
Vão, aos poucos, nos acostumando com a canga. Vão nos acostumando com o jugo.
O deputado João Paulo Cunha, do PT de São Paulo, presidirá a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Trata-se de réu no processo do mensalão.
Alguém se lembra de sua participação no escândalo? Sua esposa, Márcia Regina Cunha, foi flagrada apanhando R$ 50 mil, cash, na boca do caixa, no Banco Rural. Um dos muitos desdobramentos do esquema do mensalão, a aparecerem na mídia para vergonha da nação.
Foi noticiada ainda a desculpa de João Paulo Cunha para a esposa, dizendo que ela tinha ido ao Banco Rural para pagar a prestação da TV a cabo. O cabo é que tinha 50 mil rolando, a título de quê? Será que é moral alguém receber esta quantia de mão beijada? Será que é possível que uma autoridade o faça, sem que aconteça nada? Nada de nada. A ponto de João Paulo Cunha, depois de ser escolhido presidente da tal comissão, se dar ao desplante de dizer: “fui reeleito, nas duas últimas votações, o mais votado do PT. Estou seguro da minha inocência e confiante na Justiça. Vou ajudar a dar celeridade às leis e às medidas por um país melhor.”
Ele se sente tão seguro, na sua autoridade de pessoa “incomum”. Duas vezes reeleita, mais votada... neste sistema eleitoral caótico que temos, ele é um dos que conhecem o caminho das pedras. E não precisa dar uma palavra de explicação para os 50 mil. Para a desculpa esfarrapada que usou.Basta que ele se diga seguro da sua inocência.
Este é o país que temos, dos que se lixam para a opinião pública. Aos poucos vão nos acostumando com a canga. João Paulo prepara o terreno, mostra o predomínio. Mostra que podem fazer o que querem, pois a sociedade dorme. Outros réus do escândalo vão aparecendo, querendo retomar suas posses: Delúbio Soares, Sílvio Pereira, Genoínos, dólares na cueca, e o figurão maior, José Dirceu, todos vão tendo seus nomes de novo no jornal, nunca para lermos: condenados! Vão aparecendo seus nomes em festinhas, em cargos públicos, em bons negócios, em intermediações com empresas sequiosas por contratos públicos, em reeleições...
Vai-se cumprindo a profecia debochada de Delúbio Soares, de que o mensalão em poucos anos seria piada de salão...
Mas, afinal, o criador de gado precisa dar alguma explicação pro gado que vai sendo abatido?
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