quinta-feira, 17 de março de 2011

The Doors - When the music is over



Quando a música termina

Quando a música termina

Quando a música termina


Apague as luzes

apague as luzes

apague as luzes


Pois a música é a sua amiga especial

Dance sobre o fogo

Como ela deseja

Música é sua única amiga

Até que chegue o fim


Cancele minha reserva para a Ressurreição

Envie minhas credenciais para a Casa de Detenção

Eu tenho alguns amigos lá dentro


O rosto no espelho não vai mudar

A garota na janela não vai cair

Uma festa de amigos

“Estou viva” - ela gritava

Esperando por mim

do lado de fora


Antes que eu afunde

no sono eterno

Eu quero ouvir

eu quero ouvir

o grito

da borboleta


(Volte, querida,

volte pros meus braços...)


Estamos ficando cansados

de andar por aí

esperando à toa

com nossas cabeças abaixadas no chão


(Eu ouço um bem suave som...)


Muito próximo, e ainda assim,

Muito longe


Muito suave, e ainda assim,

Muito nítido


Começou hoje

começou hoje...


O que eles fizeram com a Terra?

O que eles fizeram com nossa

bela irmã?


Devastaram e pilharam e

a estriparam e morderam


E a pregaram com facas

pro lado da aurora

e a amarraram com cercas de arame farpado e

a arrastaram pro fundo


(eu ouço um bem suave som.

Com meu ouvido abaixado no chão.)


Nós queremos o mundo e o queremos...

nós queremos o mundo e o queremos...


agora

Agora


AGORA!


Noite persa, querida!

Veja a luz, querida!

Salve-nos!

Jesus!

Salve-nos!


Quando a música termina

Quando a música termina

Quando a música termina


Apague as luzes

apague as luzes

apague as luzes


Pois a música é a sua amiga especial

Dance sobre o fogo

Como ela deseja

Música é sua única amiga

Até que chegue o fim


Até que chegue o
Fim


O que esta música tem de especial? A introdução fantástica, órgão e bateria dialogando, pra depois vir o grito de Jim Morrison junto da guitarra... os versos, o sentido de cada estrofe meio separado do de outra, o solo de guitarra, meio que sendo gerado da voz/grito de Morrison dizendo “até que chegue o fiiiiiiiimmmmmmaaaahhhhhh...”, e continuando sozinho, um uivo num clima de psicodelismo, voando em espiral pro espaço, para depois retomar a base dos outros instrumentos, a base firme de blues, a história de desespero irônico narrada por Morrison, numa interpretação emocionante, e a integração perfeita de cada elemento da banda, aquilo que se costuma chamar de química...


Muitas coisas, de fato, muitas coisas... que tal o brado de poeta romântico de Morrison, “Nós queremos o mundo e o queremos AGORA!”? E a descrição do que a ganância e a indiferença fazem com nossa bela irmã, a Terra? E a angústia de ter a música por única amiga, e de dançar sobre o fogo, e de cancelar a reserva pra Ressurreição, e de gritar “Jesus! Salve-nos!”? E a Casa de Detenção, o Inferno? E o rosto no espelho, que não vai mudar? E quando a música termina? Apague as luzes.


Mas nem tudo é desesperança, o sono eterno convive com a expectativa de ouvir o grito da borboleta, psique. A cabeça abaixada na terra faz ouvir o grito de socorro de nossa bela irmã, e o brado de revolta, “queremos o mundo, queremos agora”. E a garota da janela não cai, espera numa festa de amigos, do lado de fora da prisão, gritando “estou viva”.


Sim, muitas emoções, muitas idéias numa música, de uma época em que se permitia haver muitas emoções e idéias numa música... Dançar sobre fogo, especial amiga, a música, apague as luzes quando a música terminar, até que chegue o fim, até um novo músico, até um novo começo...


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