quinta-feira, 3 de março de 2011

Eternizando a miséria


Na foto: Multidão se reúne para acompanhar a posse de Dilma Rousseff, que afirmou que Educação não é prioridade de seu Governo, eis que a Educação já está "muito bem encaminhada"


No último Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), a educação no Brasil atingiu o 53o lugar, entre 65 países participantes.


Em leitura, 49% dos alunos brasileiros não passaram do patamar mais baixo, o nível 1. Em ciências, foram 54%. Em matemática, 69%. Apenas 0,1% dos brasileiros atingiu o nível 6 em leitura ou matemática, o patamar mais alto. Nenhum brasileiro atingiu o nível 6 em ciências.


Um verdadeiro exército de pessoas que só poderão exercer as atividades mais básicas, na Era do Conhecimento, na Era dos computadores e das máquinas. Alunos que saberão manipular uma vassoura ou uma enxada, mas mas não saberão manipular, nem muito menos construir, um trator, ou um computador.


Talvez um, em cada milhão, será um jogador de futebol de sucesso, ou lutador de boxe, ou palhaço com programa na televisão. Este poderá até ganhar uma grana, e depois, quem sabe, se eleger deputado federal.


Talvez um, em cada bilhão, poderá, quem sabe, se tiver talento de comunicador, e a sorte de ser adotado como símbolo de mudança, se tornar um presidente da República com grande índice de popularidade.


Para muitos milhões e bilhões, contudo, restará o subemprego, a marginalidade, as carências de vários tipos. Se continuar dando seus votos pras pessoas “certas”, poderá ganhar um bolsa-esmola, cujo valor mensal não ultrapassará um simples almoço de uma dessas pessoas “certas”, mas que para estes tantos milhões de brasileiros representará uma pequena fortuna, que ele não conseguiria juntar depois de um mês suando na enxada... (valor médio atual do Bolsa Família: R$ 96).


Este é o tamanho do problema.


Na média geral, o Brasil fez 401 pontos no Pisa. Mas o Estado de Alagoas fez apenas 354 pontos. O Estado do Maranhão, apenas 355 pontos. Estes dois Estados brasileiros só fizeram mais pontos do que o último colocado do Pisa entre os países, o Quirziquistão, com 325 pontos. O penúltimo colocado, o Peru, tem 368 pontos, 13 a mais que o Maranhão. Depois do Maranhão, temos Rio Grande do Norte, Amazonas e Acre, empatados com 371 pontos, e depois o Sergipe, com 372. Entre as nações, eles se colocariam entre o Qatar, 61o colocado, com 373 pontos, e o Panamá, 62o, com 369 pontos.


Este é o tamanho do problema.


Em Alagoas, nosso Estado de pior média, um aluno do 3o ano do ensino médio, de 18 anos, não sabe quanto é 8 dividido por 4. Ele estuda na Escola Estadual Tavares Bastos, em Maceió, capital do Estado, considerada uma das melhores e mais disputadas de Alagoas.


E como é que um aluno que não sabe dividir 8 por 4 chegou ao 3o ano do ensino médio? Um bom exemplo daquele acordo tácito, professores que fingem que ensinam e alunos que fingem que aprendem.


E este é o tamanho do problema.

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