terça-feira, 8 de março de 2011

Pior que tá não fica


O historiador Marco Antonio Villa publicou um interessante artigo no jornal O Globo de hoje, “O Congresso virou um balcão” - http://www.eagora.org.br/arquivo/o-congresso-virou-um-balcao. Falou sobre as votações na Câmara e no Senado que aprovaram o novo valor do salário mínimo. Destaco alguns trechos:


“E não foram simplesmente sessões ordinárias. Não. Foram, provavelmente, as mais importantes deste semestre. O desenrolar dos trabalhos causa estranheza, inclusive visual. A maioria fica de pé durante a maior parte das sessões. É a minoria que permanece sentada, como ocorre em qualquer parlamento digno deste nome (sic). Quando um orador vai à tribuna, poucos prestam atenção pois sequer conseguem ouvi-lo. O barulho, a dispersão, as conversas em paralelo impedem que os congressistas possam acompanhar o andamento da sessão.


(...)


O desinteresse pelo desenrolar da sessão era compreensível. O resultado da votação era conhecido. Não estavam lá para debater a proposta do governo. Foram simplesmente obedecer às determinações do Palácio do Planalto.


(...)


Não há vida parlamentar. E não é por falta de número: no total são 594 representantes do povo. É um dos maiores congressos do mundo democrático. Também não é por falta de recursos: o orçamento anual é de mais de 5 bilhões de reais.


(...)


O Poder Legislativo não consegue desempenhar suas funções constitucionais. O Executivo decide e o Congresso chancela, sem discussão. É tão inexpressivo como um cartório. Mas rendoso. A representação popular foi transformada em um balcão. E para a maioria dos políticos é um ótimo negócio.”


Some-se a este retrato o fato de que pouco mais de 7% dos deputados federais foi de fato escolhido pelos cidadãos, sendo os cerca de 93% restantes eleitos por votos dados a outros políticos ou às legendas (http://sinatti.blogspot.com/2011/02/democracia.html). E se tem uma medida do descalabro da nossa democracia.




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