Da Guatemala vem a notícia de que um advogado, assassinado a tiros no último domingo, deixou um vídeo no qual responsabiliza o presidente da Guatemala, Alvaro Colom, o secretário particular da presidência, Gustavo Alejos, e Gregorio Valdez, um empresário ligado ao Governo, por sua morte.
Ele justifica os motivos de quererem sua morte por ter sido advogado do empresário Khalil Mussa e de sua filha, Marjorie, sendo que os três ficaram sabendo de negócios ilícitos e milionários feitos pelo Banco de Desenvolvimento Rural, que incluíam lavagem de dinheiro, desvio de verbas públicas destinadas a programas beneficentes inexistentes chefiados pela primeira-dama Sandra de Colom, e financiamento de empresas de fachada do narcotráfico.
Khalil e Marjorie Mussa também tinham sido assassinados, dias antes. O advogado, Rosemberg Marzano, tinha 47 anos. E o que fica é a lição, de como o poder, misturado com o dinheiro, pode vir a ser manejado por pessoas inescrupulosas, e ai de quem atrapalhar a jogada! Para manter os ganhos, não hesitarão se tiverem de eliminar os que estiverem no caminho.
Na Guatemala, estes velhos conhecidos, corrupção, queima de arquivo, ganharam uma expressão dramática por este caso de vídeo póstumo, e a acusação que chega ao último escalão do poder, a presidência da república. Mas não dá pra dizer, infelizmente, que a história seja inteiramente nova para nós.
Corrupção nós temos no jornal de todo dia, na mistura perigosa de grandes verbas públicas, controladas por políticos e ficha suja e seus apaniguados, falta de transparência, falta de controle, impunidade. E execuções também não são pratos tão raros em nosso cardápio, nossos cabras marcados para morrer, desde o emblemático Chico Mendes, até, recentemente, o ocupante de terras assassinado em Brasília, Marcio Leonardo de Souza Brito, num caso que envolve investigação ao empresário Nenê Constantino, fundador da Gol Linhas Aéreas, e muy amigo do ex-Governador, ex-senador, Joaquim Roriz, para quem teria "emprestado" 2,2 milhões de reais.
Assim é, assim vai continuar sendo. Por quanto tempo?
Homens honestos e corajosos assassinados. Seus assassinos, gozando de impunidade. Gozando da “vida mansa” proporcionada pelo fruto dos seus roubos. Triste realidade, produzida pelo sistema que montamos, e que vai continuar se repetindo, enquanto este mesmo sistema for mantido. É uma lei da natureza, é uma máquina. Se temos uma engrenagem, que alimentamos com ferro, e que produz pregos, não seremos tolos a ponto de lamentar os pregos que são produzidos, ou esperar que a engrenagem produza flores, da próxima vez.
Pois a engrenagem que temos produz as execuções que lemos no jornal, que lamentamos, mas não mudamos NADA. Reunimos o ouro, em quantidades cada vez maiores exigidas, e o entregamos nas mãos dos nossos altos senhores, os políticos. E não os fiscalizamos, não os cobramos por isso. É mais como se fosse DELES do que NOSSO. Somos hipnotizados pelo monstro bi-fronte, o Estado, que ora nos seduz com o canto de sereia: “é pelo social... é para os mais pobres...”, ora nos ameaça com cara de górgona: “é um rebelde! Um contestador! Para o fogo com ele!”. E torcemos para que o sistema produza finalmente a tal GRANDE TRANSFORMAÇÃO REDENTORA. Até a próxima notícia de corrupção, até o próximo assassinato. Círculo macabro, pesadelo do qual não se acorda. Até quando morreremos dormindo?
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