu não vou mais trabalhar na fazenda da Maggie.

Eu não vou mais trabalhar pro irmão da Maggie.
Eu não vou mais trabalhar pro irmão da Maggie.

Ele te joga um níquel,
Ele te joga um centavo,
Ele te pergunta mostrando os dentes
Se você está se divertindo bastante
Então ele te multa cada vez que você bate a porta.

Ah, eu não vou mais trabalhar pro irmão da Maggie.

Ah, eu não vou mais trabalhar pro pai da Maggie.
Não, eu não vou mais trabalhar pro pai da Maggie.
Bem, ele põe o seu charuto
Na sua cara, só pra se divertir
Sua janela do quarto é fechada com tijolos
A Guarda Nacional faz ronda perto da sua porta

Ah, eu não vou mais trabalhar pro pai da Maggie.

Eu não vou mais trabalhar pra mãe da Maggie.
Ah, e eu não vou mais trabalhar pra mãe da Maggie.
Bem, ela está falando com todos os serviçais
Sobre o homem, Deus, e a Lei,
Todo mundo anda dizendo
Que ela é o cérebro por trás do pai,
Ela tem setenta e dois anos
Mas diz que tem vinte e quatro.

Ah, eu não vou mais trabalhar pra mãe da Maggie.

Ah, eu não vou mais trabalhar na fazenda da Maggie
Eu não vou mais trabalhar na fazenda da Maggie
Bem, eu tento meu melhor
Só para ser quem eu sou
Mas todo mundo só quer que você
Seja exatamente como eles são
Eles cantam e dançam enquanto eu me escravizo
E eu simplesmente fico entediado

Eu não vou mais trabalhar na fazenda da Maggie.

Liberdade

O povo que não tiver um pensamento vivo dentro de si, de que somos dignos de liberdade, e precisamos assegurá-la e mantê-la, vai tristemente se ver dominado pelos exploradores.
Gente que vai se manter no poder eternamente, lucrando fábulas com seus roubos, provocando condições de vida muito piores, para toda a população, do que poderiam ser, garantindo leis e instituições que lhe assegurem a impunidade, degradando a qualidade de vida que poderia facilmente ter sido alcançada, de todos os que trabalham e vêem a miséria em suas vidas, sofrem os roubos, os assassinatos, constantes, veem a falta de esperança e de perspectiva para seus filhos, doentes e morrendo de alguma doença curável, destinados a algum sub-emprego ou ao crime, quando poderiam ter dado uma contribuição enorme...
Se a cultura de um povo aceita tudo isto, pensa que nada de melhor merece, ou pode conseguir, esta cultura de fato está amarrada, amordaçada, e continuando assim vai continuar sendo torturada e roída pelos seus aproveitadores.
Bastará, no entanto, um pensamento que exerça o poder da mudança, um pensamento que instaure as instituições que não irão permitir que se roube, um sistema em que os administradores vão gastar para garantir trabalho, escola, hospital, comida, prosperidade, segurança, dignidade... que pessoas vão prosperar, fazendo um trabalho honesto, e com os índices melhorando, como necessariamente tem de ser.
Será que temos essa elite de pensamento? Será que a temos em massa crítica o bastante para proporcionar a mudança?
A realidade de corrupção impune, de cooptações pelo sistema, diz que não. Pior para a realidade, porque ela vai ceder. Tudo que é sólido desmancha no ar (Marshall Berman). Valorizaremos a liberdade, e saberemos lutar consequentemente por ela. Mesmo que haja desvios e enganos no caminho, mesmo que haja F idéis, e Lenins, e Pinochets, e Hitleres, e Stalins, no caminho.
A revolução não acaba enquanto não votarmos livremente nossas leis, e enquanto nossas leis não garantirem que todos vão ser iguais, que ninguém vai ganhar um dinheiro que se justifique por leis que todos aceitem, e que se apliquem a todos.
Então, em vez de o sujeito ganhar uns milhões por baixo do pano, pra votar alguma leizinha prum “amigo”, e curtir com a cara de todos em seus castelos e mansões, ele vai pra cadeia por corrupção. Então, em vez do sujeito ter uma renda daqui e dali, porque votou com os amiguinhos alguma leizinha que os favorecia, eles vão ter de trabalhar como todo mundo, tantas horas por dia, tantos dias na semana, para ganhar o pão de cada dia.
Chegaremos lá, estamos chegando.

Revolução

A parte boa de saber que um regime não pode perdurar para sempre restringindo a liberdade, é manter a esperança.
Regimes violentos e opressores já foram derrubados antes, sempre podem sê-lo. É preciso apenas haver umas poucas pessoas que tenham a idéia clara, de que a liberdade geral para o povo é o único regime justo.
É preciso gostar do vizinho, do povo. É preciso querer que todo ele seja tratado com honestidade, com dignidade, da mesma forma que se gostaria para si. Aí vai se ver que ele precisa prosperar com trabalho, com dignidade, com harmonia, e aí vai ser festa. Risos, para todos.
Por mais que pareça que o regime é imutável, com sua corrupção, seus canhões, seus comprados, este regime é fraco, doente, e vai cair, tão logo se apresentem estes tantos, com as boas idéias.
Dizer não à violência, por certo. Basta que as boas leis rejam a todos, não é preciso vinganças constantes contra os derrotados do sistema velho. Eles aprenderão a conviver com todos, quando seu mestre tiver caído.
O livro de Hannah Arendt, Da Revolução, lança luz sobre o tema. Ela mostra, historicamente, que a distância entre dominadores e dominados pela força das armas constantemente se mostrou insegura. As armas modernas, e as novas técnicas de exército, não acrescem segurança ao status quo. Ele pode desmoronar com o que parece um passe de mágica, surpreendendo a todos que estavam em volta.
O poderoso império soviético não ruiu, em frente dos olhos de todos, aquele aparato bizarro e surreal de polícia secreta, investigação da vida de todos, internação em prisões no gelo da Sibéria? Foguetes, e mísseis, e tanques. Marchas de milhares de soldados, batendo pés pelas ruas.
E ruiu, se esfacelou, ante o sopro de uma nova geração, que viu tudo aquilo como ridículo, morto...
E assim foi o regimes nazista, o reich de mil anos... e os camisas negras de Mussolini.
Claro que não deixou de haver sofrimento. Guerras mundiais, e tantos mártires da perseguição... mas tudo isto parece que foi um pesadelo, aqueles atos absurdos, sem sentido, mas que fazem parte da maldição.
Também o Brasil acordará de seu pesadelo de ser dominado pela corrupção. Esta esperança é bela, mas não pode adormecer por um segundo a importância da luta. O regime da servidão e da injustiça
precisa parar de prosperar, pela idéia clara de pessoas de coragem para recusar as corrupções do sistema, e para se empenharem por idéias de uma lei, uma organização, que encarcere a impunidade, que garanta a liberdade.
Os males que vemos no jornal, todos os dias, são o sinal claro de que não podemos cruzar os braços.

Beatles no You Tube

Love me do, a primeira a estourar nas paradas http://www.youtube.com/watch?v=zwqzRXDibeM. Uma canção tão simples, dois ou três acordes. Mas leio no almanaque dos Beatles que um crítico de música erudita prognosticou, ao ouvir aquela canção, que o grupo que a tocava revolucionaria a música.

Do grande George Harrison, que tocava 26 instrumentos, inclusive exóticos como cítara e ukelele, While my guitar gently weeps http://www.youtube.com/watch?v=jf6aEnZAxVE

Do último concerto dos Beatles (30.01.1969), em cima do telhado da gravadora Apple Records, em Londres, para os passantes que paravam surpresos para escutar: Don´t let me down http://www.youtube.com/watch?v=cytfRtJvne0. Os Beatles não se apresentavam ao vivo desde 29.08.1966, em São Francisco, EUA, porque o histerismo e a gritaria das fãs eram tão grandes que os músicos não podiam ouvir o que estavam cantando. Como disse John Lennon, sem a música não fazia sentido haver o show. Era apenas um circo de monstruosidades.

Mas em 1969, como um alívio das tensões por que passava a banda, que em breve estaria separada, os Beatles se deram, e a nós, o prazer de uma apresentação. Mais uma do concerto no telhado, Get back, http://www.youtube.com/watch?v=JlWFpdPX45g

E, para completar, o figuraça do Ringo Starr, não podia faltar. Em cada disco, havia uma "música do Ringo": uma canção para ser cantada pelo Ringo, que não podia exigir muitos contorcionismos vocais do cantor. Em 1969, Ringo nos brindou com uma rara e deliciosa composição sua: Octopus´garden. Dois links: http://www.youtube.com/watch?v=Qf41Iq9sYXo e http://www.youtube.com/watch?v=cgPqmRNjoTE

Spanish Castle Magic

http://www.youtube.com/watch?v=_3Kw-madbtU, Spanish Castle Magic "As made famous by Jimi Hendrix", bem mandado.

E agora, Spanish Castle, com o senhor mago da guitarra, ele mesmo, na versão estúdio do maravilhoso álbum Axis: Bold As Love (1967) (informações do disco em http://en.wikipedia.org/wiki/Little_Miss_Lover) http://www.youtube.com/watch?v=YDb2ZC99WQA

Mais Hendrix e Spanish Castle http://www.youtube.com/watch?v=BmkH27LK-X8,
http://www.youtube.com/watch?v=9CoB2FrggUQ,

http://www.youtube.com/watch?v=5aBxXJBJNjA

E agora, letra e tradução dessa música, metralhadora explodindo, aviões decolando, trovões, e relâmpagos...

Spanish Castle Magic
Jimi Hendrix
Composição: Indisponível

It's very far away,
It takes about half a day,
To get there,
if we travel by my a.....dragonfly

No, it's not in Spain,
But all the same,
You know,It's a groovy name
And the wind's just right.

Hang on, My Darling,
Hang on if you want to go
You know it's a really groovy place
And it's just a little bit of Spanish Castle Magic.

The clouds are really low,
And they overflow,
With cotton candy
And battle grounds,
Red and brown.

But it's all in your mind,
Don't think your time,
On bad things,
Just float your little mind around.

Look out

Hang on, My Darling,
YeahHang on if you want to go
It puts everything else on the shelf
With just a little bit of
Spanish Castle Magic

Just a little bit of daydream here and there.

Hang on, My Darling,
YeahHang on if you want to go
It puts everything else on the shelf
With just a little bit of
Spanish Castle Magic

Just a little bit of daydream here and there.


Castelo Espanhol Mágico

É muito muito longe
Leva cerca de metade de um dia
Pra chegar lá
Se nós viajarmos na minha
... Libélula

Não, não é na Espanha,
Mas de qualquer modo
Tem um nome viajante

E o vento está na medida

Segure-se, minha querida,
Segure-se, se quiser ir,
Você sabe, é um lugar viajante de verdade,
E só um pouquinho de um
Castelo espanhol mágico

As nuvens estão mesmo baixas
E elas transbordam
De algodão doce
E batalhas na terra
Vermelhas e marrons

Mas está tudo na sua mente
Não perca o seu tempo
Em coisas ruins
Só flutue a sua pequena mente em volta...

ATENÇÃO!

Segure-se, querida,
Segure-se, se quiser ir,
Coloca tudo o mais numa concha
E só um pouquinho de um
Castelo espanhol mágico

(Um pouquinho de sonhar acordado aqui e ali).

Bob Dylan - Highway 61 - Tradução

http://www.youtube.com/watch?v=MqX4a9eS-Nc, Highway 61 na versão do grande disco de mesmo nome, de 1965, do Bob Dylan. Mais informações sobre o álbum na wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Highway_61_Revisited

Tem também esta versão diferente no You Tube, de que gosto muito, e com desenhos e edição criativos http://www.youtube.com/watch?v=2BH8U_z7Q6c

Letra e tradução:



Highway 61 Revisited
Bob Dylan
Composição: Indisponível

Oh God said to Abraham,
kill me a son
Abe said man
you must be puttin me on
God said no,
Abe said what
God said you can do what you want Abe
butNext time you see me coming you better run

Well, Abe said where you want this killin done
God said out on highway 61

Well, Georgia Sam,
he had a bloody nose,
the welfare department
wouldnt give him no clothes
He asked poor Howard, where can I go
Howard said theres only one place i know
Sam said tell me quick man I got to run

Oh Howard just pointed with his gun
And said that way down highway 61

Well, Mack the finger said to Louis the king
I got fourty red, white and blue shoestrings
And a thousand telephones that dont ring
Do you know where I can get rid of these things?
And Louis the king said let me think for a minute son

And he said yes,
I think it can be easily done
Just take everything down to highway 61

Now, the fifth daughter on the twelfth night
Told the first father that things were'nt right
My complexion she says is much too white
He said come here and step into the light
He said h'mm you're right,Let me tell the second mother this has been done

But the second mother was with her seventh son
And they were both out on highway 61

Now the roving gambler,
he was very bored
Trying to create our next world war
He found a promoter who nearly fell on the floor
He said I've never engaged in this kind of thing before
But yes I think it can be very easily done

We'll just put some bleachers out in the sun
And head out on highway 61

Rodovia 61 revisitada

Bem, Deus disse pra Abraão: “Mate-me um filho”,
Abraão disse pra Deus: “Cara, você deve estar curtindo com a minha cara”.
Deus disse: “NÃO!”
Abe disse: “O QUE?!”
Deus disse: “Você pode fazer o que quiser, mas
Da próxima vez que me vir chegando
É MELHOR CORRER!”

Bem, Abe disse: “Está certo, onde você quer que este assassinato se faça?
Deus disse: “Na rodovia 61”.

Bem, Sam da Georgia tinha um nariz que não parava de sangrar
O Departamento de Assistência Social não ia lhe dar nenhuma roupa
Ele pergunta ao pobre Howard: “Aonde eu posso ir?”
E o Howard diz: “Só tem um lugar que eu conheço”
Sam diz: “Me fala logo, cara, eu preciso correr”

E o velho Howard apontou-lhe o revólver
E disse: “Naquela direção, descendo a rodovia 61”

Bem, Mack “o dedo” falou pra Louie, “o rei”:
“Eu tenho 40 cadarços, vermelhos, brancos e azuis
E um milhar de telefones que não tocam
Você sabe onde eu me livro dessas coisas?”
E Louie “o rei” disse: “me deixa pensar um minuto, filho.”

E ele diz: “SIM, eu acho que pode ser muito facilmente resolvido:
Apenas carregue tudo pra rodovia 61!”

Agora, a quinta filha na décima segunda noite
Contou pro primeiro pai que as coisas não iam bem
“Minha pele” ela diz “é branca demais”
Ele diz: “Venha aqui, e pra debaixo da luz”
e diz: “Hmm, você está certa. Deixe-me contar pra segunda mãe que isto aconteceu”

Mas a segunda mãe estava com o sétimo filho
E eles estavam ambos lá fora na rodovia 61.

Agora, o jogador errante estava muito entediado
Tentando criar a próxima guerra mundial
Ele encontrou um promotor que quase caiu da cadeira.
Ele disse: “eu nunca me meti em algo assim antes, mas
SIM, eu acho que pode ser muito facilmente arranjado:

Vamos só botar uns descorantes no sol
E mandar tudo pra rodovia 61”.

Posfácio:

Eu não sei o porquê de Rodovia 61, mas tinha até pensado em traduzir como Rodovia dos rejeitados, como uma chave que me surgiu para o sentido geral dos versos. Mas mantenho-me na tradução literal, para uma letra de resto repleta de imagens surrealistas, na qual a interpretação pode voar longe.

No mais, adoro essa música, irônica e agressiva na letra e no som. Grande, mister Zimmerman.

P.S. E o jogador errante? Será o diabo?

You tube

http://www.youtube.com/watch?v=GtkVGClqrT4, Bob Dylan, Don´t think twice, it´s allright

One, do U2, com Johnny Cash http://www.youtube.com/watch?v=D4dlqVlj6UA

Bob Dylan, It´s all over now, baby blue, várias versões http://www.youtube.com/watch?v=YN25Pp0hrOM, http://www.youtube.com/watch?v=Gsx6tEXHi44, http://www.youtube.com/watch?v=E06SoECIp1U, e uma versão do Them, grupo irlandês, com Van Morrison no vocal http://www.youtube.com/watch?v=xCNPREFMlRw .

E a letra e a tradução dessa música:

It's All Over Now, Baby Blue
Bob Dylan
Composição: Indisponível

You must leave now,
take what you need,
you think will last.
But whatever you wish to keep,
you better grab it fast.
Yonder stands your orphan with his gun,
Crying like a fire in the sun.
Look out the saints are comin' through
And it's all over now, Baby Blue.

The highway is for gamblers,
better use your sense.
Take what you have gathered from coincidence.

The empty-handed painter from your streets
Is drawing crazy patterns on your sheets.
This sky, too, is folding under you
And it's all over now, Baby Blue.

All your seasick sailors,
they are rowing home.
All your reindeer armies,
are all going home.
The lover who just walked
out your door
Has taken all his blankets
from the floor.

The carpet, too, is moving under you
And it's all over now, Baby Blue.

Leave your stepping
stones behind,
something calls for you.

Forget the dead you've left,
they will not follow you.

The vagabond who's rapping
at your door
Is standing in the clothes
that you once wore.

Strike another match, go
start anew

And it's all over now, Baby Blue.


Está tudo terminado, querida tristeza

Você precisa ir embora,
Pegue o que você precisa,
O que você pensa que vai durar.
Mas o que for que você queira manter,
é melhor agarrá-lo rápido.
Além está de pé o seu órfão, com sua arma,
Chorando como um fogo no sol.
Cuidado, os santos estão chegando!
E está tudo terminado,
Querida tristeza.
A estrada é para os jogadores,
é melhor usar sua cabeça.
Fique com o que você tiver reunido,
Por coincidência.
O pintor de mãos vazias da sua rua,
Está desenhando loucos padrões nos seus lençois.
O céu, também, está se derretendo sob você.
E está tudo terminado,
Querida tristeza.
Todos os seus marinheiros com enjôo de mar estão remando pra casa.
Todos os seus exércitos de mãos vazias estão voltando para casa.
O amante, que acabou de sair pela sua porta,
Levou todos os seus cobertores espalhados pelo chão.
O tapete, também, está sendo puxado de debaixo dos seus pés.
E está tudo terminado,
Querida tristeza.
Deixe suas fundações para trás,
Algo está chamando por você.
Esqueça os mortos que você deixou,
Eles não vão te seguir.
O vagabundo batendo à sua porta está usando as roupas que um dia você vestiu.
Acenda um outro fósforo, vá começar de novo.
E está tudo terminado,
Querida tristeza.
It's All Over Now, Baby Blue
Bob Dylan
Composição: Indisponível
You must leave now, take what you need, you think will last.But whatever you wish to keep, you better grab it fast.Yonder stands your orphan with his gun,Crying like a fire in the sun.Look out the saints are comin' throughAnd it's all over now, Baby Blue.The highway is for gamblers, better use your sense.Take what you have gathered from coincidence.The empty-handed painter from your streetsIs drawing crazy patterns on your sheets.This sky, too, is folding under youAnd it's all over now, Baby Blue.All your seasick sailors, they are rowing home.All your reindeer armies, are all going home.The lover who just walked out your doorHas taken all his blankets from the floor.The carpet, too, is moving under youAnd it's all over now, Baby Blue.Leave your stepping stones behind, something calls for you.Forget the dead you've left, they will not follow you.The vagabond who's rapping at your doorIs standing in the clothes that you once wore.Strike another match, go start anewAnd it's all over now, Baby Blue.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Contra as cotas raciais

A política de cotas raciais está aí, ganhando avanços sem parar, apesar de toda a polêmica que gera.
Na verdade, não vemos um debate sério no Congresso, pesando-se prós e contras. Claro. Nosso Congresso não está aí para debater, ponderar, estudar, refletir. Está aí para disputar cargos e benesses, para favorecer seus redutos eleitorais e garantir a permanência no poder. Esta é a realpolitik, estúpido.
As vitórias dos defensores de cotas se dão como muitas outras, na nossa política: grupos de pressão organizados vão impondo sua vontade sobre o sono indiferente da maioria. É uma lei antiga e bem conhecida, embora pareça afrontar o senso comum, quando se considera superficialmente a questão: como é que um grupo pequeno pode prevalecer sobre uma multidão?
É simples. O grupo pequeno concentra seus esforços, se organiza, e tem muito a ganhar. Enfrenta um adversário, a multidão difusa, o “povo”, disperso pelas múltiplas preocupações, com uma perda que, diluída pelo grande número, será menos sentida, proporcionalmente, do que o grande ganho que a vitória representará para os beneficiários do grupo pequeno. O “povo”, na verdade, é uma entidade abstrata, irreal, sem substância. Não pode prevalecer contra a concretude dos interesses que o assaca. É facilmente enganável, confundível. No final, vai dizer que foi por sua vontade que aquele grupinho ganhou imensos privilégios. É bom conhecer o mecanismo, o seu funcionamento.
Por exemplo: um grupinho de servidores briga na Justiça, pressiona os parlamentares, dos quais estão próximos, fazem campanha, escrevem faixas, elaboram palavras de ordem, para ganhar uma “aposentadoria especial”, de mãe pra filho, repleta de vantagens. Para este grupinho, o ganho é enorme, significa vida mansa, pra eles e pros seus filhos. Pro “povo”, é só mais uma canga. Mais um 0,3% no orçamento da União, coisa que não dá nem pra saber, nem pra notar, no meio das montanhas de dinheiro que somem mesmo, debaixo de sua vista. No final, diz-se que foi mais um ganho social dos trabalhadores, uma vitória, de quem? Dele mesmo, do povo.
Um país com um baixíssimo nível de escolaridade, iletrado, com montes de famílias desestruturadas, com montes de crianças nas ruas, é apenas o pano de fundo ideal para que estes interesses particulares tenham seu ganho máximo frente ao bem público.
Outros exemplos, militares/históricos, podem servir também para ilustrar com maior clareza o mecanismo que leva grupos pequenos e organizados a prevalecerem sobre as multidões sem comando. As falanges gregas, disciplinadas, treinadas, resistiram e derrotaram vastos exércitos persas; os bolcheviques, mesmo que proporcionalmente ínfimos, aproveitaram da anarquia da dissolução do regime czarista para assumir o controle totalitário, absoluto, na Rússia. Depois, claro, também disseram que representavam a vontade do povo russo, e que fizeram a “revolução” em seu nome...
Mas evidentemente isto tudo só serve para outros países, para gregos e persas, e russos, mas não para o Brasil, que ganhou favor especial de Deus. Deus não é brasileiro? E podemos seguir dormindo eternamente em berço esplêndido.
Mas falava de cotas raciais, não é mesmo?
Já vivemos a situação esdrúxula de obrigar professores a definir a “raça” de seus alunos. Este aqui vai ser branco, aquele ali amarelo, e o outro vermelho. E aquele ali é preto. Mas e aquele moreninho? Ele é branco, ou é preto?
Meu Deus, parece tão irreal... um pesadelo humorístico, como dizia Nelson Rodrigues. Como as obras de Kafka, que horror.
E isto servindo, para numa mesma escola, numa mesma classe de aula, um coleguinha ter “direitos” e o outro ser preterido. Porque um tinha a cor “certa” e o outro, quem mandou ter a cor “errada”?
Eu posso entender que se estabeleçam certas “cotas”, em que se utilize o critério renda. Trata-se de enxergar a realidade, ver que somos um país desigual, e que os mais ricos têm vantagens que não têm os mais pobres. Os mais ricos têm melhores professores para seus filhos.
Então, um aluno mais rico que tem uma nota oito numa prova, pode ter a mesma capacidade, e fazer o mesmo esforço, que um aluno mais pobre que tirou uma nota seis nesta mesma prova. É sempre impossível definir os limites concretos desta situação, mas, em tese, dá para se ter uma idéia do que estou falando. Aquele aluno que teve maiores dificuldades, se tiver a oportunidade, pode igualar ou superar o aluno com as facilidades. Bastará para ele querer estudar, e ler alguns clássicos. É injusto, então, fechar-lhe as portas.
Então, penso que o melhor seria uma prova idêntica, e um acréscimo de pontos para os alunos com uma renda baixa. Os detalhes, claro, precisariam ser estudados e definidos.
Não é uma situação ideal. Ideal seria que todas as crianças frequentassem as escolas, e que as aulas tivessem um conteúdo bem definido para ser transmitido, igualmente, às crianças, respeitadas vocações e diferenças, e que os professores fossem bem preparados para transmitir este conteúdo, e que as escolas tivessem boas bibliotecas... a discussão sobre modelo de educação vai longe, e fica para outro artigo.
Mas, como eu dizia, um modelo que acrescesse a nota de quem tivesse uma renda familiar menor reconheceria a realidade de que a desigualdade do nosso país produz resultados diferentes, ainda que o esforço e a capacidade sejam iguais. E agiria para diminuir um pouco a injustiça desta situação.
Também traria a vantagem de não gastar recursos inutilmente, colocando em universidades pessoas que não têm capacidade mínima para frequentar uma, ocupando a vaga de pessoas com esta capacidade, simplesmente para “favorecer” aqueles que não têm renda. Acrescer a nota é um critério duplo: verifica a questão da renda e a da capacidade pessoal.
Finalmente, teria a vantagem de ser aplicado a qualquer um na situação de baixa renda, o que superaria a espinhosa questão de criar um sistema discriminatório a partir de supostas diferenças entre brancos, pretos, amarelos, vermelhos, roxos, lilases, azuis-turquesa e verdes.
Situação totalmente diversa ocorre com as cotas “raciais”. Nestas, como dito, crianças numa mesma escola, numa mesma classe, ou seja, de situações familiares/de renda, similares, estariam sendo divididas pela cor da pele. É preciso dizer mais para mostrar a injustiça? E o que dizer, se um filho de negros, de uma família bem estruturada, com um bom rendimento (é impossível?), fosse preferido para ocupar uma vaga na faculdade, no lugar de um branco, com melhores notas, filho de favelados (não existem?)?
A injustiça flagrante numa situação como esta que descrevo me parece o melhor argumento contra as cotas raciais. Nem quero me alongar sobre exacerbação de conflitos raciais, violência, o fato de que a cor não representa um acréscimo ou decréscimo de capacidade intelectual, inexistência comprovada pela ciência de “raças”, consequente impossibilidade de diferenciação racial, e quejandos. Claro, é tudo relevante, sério e terrível, mas o fato da injustiça gerada já basta para demonstrar a fragilidade do sistema.
Por último, alguns defensores do sistema de cotas raciais defendem que isto seria uma espécie de “compensação” à injustiça histórica da escravidão. E este argumento merece análise.
Sem dúvida, a escravidão é abominável, e devemos todos estar conscientes disso. Vá a Ouro Preto, Minas Gerais, visite as antigas minas de ouro, onde homens eram obrigados a viver a vida (curta) sufocando embaixo da terra, e eram selecionados por seu tipo físico, os mais baixos valorizados porque “cabiam” melhor nas minas, os mais altos tinham os testículos esmagados entre duas pedras, para não reproduzir filhos altos, menos valiosos...
Não aconteceu com extra-terrestres, com uma “raça” diferente da raça humana, ou entre monstros e demônios. Foi um fato, socialmente aceito, legalmente amparado, até 1888, entre nós. Falo “até 1888” não para dizer que está morto e enterrado no passado, mas para destacar que pouco mais de cem anos nos separam da lei áurea. Um nada histórico, e a chaga da escravidão continua no cerne de nossa cultura, produzindo seus efeitos deletérios. Quem sabe o quanto nós, brasileiros de hoje, e não do passado, desvalorizamos o trabalho, exploramos os pobres, devoramos os indefesos? Não é agradável pensar sobre isso, mas é necessário.
Não acredito, no entanto, que engendrar novas injustiças, no presente, vá fazer qualquer coisa para reparar, ou minorar, as injustiças do passado. Nosso compromisso deve ser com o concreto, com o real, com o próximo, com o presente. Nele é que podemos agir, e nossa ação deve estar pautada pela tentativa de criar instituições, leis, idéias, práticas, sistemas, inspirados na JUSTIÇA.
Temos o “branco” concreto, de carne e osso, na sua circunstância, vivendo a sua vida. Está correto que ele sofra a injustiça concreta, real, por supostos crimes que seus antepassados cometeram? Estaria correto, se o espancássemos, se o atirássemos na prisão, se o torturássemos, se arrancássemos sua língua, os seus olhos, isto corrigiria alguma injustiça que um seu suposto antepassado ideal tivesse cometido? É justo que pague aquele que não cometeu um crime, por aquele que cometeu? Eu sei lá se meu ta-ta-ta-taravô foi um criminoso, foi um assassino, foi um romano que queimava cristão, foi um grego, escravizado pelos romanos, foi um comerciante português que escravizava africanos, ou foi um imigrante que passou fome, ou um generoso que dava comida aos pobres. Ou foi um africano que guerreava outras tribos de africanos, e vendia os vencidos como escravos? Será que a cor da minha pele vai dizer isso? Eu não sei, e o que importa? Importa saber o que EU faço da MINHA VIDA. Importa saber se EU cometo o crime, se EU pratico a boa ação, se EU tenho o escravo, se EU luto pela justiça. Não me venham querer cometer uma injustiça, e justificar alegando que pode ser uma injustiça para o indivíduo, mas uma justiça para a “raça”, para a “classe”, para a “seita”, para o “partido”, para o “povo”, ou qualquer destas abstrações da hora que a humanidade corre para idolatrar, logo que tenha oportunidade. Só se pratica a justiça ou a injustiça para o concreto, o real, e nunca para o abstrato. Só se pratica o mal ou o bem para o ser humano, nunca para a humanidade. Quem é dona humanidade, que eu nunca vi?
Eu não sou senhor de escravos. Por que é que o meu lugar na universidade vai ser tirado, para ser ocupado por outra pessoa, porque ela tem a cor de pele “certa”? Percebem o absoluto non sequitur do argumento?
Exagero no exemplo para tornar mais claro o meu ponto: nosso compromisso é de criar uma sociedade em que haja maior justiça HOJE. Não se consegue isso criando sistemas que geram novas injustiças. O hoje é o único lugar em que nos é dado viver.
Para os exaltados que defendem um argumento contrário a este meu, como tenho visto em alguns debates sobre este tema polêmico, vou lembrar o óbvio: esta é a minha opinião, e eu tenho o absoluto direito a ter uma opinião, e a defendê-la, com argumentos. E tenho dito.

domingo, 24 de maio de 2009

You tube

Santana, Black magic woman http://www.youtube.com/watch?v=ymh1o09vRWE

Elvis, You were always on my mind http://www.youtube.com/watch?v=VI94AsuvUUA e Bridge over troubled water http://www.youtube.com/watch?v=mLbOBoa8vD8

Pink Floyd, Atom Heart Mother ao vivo http://www.youtube.com/watch?v=UkzHXlFUBwU

Stones no you tube

Guitarras infernizadas de Keith Richards e Mick Taylor, piano de Ian Stewart, baixo de Bill Wyman, Charlie Watts na bateria, gaita e voz de blueseiro de Mick Jagger, sim, são os Rolling Stones à época da gravação de Exile on Main St. (1972), numa versão para Robert Johnson, Stop Breaking Down http://www.youtube.com/watch?v=NnDpW5vpbDY .S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L, é claro. Para muitos críticos Exile é o melhor LP dos Stones. Eu ainda prefiro Sticky Fingers (1971), também com Mick Taylor, desta maravilhosa Can´t you hear me knocking? http://www.youtube.com/watch?v=sPGf980cLn4

Mas Exile é mesmo especial, com sua sonoridade diversificada, das fontes profundas inspiradoras dos Stones, músicas muito rurais, do interior dos Estados Unidos, e vai dizer que os Stones são ingleses, brilhantemente recriadas: Ventilator Blues e I just want to see his face http://www.youtube.com/watch?v=sWKq6AO17Zw. Com participação especial de Buster Keaton.

Sweet Black Angel: http://www.youtube.com/watch?v=v8M8f9x435I

Loving cup: http://www.youtube.com/watch?v=Ex1nxuM1fU8

Turd on the run: http://www.youtube.com/watch?v=7xzMkWMlCbw

Shine a light http://www.youtube.com/watch?v=oLBB-7-z3SM
Os Beatles então remanescentes na reunião nos anos 90, com homenagens a John. Bonito... The long and winding road http://www.youtube.com/watch?v=JrcYPTRcSX0

E por falar em John Lennon, Woman http://www.youtube.com/watch?v=PaLfDnShEn0
e Instant Karma http://www.youtube.com/watch?v=EqP3wT5lpa4

Karma instantâneo vai te pegar
Vai te socar logo na cabeça

É melhor que se recomponha logo
Muito em breve você vai estar morto

No que no mundo você está pensando?
Rindo na cara do amor.

O que no mundo você está tentando fazer?
É só com você. É. Com você.

Karma instantâneo vai te pegar.
Vai te olhar de volta na cara.

É melhor se recompor, querida,
Junte-se à raça humana.

Como no mundo você vai enxergar?
Rindo de tolos como eu.

Quem na terra você pensa que é.
Um super-astro? Bem, está certo, você é.

Karma instantâneo vai te pegar.
Vai te derrubar dos seus pés.

É melhor reconhecer seus irmãos.
Cada um que você encontra.

Por que no mundo estamos aqui?
Certamente não para viver em dor e medo.

Por que na terra você está lá?
Quando você está em toda parte.

Vá recolher a sua parte.

Quando todos nós seguimos brilhando
Como a lua, e as estrelas, e o sol.

Nós todos seguimos brilhando.
Como a lua
E as estrelas
E o sol.

Instant Karma
John Lennon
Composição: Indisponível
Instant Karma's gonna get you
Gonna knock you right on the head
You better get yourself together
Pretty soon you're gonna be dead
What in the world you thinking of
Laughing in the face of love
What on earth you tryin' to do
It's up to you, yeah you

Instant Karma's gonna get you
Gonna look you right in the face
Better get yourself together darlin'
Join the human race
How in the world you gonna see
Laughin' at fools like me
Who in the hell d'you think you are
A super sta
rWell, right you are

Well we all shine on
Like the moon and the stars and the sun
Well we all shine on
Ev'ryone come on

Instant Karma's gonna get you
Gonna knock you off your feet
Better recognize your brothers
Ev'ryone you meet
Why in the world are we here
Surely not to live in pain and fear
Why on earth are you there
When you're ev'rywhere
Come and get your share

Well we all shine on
Like the moon and the stars and the sun
Yeah we all shine on
Come on and on and on on on
Yeah yeah, alright, uh huh, ah

Well we all shine on
Like the moon and the stars and the sun
Yeah we all shine onOn and on and on on and onWell we all shine onLike the moon and the stars and the sunWell we all shine onLike the moon and the stars and the sunWell we all shine onLike the moon and the stars and the sunYeah we all shine onLike the moon and the stars and the sun

sábado, 23 de maio de 2009

Novos links pro You Tube

Jimi Hendrix, Hear my train a´comin, o único registro em violão do mago da guitarra. http://www.youtube.com/watch?v=wCQBbgb_Lvo

Stones, 1965, Get Off my cloud http://www.youtube.com/watch?v=Ss02sfQinxI

The Who, gravando Who are you? http://www.youtube.com/watch?v=l_FZVD5lsAw, olha as caras do figuraça Keith Moon, fera da batera, bem diferente e gordinho aqui, em 1978, pouco antes de morrer. Mas o mesmo alucinado e engraçadíssimo de sempre. Dizem que só ele conseguia fazer o sorumbático baixista John Entwistle sorrir, como neste vídeo. Compare com o Keith Moon novinho (1968, só 10 anos antes) de A Quick One (While he´s away), no Rolling Stones Rock n´roll circus http://www.youtube.com/watch?v=QW3lCBkJPrk.

E como estamos falando do Who, The Seeker http://www.youtube.com/watch?v=CR-ZAnil_Mw, e Join Together http://www.youtube.com/watch?v=eX8uCdenpgU

POLÍCIA

O que dizer de uma polícia, em um país, em que se tortura? O que dizer de uma polícia, em um país, em que 1% dos assassinatos têm como resultado a conclusão de um processo com uma condenação?
Eu não estou falando por hipótese, ou de uma ilha irreal chamada Distopia. Eu estou falando do Brasil, e da sua polícia. São fatos, e só escandalizam pouco porque não pensamos muito nisso, porque nos habituamos com qualquer absurdo. Isto é o que vivemos, e é estranho pensar que vivemos isto.
Notem que falo em “polícia” e não em “policiais”. Não acho justo colocar os homens que vivem dentro deste sistema insano como responsáveis por toda a insanidade do sistema. Geralmente, são suas próprias vítimas, e muitas vezes conseguem fazer algo de útil e honesto, mesmo tendo de lutar contra todas as dificuldades e insanidades imposta pelo “monstro”.
Também não é só a polícia. Falei em polícia para destacar, em cores vivas, os imensos problemas, as imensas dificuldades, da sociedade em que vivemos. Qual exemplo atinge melhor o sentimento, a imaginação, que a própria segurança, e a de nossos familiares?
Se a polícia é podre, violenta, despreparada, também o são a saúde, a educação, a justiça, a política, a economia, a cultura. E todos sofremos com esta corrupção geral, com esta insegurança, com esta injustiça, deste sistema fraudulento, insano, corrupto. Todos, menos uns tantos “espertos”, que acham que tudo está às mil maravilhas, porque estão “se dando tão bem”. Se corrompem, e querem que tudo esteja corrompido, para “ninguém ser melhor do que o outro”, para “ser tudo a mesma geléia, a mesma merda, e chafurdemos todos”. Uns “melhores” do que outros, porque têm um carrão, e têm muito dinheiro, e têm a mansão, e são muito espertos.
Talvez seja verdade que todos precisemos lamber o chão, sentir o chicote, a humilhação, para poder abrir os olhos. Como diria Bob Dylan, everybody must get stoned. Um país que se habituou a ver homens como escravos, e homens como patrões, não é de uma hora para outra, num passe de mágica, que vai conquistar uma cultura de igualdade, respeito, dignidade. Vamos manter o sistema que não dá dignidade, sofrendo como escravo, sonhando com ser o patrão, até que conquistemos a compreensão de que enquanto não se constrói uma sociedade em que dignidade seja partilhada por todos, vai-se estar condenado a viver a indignidade.

TRABALHO

Trabalho é princípio de organização nuclear de qualquer sociedade.
O trabalho gera o rendimento, o responsável pelo teto, pelo alimento, pela tranquilidade de alma. Reconhecer a importância do trabalho significa querer que todos possam ter acesso a ele, mediante suas capacidades, e que isto lhes proporcione um rendimento que lhe permita viver em paz. Construir o mundo, e permanecer no mundo, à sua maneira.
Por que o trabalho é tao desorganizado, no Brasil, que pessoas passem fome, ou se desperdicem em sub-empregos? Por que o trabalho não pode ser dividido, racionalizado, para que todos possam ter seu quinhão de contribuição comum, e ninguém fique desempregado, e o trabalho não se converta também numa escravidão?
O princípio organizador de uma sociedade livre, sadia, é a distribuição da tarefa, de maneira que não haja exploradores e explorados. No Brasil temos ouvido falar em permanência da escravidão, grandes milionários que escravizam homens miseráveis, ignorantes, na desenfreada ambição.
Vemos grandes fortunas serem transferidas, indo acabar nas maos de gente que sequer trabalha, tudo chancelado pelas “leis” do nosso Estado.
Absurdos à luz do dia, para sangrar os olhos de quem se arrisca a ver. Gente graúda “aposentada” porque ocupou um cargo de Governador, por alguns minutos que seja. Isto está na “Constituição” de muitos de nossos valorosos Estados. Tudo tão descarado, aproveitando-se de um povo adormecido pela mais negra ignorância.
E as nossas “elites”, meu Deus, tão e tão, cooptadas. Sequer pensam o sistema que se desmonta e as ameaça, à sua frente. Injustiças celebradas como piada. Falta de idéias, falta de interesse... o que pode explicar tamanha imobilidade? Falta de compreensão, falta de fé, é o mais grave. É preciso ter esperança no homem e no futuro, para se evitar as tentações da corrupção. O interesse pelo próximo faria os homens se portarem com dignidade, mas não é sempre que isto se dá.
Vemos os homens com os dólares na cueca, vemos as pilhas de dinheiro em cima das mesas, vemos o sujeito que ganha de presente um carro, uma casa, ocupando diretorias, ocupando os governos. Tudo isto vem à tona, e ninguém sai do seu entorpecimento. As pessoas envolvidas nestes esquemas, à vista diante dos olhos de todos (e Deus salve a liberdade de imprensa!), continuam protegidas pelos nossos poderosos no poder.
E como acreditar em Justiça num país assim? Como acreditar num país assim? O
que esperar de suas leis, de sua moral, de sua cultura, do seu povo, destes homens que nos governam? A esperança reside em que a juventude, sofrendo estas injustiças, experimentando o que é viver e trabalhar num país construído assim, desperte, e se revolte.
Revoltar-se, que eu digo, não é acrescer a confusão e a loucura, numa manifestação irracional, não refletida, sem propósito. É preciso cultura, entendimento e valor, para ver que a revolta é contra as práticas de corrupção. É preciso que as pessoas se acostumem a não aceitar como justificável, normal, irrelevante, o crime, o roubo, a falta de moral.
Não acredito em revolta sem idéia, ou sem ideal. Isto para mim é apenas a outra face da conformismo idiotizado. Ambos servem ao sistema.
Numa sociedade corrupta, a cooptação de consciências é uma constante. O sistema é todo construído para se auto-proteger. A própria cultura circundante age no sentido de empurrar as consciências para esta mesma aceitação uniforme, passiva, mesmo dos maiores absurdos. O roubo fica aceito, quando tanta gente passa pelo governo, ou por qualquer instituição em que se exerça algum poder, e em breve enriqueça. Isto acontece à vista de todos, gente que “não tinha nada” e logo tem mansões, e castelos, e automóvel importado, e avião. De onde vem isto? Não admira a disputa insana por poder, pois uma vez adquirido o roubo, vai-se usufruir para sempre dele, e prevalece a impunidade.
E como acreditar então nestas instituições, que deveriam nos proteger, a polícia, o Ministério Público, o Judiciário? Para que servem, se não servem para reprimir e prevenir o roubo, as organizações criminosas, a corrupção? Por que as nossas leis, os nossos regulamentos, os nossos decretos e medidas provisórias não nos protegem? Por que estamos tão expostos, acompanhando o absurdo de ver tantas pessoas assassinadas, velhos e jovens, mulheres e crianças?
Ou se adquire uma “massa crítica” de elite pensante, honesta, que se revolte contra esta “organização” corrupta da sociedade, que rejeite a “vida fácil”, e se proponha criar uma sociedade de acordo com este ideal, ou vai-se permanecer amargando os sofrimentos e retrocessos de uma (in)cultura selvagem.
Na Venezuela, em outros países, muitas vezes na história, vemos isto acontecer. É um grande erro supor que as conquistas boas estão garantidas para sempre. Os governantes (tiranos) fazem esforços constantes para suprimir a oposição, para calar a crítica, para se perpetuarem no poder. Sempre em nome de belos ideais, e de terríveis ameaças. “Dêem-nos o poder, para que o reino da justiça e da abundância caiam sobre você, e porque estamos terrivelmente ameaçados pelos judeus/gays/pobres/pretos/drogados/estrangeiros/banqueiros/burgueses/bruxas (o bode expiatório da vez).” Um filme que se repete a todo instante, mas quem não tiver valores e cultura não o vê, e está destinado a perpetuá-lo, sofrendo-lhe os efeitos, mas quase sem o perceber, como tudo o que é habitual, rotineiro, por absurdo e terrível que seja. E consequentemente sem poder lhe fazer face, sem o enfrentar, para lhe derrotar.
Esta que é a mais completa vitória de um sistema injusto: fazer crer que não adianta a luta, porque ele não pode ser derrotado. Aceitar a corrupção, porque as coisas são assim, é a mais completa derrota para um povo. Lutar para preservar a democracia, a liberdade, a justiça, é a maior prova de que um povo é consciente, e sadio.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Querem estuprar a democracia no Brasil

E agora temos a notícia de que está sendo tramada uma reforma política. Cinco partidos apresentaram o projeto para ser votado. Quais são eles? Nada menos que PMDB (como sempre), PT (é, o PT...), DEM (nossos liberais de m...), e PPS e PCdoB (isso aí, os velhos comunistas, mas depois eles podem inventar que não estupraram a democracia, mas a aperfeiçoaram, fizeram dela a “verdadeira” democracia, a “democracia popular”, digamos).
Mas qual é esse projeto mágico, capaz de reunir inimigos tão figadais quanto os velhos comunas do PCdoB e do PPS (ex-Partido Comunista Brasileiro), os nossos “liberais” (põe aspa nisso) do DEM, e o PT, auto-proclamado guardião da ética? O PMDB não surpreende em nada, está em todas mesmo.
Mas deve ser um projeto e tanto mesmo, pra reunir tantas cabeças coroadas, de cinco grandes (no sentido de tamanho, é claro) partidos do nosso Brasi-zil-zil (ah, me dêem um lenço, eu vou chorar...)
Pois o ilustre projeto propõe o financiamento público de campanhas (já ouvi falar em coisa de um bilhãozinho anual, mas isso ainda não é o pior. Ai ai ai.). O projeto propõe ainda (e isto é o pior) o voto em lista fechada.
O que isto significa? Que o povo vai perder o direito de votar numa pessoa de sua escolha, ou deixar de votar em uma pessoa de sua escolha. Ele vai ter de votar numa lista, com uma ordem de nomes de candidatos estabelecida pelos partidos, e esta ordem terá de ser seguida para preencher os cargos na Assembléia.
Não é lindo? Está explicado o que reuniu caciques tão diversos. Nada como um estuprozinho da democracia para gerar um consenso. Nada como combinar um arranjo pra dar todo o poder pros caciques dos nossos partidos, pra deixá-los satisfeitos. Eles é que mandam nos partidos, eles organizam as listas, e só eles vão entrar na festa, eles e os amiguinhos, ninguém pra protestar, encher o saco, dar dor de cabeça... Nada como uma pequena reserva de poder. Nada como escolher os nomes de quem vai partilhar com eles o poder. Tutti buona genti, tutti cosa nostra...
Mas o brasileiro é um forte, e não desiste nunca! Não é assim que fala na propaganda? Um paisinho em que as pesquisas mostram que a maioria do povo nem considera a democracia tão importante assim, um paisinho desses logo supera o trauma. O novo Congresso prometeu aumentar o carnaval para quinze dias. Depois, é só dar um mandato eterno pro Lulinha, podíamos coroá-lo também.
Já pensou? Lulinha I, o Paz e Amor. Lulinha vai ficar tão chique, de coroa dourada e manto púrpura... e nós vamos ficar bem contentinhos, enquanto nos roubam a democracia. Mas nós nem entendemos direito essa coisa de democracia. Isso deve ser uma invenção de gringo, isso não deve nem fazer muito bem nos trópicos... perdeu, playboy, tá dominado... tá tudo dominado...
Vamos nos consolar pensando na História. As invasões bárbaras não duram para sempre. Uns duzentinhos anos, trezentinhos, e quem sabe não temos outra campanha de diretas já? Nesse meio tempo, podemos até escrever uma história própria, interessante como as dos passados de outros povos: intrigas na Corte, lutas dinásticas, assassinatos de pais e irmãos, de mães e de filhos, na briga pelo poder... cada povo tem a história, e a civilização, que pode ter...
Eu é que preferia ler essas histórias de lutas de dinastias apenas em Plutarco ou em Shakespeare, e não nas páginas do jornal. Como será a vida na Nova Zelândia? Será que eles aceitam pedidos de cidadania?
Em tempo: o nosso sistema eleitoral já é repleto de distorções e equívocos. Nenhum sistema será perfeito, mas algumas falhas que se evidenciem podem ser discutidas e corrigidas. Não sou radicalmente avesso a qualquer mudança. Porém, se houver mudança, ela precisa servir para aproximar o eleitor de seu representante, aprimorar os mecanismos de fiscalização e controle. Jamais as mudanças podem servir para afastar o eleitor de seu candidato. Jamais os problemas do sistema devem ser vistos como pretexto para mutilar, ou até matar, a democracia. A discussão sobre um modelo melhor de representação política fica para outro artigo. Este é só para servir de alerta.

Jokerman - Bob Dylan - Letra e tradução

Jokerman
Bob Dylan
Composição: Bob Dylan
Standing on the waters
casting your bread
While the eyes of the idol
with the iron head are glowing.

Distant ships sailing into the mist,
You were born with a snake in both of your fists
while a hurricane was blowing.

Freedom just around the corner for you
But with the truth so far off, what good will it do?

Jokerman dance to the nightingale tune,
Bird fly high by the light of the moon,
Oh, oh, oh, Jokerman.

So swiftly the sun sets in the sky,
You rise up and say goodbye to no one.
Fools rush in where angels fear to tread,
Both of their futures, so full of dread,
you don't show one.

Shedding off one more layer of skin,
Keeping one step ahead of the persecutor within.

Jokerman dance to the nightingale tune,
Bird fly high by the light of the moon,
Oh, oh, oh, Jokerman.

You're a man of the mountains, you can walk on the clouds,
Manipulator of crowds, you're a dream twister.
You're going to Sodom and Gomorrah
But what do you care? Ain't nobody there would want to marry yoursister.

Friend to the martyr, a friend to the woman of shame,
You look into the fiery furnace, see the rich man without anyname.

Jokerman dance to the nightingale tune,
Bird fly high by the light of the moon,
Oh, oh, oh, Jokerman.

Well, the Book of Leviticus and Deuteronomy,
The law of the jungle and the sea are your only teachers.

In the smoke of the twilight on a milk-white steed,
Michelangelo indeed could've carved out your features.
Resting in the fields, far from the turbulent space,
Half asleep near the stars with a small dog licking your face.

Jokerman dance to the nightingale tune,
Bird fly high by the light of the moon,
Oh. oh. oh. Jokerman.

Well, the rifleman's stalking the sick and the lame,
Preacherman seeks the same, who'll get there first is uncertain.

Nightsticks and water cannons, tear gas, padlocks,
Molotov cocktails and rocks behind every curtain,

False-hearted judges dying in the webs that they spin,
Only a matter of time 'til night comes steppin' in.

Jokerman dance to the nightingale tune,
Bird fly high by the light of the moon,
Oh, oh, oh, Jokerman.

It's a shadowy world, skies are slippery gray,
A woman just gave birth to a prince today and dressed him in scarlet.

He'll put the priest in his pocket, put the blade to the heat,
Take the motherless children off the street
And place them at the feet of a harlot.

Oh, Jokerman, you know what he wants,
Oh, Jokerman, you don't show any response.

Jokerman dance to the nightingale tune,
Bird fly high by the light of the moon,
Oh, oh, oh, Jokerman.

E agora a minha tradução, acompanhada de notas e prefácio, e posfácio:



Esta canção deve ter sido composta pelo judeu Bob Dylan quando ele esteve convertido ao cristianismo, para surpresa e indignação de alguns.
O “coringa” é uma imagem inusitada para associar a Jesus. A referência deve ser ao inesperado que simboliza o coringa, o surpreendente, a loucura, até, aos olhos do homem. Pois se a sabedoria humana é loucura aos olhos de Deus, também a sabedoria divina deve parecer loucura aos olhos do homem. A música tem passagens que dão conta desse inesperado, dessa surpresa, ao refletir sobre Deus. Na tradução, eu espalhei várias notas com interpretações minhas sobre passagens da letra. Algumas dessas interpretações parecem mais óbvias, algumas mais discutíveis. Não tenho a pretensão de afirmar que desvendei o que Bob Dylan queria dizer. Já se disse que nas interpretações de obras artísticas, revela-se mais o que vai na cabeça do intérprete do que na do autor da obra. Concordo, mas isso não retira o direito de qualquer um fazer a interpretação que lhe apraz, e partilhá-la. Podem lê-la, ou não, concordar com ela ou não, achá-la interessante ou não.
E eu posso escrevê-la. Há tempos eu aprecio letras de música, me emociono com elas, e as reflito. E desde que li uma edição da Divina Comédia, repleta de comentários, tenho a vontade de também fazer minhas traduções comentadas. Não vejo porque as letras de música teriam uma menor dignidade para serem refletidas, estudadas, comentadas. Quem ama a Divina Comédia, que a estude e a comente. Quem ama a letra de música, é estimulado por ela para alguma reflexão, então a reflita! Não vá um sábio de academia querer me dizer o que eu posso ou não gostar. E eu gosto de Dante e de Bob Dylan, e de Mozart e Elvis Presley. E nem preciso comparar, não acredito que haja possibilidade de comparação. Gosto deles, e isto me basta. Uma hora na companhia de um, outra hora na de outro. Que bom que cada um deles existiu, que bom que eu posso ter uma hora ou outra agradável com eles!
E então vamos à tradução:
CORINGA
De pé sobre as águas
Distribuindo o seu pão1
Enquanto os olhos do ídolo
Com a cabeça de ferro brilham2
Navios distantes
Navegam pra bruma3
Você nasceu com uma serpente em ambos os punhos
Enquanto um furacão soprava4
Liberdade, bem ali na esquina pra você
Mas com a Verdade tão distante
Que bem iria fazer?5
Coringa dançando para a melodia do rouxinol
Pássaro voa alto à luz da lua
Oh, Coringa
Tão rápido o sol se põe no céu,
Você se ergue e se despede de ninguém6
Tolos se precipitam
Aonde os anjos temem pisar
Ambos os futuros tão cheios de horror
Você não revela nenhum7
Trocando mais uma camada de pele
Mantendo um passo à frente do perseguidor interior8
Você é um homem da montanha
Você pode caminhar sobre as nuvens
Manipulador das multidões
Você faz os sonhos se torcerem
Você vai pra Sodoma e Gomorra,
Mas o que te importava?
Não tem ninguém por lá
Que quisesse casar com sua irmã9
Um amigo do mártir,
Um amigo da mulher da vergonha,10
Você olha a fornalha ardente
Vê o homem rico sem nome11
O livro de Levítico
E o Deuteronômio12
A lei da selva e o mar
Foram seus únicos mestres
Na fumaça de um crepúsculo
Sobre um corcel branco como leite
Michelangelo, realmente,
Podia ter esculpido sua figura13
Descansando nos campos, longe do espaço turbulento,
Meio adormecido entre as estrelas
Com um cachorro pequeno lambendo a sua face14
O homem do rifle faz tocaia
Para o doente e o aleijado
O pastor vai receber o mesmo
Quem vai chegar primeiro, é incerto15
Cacetetes e canhões de água,
Gás lacrimejante, cadeados,
Coquetéis molotov, e pedras,
Atrás de cada cortina16
Juízes de coração falso
Morrendo nas teias que tecem17
Apenas uma questão de tempo
Até que a noite venha se aproximando18
É um mundo repleto de sombras
Os céus são escorregadios e cinza19
Uma mulher deu à luz um príncipe hoje
E o vestiu de escarlate20
Ele vai colocar o sacerdote no bolso21
Vai colocar a lâmina para aquecer 22
Vai tirar as crianças sem mãe das ruas
E colocá-las aos pés de uma prostituta.23
Oh, coringa, você conhece o desejo do homem!
Oh, coringa, você não oferece qualquer réplica!
Coringa dança para a melodia do rouxinol
Pássaro voa alto à luz da lua
Oh, Coringa

1No primeiro verso, já temos a referência a Jesus, embora em nenhum momento da canção ele seja diretamente mencionado. Mas Jesus é quem caminha, ou fica em pé, sobre as águas do Lago de Genesaré, na Galiléia. No segundo verso, a referência é ao milagre da multiplicação dos pães (ver Mateus 14, 14 a 33).
2Deve ser a inveja que faz brilhar os olhos do ídolo feito de ferro, diante da visão do Deus vivo.
3Os navios do lago da Galiléia, onde Jesus caminhou sobre as águas? Uma metáfora das vidas caminhando para a morte?
4Hércules estrangulou com os punhos, no berço, duas serpentes enviadas por Juno para matá-lo. Também o furacão indica um momento de perturbação, talvez uma referência à reação violenta do velho mundo ameaçado pela nova era que seria inaugurada pelo Messias. Herodes e o massacre dos inocentes.
5Nesta estrofe, a referência talvez seja à tentação de Jesus no Jardim de Getsemani. Ele poderia se livrar de seus perseguidores e de seu destino. Bastaria rezar ao Pai, e um exército de anjos surgiria para afastá-lo do cálice. Mas com a Verdade perdida, de que serviria? Jesus não se apresenta como o Caminho, a Vida e a Verdade? E a Verdade não libertará? Seja feita a Vossa vontade, portanto. (cf. João 8, 21 a 47).
6O sol se põe, a morte na cruz? E, após, erguer-se pode ser uma referência à ressurreição, e que não haveria despedida, porque permaneceria vivo como Espírito Santo para seus discípulos.
7Um aspecto do Coringa, o misterioso. Os tolos e os anjos têm de enfrentar seus destinos, e a morte, cada qual à sua maneira, mas ambos na escuridão. “Pois eu vos digo: Amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para serdes filhos de vosso Pai que está nos céus. Porque ele faz nascer o sol para bons e maus, e chover sobre justos e injustos.”
8Novas referências à ressurreição? O perseguidor interior = a morte?
9A referência aqui é a Gênesis, 18 e 19. O Jokerman é identificado com o próprio Deus, que decidiu destruir Sodoma e Gomorra pela impiedade de seus habitantes. Mas antes envia dois anjos que vão livrar o justo Ló e sua família da aniquilação. “Ninguém por lá que quisesse casar com sua irmã” - a irmã do Jokerman seria as duas filhas de Ló, o homem justo? Casar com elas seria desposar a justiça. Mas os habitantes de Sodoma queriam violentar os hóspedes de Ló, os anjos do Senhor. O que importava ao Senhor visitar a terra dos homens ímpios? Ainda assim, Ele o faz, na representação de Seus anjos, e conforme a instigação de Abraão, para defender os Seus justos. Ou, melhor dizendo, os que tentam ser justos. Não é fácil entender a atitude de Ló, sacrificando a honra de suas filhas pela de seus hóspedes.
10“Amigo do mártir”, como, por exemplo, no apedrejamento de Estêvão (Atos, 7, 54 a 60), o primeiro mártir. “Amigo da mulher da vergonha”, por exemplo, ao salvar do apedrejamento a mulher adúltera (João, 8, 1 a 11), ou ao perdoar os pecados da mulher comumente identificada como Maria Madalena (Lucas, 7, 36-50).
11O rico sem nome aparece na parábola do rico e do pobre Lázaro, Lucas, 16, 19-31. Este rico da parábola de fato arde no fogo, e não tem nome, ao contrário do pobre, chamado Lázaro. Talvez não ter nome signifique perder a identidade, por amor à riqueza, ou que a condenação não se prende a um homem específico, mas à condição do homem, qualquer homem, que se prende à riqueza. Que idolatra a riqueza.
12Quando perguntaram a Jesus qual era o maior mandamento da Lei, Ele respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, com toda a alma e com toda a mente. Este é o maior e o primeiro mandamento. Mas o segundo é semelhante a este: Amarás o próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (cf. Mateus, 22, 34 a 40). O primeiro mandamento Jesus retira de Deuteronômio 6,5, e o segundo, de Levítico, 19,18. Daí os mestres de Jesus, além da lei da selva e o mar, isto é, a própria natureza.
13Michelangelo realmente esculpe a figura de Jesus, mas apenas na Pietá, que eu me lembre. O “corcel branco como leite” pode ser apenas símbolo de majestade.
14Este trecho me parece uma representação da natureza dupla de Jesus, divina e humana. Em paralelo, o turbulento espaço/as estrelas, e os campos/o cachorrinho lambendo a face.
15Os pastores, os doentes, os aleijados, são todos vítimas do homem com o rifle fazendo tocaia, da crueldade e da covardia humanas, da morte. Permanece oculto o destino de cada um, quem vai ser o primeiro a enfrentar a morte? (Who´ll get there first is uncertain). Compare nota 7.
16Nas imagens de um distúrbio de rua, de um conflito entre policiais e manifestantes, um símbolo para a violência que se oculta em cada coração. A hipocrisia.
17Nova imagem de hipocrisia, agora como causadora da perdição daqueles mesmos que a praticam.
18Noite=morte. A igualadora, inescapável. “Apenas uma questão de tempo...”
19Imagem trágica da vida: incerta, enganadora (cinza), com a sorte mutável (escorregadia), e ameaçada pelo mal (mundo repleto de sombras).
20Nesta vida trágica surge a esperança, Jesus, o Príncipe que foi dado à luz pela humilde Maria. Ela o vestiu de escarlate, cor que denota nobreza, ou com seu próprio sangue no momento do parto, a natureza humana desse Deus surpreendente, motivo de escândalo para tantos?
21São diversas as passagens em que Jesus surpreende e confunde os sacerdotes, os escribas, os doutores da Lei. Por exemplo, Mateus, 22, 15 - 22, 41 - 46; João, 3, 1 - 15. E “ficaram todos tão espantados que perguntavam uns aos outros: “O que é isso? Uma doutrina nova, dada com autoridade! Ele manda até nos espíritos impuros e eles lhe obedecem” (Marcos, 1, 27 - 28).
22“Colocar a lâmina para aquecer”, como um ferreiro que aumenta o gume da espada, tornando-a mais afiada. “Não penseis que vim trazer a paz à terra. Não vim trazer a paz, e sim a espada. Pois vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. Os inimigos da gente serão os próprios parentes” (Mateus, 10, 34 - 36 e Miquéias, 7,6).
23Jesus mostra-se frequentemente surpreendente, como estes versos, subvertendo os valores corriqueiros. Ver nota 10, exemplos da atitude de Jesus, escandalosa aos olhos de seus contemporâneos, de perdão diante das “mulheres da vergonha”. “Tirar as crianças sem mãe das ruas, e colocá-las ao pé da prostituta”, significará amparar as crianças deixadas ao abandono pela indiferença humana, e honrar as prostitutas, habituais repositórios do desprezo dos felizardos(as) bem-de-vida, confiando aqueles órfãos aos cuidados destas.

E termino a tradução, com as notas. Deu-me mais trabalho, e estendi-me mais, do que pensei a princípio. Talvez tenha exagerado, ou forçado a barra, em algumas passagens. Não importa. Como disse, é só uma interpretação, a minha interpretação, sem pretensão de decifrar o pensamento do Bob Dylan.
Creio mesmo que após a publicação, a obra de um autor fica disponível para toda interpretação, qualquer interpretação. Mesmo uma interpretação do próprio autor será apenas mais uma interpretação, talvez sequer a mais interessante.
Também não é que qualquer interpretação se equivalha. O estudo, a imaginação, a própria inspiração, ou talento, do intérprete, podem acrescer ou diminuir o interesse de uma interpretação. Em última instância, porém, quem vai dizer se uma interpretação vai convencer, inspirar, ou emocionar mais que a outra? No clipe de Jokerman que indico no You Tube, em determinado momento surge a figura de Hitler (associada ao verso “manipulador de multidões”). Não sei se o clipe teve alguma aprovação do Bob Dylan, mas não me importa. Como eu disse, a interpretação do próprio autor de uma obra será só mais uma interpretação. Pode ser interessante, mas não obriga, absolutamente, o público a ter a mesma idéia, ou a sentir da mesma maneira.
Para mim Hitler não tem a menor pertinência na música, e não há qualquer termo de comparação entre ele e o Jokerman, Jesus, como eu interpreto. Mas alguns seguidores de Jesus agiram como seguidores de Hitler, massacrando pagãos nas Cruzadas, por exemplo, como se fossem menos humanos, menos o próximo, e pervertendo o mandamento de amor ao semelhante.
Então, se a imagem de Hitler na música pode inspirar a reflexão, ainda que me pareça “errada”, como interpretação, eu não posso deixar de entendê-la válida.
Aliás, eu vejo agora nos comentários ao vídeo, no You Tube, que as teorias são muitas sobre a identidade do Jokerman. Vão de Hitler, ao Cristo, ao Anti-Cristo, ao pai de Dylan, à humanidade... como se vê, a obra artística não se fecha, ela é única para cada intérprete.

E agora, dois links para esta música tão especial: o clipe da versão de estúdio, que saiu no disco Infidels (1983), contando com músicos do naipe do guitarrista Mark Knopfler, o tecladista Alan Clark, ambos dos Dire Straits, Mick Taylor (ex-guitarrista dos Rolling Stones), e os jamaicanos Sly Dunbar (bateria) e Robbie Shakespeare (baixo), badalados como das melhores seções rítmicas do mundo. Note como o fanho Dylan canta com perfeita segurança melódica/de tempo, uma letra grande e espinhosa, ainda carregando de emoção cada frase. http://www.youtube.com/watch?v=JfTMVzbB-u4

E agora vejam esta versão ao vivo, e reparem a segurança com que Dylan modifica arranjo e melodia, sempre reinventando suas canções.
http://www.youtube.com/watch?v=kIS7jFSe8n8

Advogado assassinado a tiros na Guatemala - Acusado o presidente daquele país

Da Guatemala vem a notícia de que um advogado, assassinado a tiros no último domingo, deixou um vídeo no qual responsabiliza o presidente da Guatemala, Alvaro Colom, o secretário particular da presidência, Gustavo Alejos, e Gregorio Valdez, um empresário ligado ao Governo, por sua morte.
Ele justifica os motivos de quererem sua morte por ter sido advogado do empresário Khalil Mussa e de sua filha, Marjorie, sendo que os três ficaram sabendo de negócios ilícitos e milionários feitos pelo Banco de Desenvolvimento Rural, que incluíam lavagem de dinheiro, desvio de verbas públicas destinadas a programas beneficentes inexistentes chefiados pela primeira-dama Sandra de Colom, e financiamento de empresas de fachada do narcotráfico.
Khalil e Marjorie Mussa também tinham sido assassinados, dias antes. O advogado, Rosemberg Marzano, tinha 47 anos. E o que fica é a lição, de como o poder, misturado com o dinheiro, pode vir a ser manejado por pessoas inescrupulosas, e ai de quem atrapalhar a jogada! Para manter os ganhos, não hesitarão se tiverem de eliminar os que estiverem no caminho.
Na Guatemala, estes velhos conhecidos, corrupção, queima de arquivo, ganharam uma expressão dramática por este caso de vídeo póstumo, e a acusação que chega ao último escalão do poder, a presidência da república. Mas não dá pra dizer, infelizmente, que a história seja inteiramente nova para nós.
Corrupção nós temos no jornal de todo dia, na mistura perigosa de grandes verbas públicas, controladas por políticos e ficha suja e seus apaniguados, falta de transparência, falta de controle, impunidade. E execuções também não são pratos tão raros em nosso cardápio, nossos cabras marcados para morrer, desde o emblemático Chico Mendes, até, recentemente, o ocupante de terras assassinado em Brasília, Marcio Leonardo de Souza Brito, num caso que envolve investigação ao empresário Nenê Constantino, fundador da Gol Linhas Aéreas, e muy amigo do ex-Governador, ex-senador, Joaquim Roriz, para quem teria "emprestado" 2,2 milhões de reais.
Assim é, assim vai continuar sendo. Por quanto tempo?
Homens honestos e corajosos assassinados. Seus assassinos, gozando de impunidade. Gozando da “vida mansa” proporcionada pelo fruto dos seus roubos. Triste realidade, produzida pelo sistema que montamos, e que vai continuar se repetindo, enquanto este mesmo sistema for mantido. É uma lei da natureza, é uma máquina. Se temos uma engrenagem, que alimentamos com ferro, e que produz pregos, não seremos tolos a ponto de lamentar os pregos que são produzidos, ou esperar que a engrenagem produza flores, da próxima vez.
Pois a engrenagem que temos produz as execuções que lemos no jornal, que lamentamos, mas não mudamos NADA. Reunimos o ouro, em quantidades cada vez maiores exigidas, e o entregamos nas mãos dos nossos altos senhores, os políticos. E não os fiscalizamos, não os cobramos por isso. É mais como se fosse DELES do que NOSSO. Somos hipnotizados pelo monstro bi-fronte, o Estado, que ora nos seduz com o canto de sereia: “é pelo social... é para os mais pobres...”, ora nos ameaça com cara de górgona: “é um rebelde! Um contestador! Para o fogo com ele!”. E torcemos para que o sistema produza finalmente a tal GRANDE TRANSFORMAÇÃO REDENTORA. Até a próxima notícia de corrupção, até o próximo assassinato. Círculo macabro, pesadelo do qual não se acorda. Até quando morreremos dormindo?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Continua a empolgação com o You tube. Não é pra menos: Eric Clapton, Jimmy Page, Jeff Beck: Layla http://www.youtube.com/watch?v=ICpxgxThG7s

Allman Brothers, com Duane Allman: Whipping post http://www.youtube.com/watch?v=KHhKnc0XZrs

Doors, Roadhouse blues. A filmagem é ruim, mas é a que tem, e rocka: http://www.youtube.com/watch?v=4qLXuyZrRto

Free bird, Lynyrd Skynyrd, 1975 http://www.youtube.com/watch?v=CkTQUtx818w

Janis Joplin, Cry babyhttp://www.youtube.com/watch?v=JjD4eWEUgMM

I am the walrus, Beatles http://www.youtube.com/watch?v=0yNcE8c3j2M, também Lucy in the sky with diamonds (LSD) http://www.youtube.com/watch?v=A7F2X3rSSCU, Get Back http://www.youtube.com/watch?v=JlWFpdPX45g

terça-feira, 12 de maio de 2009

O manicômio tributário

A manchete do Globo do último domingo (10.05.2009) me trouxe à lembrança o artigo que postei em 22.04.2009, intitulado Daslu e a sanha tributária, sobre a condenação da dona das lojas Daslu a 94 anos de prisão por, basicamente, crime de sonegação fiscal. Diz a tal manchete do Globo, e a chamada que lhe segue: ARTIFÍCIO FAZ PETROBRAS PAGAR MENOS IMPOSTO – Empresa deixou de recolher R$ 4,3 bi desde dezembro.
Ora, se usarmos como critério o montante dos recursos desviados, qual pena deveria ser aplicada para os responsáveis pela sonegação tributária, no caso da Petrobras, em proporção com a pena determinada para a dona da Daslu? Alguns milhares de anos de reclusão? Mas será que vamos ter um juiz pra aplicar punição, qualquer punição, no caso da Petrobras? 4,3 bi, desde dezembro, ou seja, quase um bi por mês, que deixou de pingar nos cofres públicos. No jornal publicaram que a Cidade da Música, que custou R$ 600 milhões (até agora), poderia custear a construção de quatro hospitais. 150 milhões por hospital. Então, por mês, a Petrobras nos tirou meia dúzia de hospitais, com um troco de uns 100 milhõezinhos, pra comprar uns remédios. Pra você, por exemplo, que se aperta porque tem de gastar mil reais por mês pra comprar remédios, os 100 milhões te deixariam tranquilo por cem mil meses. Por 8.333 anos, e mais uns quebrados.
Mas temo que desta vez não veremos operações cinematográficas da polícia federal, com filmagens de helicópteros e cerco de refinarias de petróleo. Nem vamos ver juízes rigorosos condenando diretores e presidente da Petrobras a 15 mil ou 20 mil anos de reclusão. Estes espetáculos quadram bem quando é pra mostrar o rigor do rei para com os súditos. A Petrobras não é estatal? Então fica tudo em casa, entre amigos. Como lembra aquele nosso ditado, é para os inimigos o rigor da lei. Aos amigos, tudo.
Porque, brasileiros, somos estatólatras. Herança lusa, escravidão, nos fizeram assim. Temos por natural os privilégios, que os poderosos façam coisas que não é dado ao comum dos mortais fazer. É o país da impunidade. Dos poderosos, bem entendido. Dos que fazem as leis, dos que controlam as verbas. Caso exemplar: há alguns anos, um parlamentar entrou num restaurante onde almoçava um seu desafeto político. Executou-o, com seu revólver, à vista de todos. O que fez nossa Justiça? Pediu permissão ao nosso Congresso para processar o parlamentar. Foi-lhe negada, em votação secreta, e o processo suspenso à espera do fim do mandato. Acontece que o nosso probo parlamentar seguiu se reelegendo, e o caso todo já tem muitos anos, e eu nem sei o desfecho. Mas dá pra ter uma noção do que estou tentando dizer.
Mas se você for um ladrão pé-de-chinelo, cuidado, porque você pode acabar numa cela com mais cinquenta, onde deveria caber cinco. Sem data pra ser julgado seu processo, e é a coisa mais natural do mundo. Sorteio na cela pra matarem algum preso e sobrar mais espaço. Um país bonzinho, como se vê.
Mas voltando ao nosso tema tributário. Cobra-se muito (cerca de 40% do PIB; 4,8 meses do ano você trabalha pro Estado), e oferece-se pouco (saúde, segurança, educação, renda, andam em falta). Por que isso? Por causa dos mesmos vícios de que vimos tratando. Adoração do Grande Pai, o Estado, e de seus sacerdotes iluminados, os poderosos, os donos da coisa pública, os nossos “nobres”, velhos patrimonialistas.
Este termo, patrimonialismo, significa tratar a coisa pública como propriedade particular. São nossos parlamentares que viajam de férias com namorada, filho, sogra, avô, avó, cachorro e periquito, com passagens pagas pelo ilustre bocó-contribuinte. Aí é que a conta não fecha. Primeiro, o dinheiro arrecadado deve servir para pagar TODAS as mordomias dos nossos poderosos. Depois, deve servir para pingar esmolas assistencialistas nos currais eleitorais, para garantir a permanência no Poder desses muito espertos. No fim, a saúde, educação, segurança e renda podem andar em pandarecos. O nosso já tá garantido.
Nesse lindo sistema que temos, transparência, simplicidade, clareza, são indesejáveis. Como é que se vai favorecer o amigo, como é que se vai tosquiar até a pele do inimigo, se tudo for claro, proporcional, justo e simples? Uma única tributação, de alíquota fixa, sobre toda movimentação financeira? Mas aí vai pegar todo mundo que está lavando dinheiro, que tem uma capacidade tributária muito acima do rendimento que pode explicar. Mas este é um assunto pra ser tratado em outro artigo.
Para fechar este, quero só lembrar que, ainda que o “juridiquês” prevaleça neste caso da Petrobras, e que cada centavo dos 4,3 bi de reais que deixaram de pingar venha a ser justificado como manobras legais dentro do sistema, será preciso um bocado de cegueira para não enxergar que este sistema em que uma empresa pode deixar de recolher 4,3 bi por meio de brechas, e artifícios, e manobras, é um sistema essencialmente irracional, injusto, opressivo. Ganhou até um epíteto, que se firmou, de O manicômio tributário. Como eu disse, pode até ser manicômio, mas a alguns interesses serve que seja assim. Resta saber se o interesse geral, de transparência, racionalidade, justiça, algum dia irá prevalecer. Por enquanto, está perdendo de goleada pros interesses particulares e egoístas. E safados. E pra ignorância, e pra falta de crítica.
outra versão de Paint it black, Rolling stones http://www.youtube.com/watch?v=Wn6kHgA-eRE

http://www.youtube.com/watch?v=M_bvT-DGcWw another brick in the wall, Pink Floyd

http://www.youtube.com/watch?v=JfTMVzbB-u4, jokerman, Bob Dylan

http://www.youtube.com/watch?v=xO0gSJGJ7Fs, Like a rolling stone, Bob Dylan

http://www.youtube.com/watch?v=0kNEo8OxrT8, Stairway to heaven, Led Zeppelin

http://www.youtube.com/watch?v=ZC8tI5KADy8, Unchained melody, Elvis Presley, sua última música do seu último show. Realmente emocionante, Elvis gordo e acabado, pouco antes de morrer, aos 42 anos. Mas quem é rei não perde a majestade.

Para contrabalançar, assista http://www.youtube.com/watch?v=RAonlWEWYF8 , That´s all right mama, Elvis Presley, a primeira música que gravou para ser lançada comercialmente, no especial de 1968 (menos de dez anos antes de sua morte).

http://www.youtube.com/watch?v=w2ybQuhQv8g, Can´t you hear me knocking, e http://www.youtube.com/watch?v=gAqtsNWkpUk, Jumpin´Jack Flash, Rolling stones

Voodoo chile, Jimi Hendrix http://www.youtube.com/watch?v=hLJhJGnpovo

http://www.youtube.com/watch?v=mvBkbPEoeAI, Tangled up in blue, http://www.youtube.com/watch?v=2-xIulyVsG8, Subterranean homesick blues, http://www.youtube.com/watch?v=iXwynAlYNS0, mr. tambourine man, http://www.youtube.com/watch?v=2BH8U_z7Q6c, http://www.youtube.com/watch?v=2b4FqFEwlL8, Highway 61 revisited, duas versões, Bob Dylan

http://www.youtube.com/watch?v=3Knbh7TkX6A, Viva Las Vegas, Heartbreak Hotel http://www.youtube.com/watch?v=_1Qo1eaWF8c, Baby let´s play house http://www.youtube.com/watch?v=QI97stLQLdw, Milkcow blues boogie, http://www.youtube.com/watch?v=wKxBMYnXLIY, Elvis Presley

You tube

Agora, com o You Tube, eu tenho de admitir, nunca se teve tanta informação visual, tão fácil de ser localizada.

Basta um computador, conexão com a internet. O que se demoraria meses para se localizar, para adquirir, para poder assistir, e às vezes nem se assistia, está a um toque de computador.

Para quem gosta de música, por exemplo, é um delírio. Uma biblioteca borgiana maravilhosa. Veja o vídeo de Jimi Hendrix tocando Like a rolling stone http://www.youtube.com/watch?v=gYwZ8I8wOGA Pesquise o que quiser lá. Compartilhe. Veja os Rolling Stones tocando Paint it black em 1966, com Brian Jones na guitarra indiana http://www.youtube.com/watch?v=STWSTgfMruc Coisas que eu nem sabia que existiam. E tudo com qualidade de som e imagem.

Eu gostei tanto que vou publicar por aqui umas dicas de vídeo de vez em quando.