
Governo anuncia corte de R$ 50 bilhões no orçamento. O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, avisa: “vai doer”. Vai doer em quem, cara-pálida? Logo antes desse mega-corte, vimos a farra dos aumentos dos salários de ministros, presidenta, deputados federais, senadores, farra prontamente estendida a governadores, deputados estaduais, vereadores, e o escambau. É o famoso efeito cascata. Aumentos de até 150%. Tá bom, ou é pouco? Isso dói também, mas com certeza não em quem é beneficiário da generosidade com o dinheiro público. Experimenta você, trouxa, pedir 150% de aumento...
Entre as vítimas do corte, pessoas que prestaram concurso pública para alguma carreira, e que agora vão ficar esperando sine dia serem chamados. Se é que serão chamados. Para estes, vai doer. Agora, os milhares de cargo em comissão criados no Governo Lula, de livre nomeação e exoneração, será que serão extintos? Estes não, logicamente, afinal, servem de cabide para tantos afilhados políticos... moeda de troca em votação... estratégico, tremendamente estratégico.
Enquanto se anuncia o corte de R$ 50 bilhões no orçamento, correm notícias de que haverá um novo aporte do Tesouro ao BNDES, de R$ 55 bilhões. Desde 2008, até 2010, o governo já repassou ao BNDES mais de R$ 230 bilhões. R$ 28,8 bilhões em 2008, R$ 93,8 bilhões em 2009 e 107,5 bilhões em 2010. com esse anúncio de mais R$ 55 bi, vamos a uns R$ 280 bilhões. Corta o dinheiro do Orçamento do governo, que poderia ser destinado à saúde pública, à educação pública, à segurança pública, mas continua liberado o dinheiro pras empresas e empresários do agrado do governo, aos quais se destinam as fatias mais suculentas desses tantos bilhões.
O Tesouro empresta ao BNDES com prazos de 30 anos e juros pesadamente subsidiados. E, para fazer empréstimo, emite dívida, de curto prazo, e com juros altos. Prejuízo certo, mas dói no bolso de quem? Do distinto público de trouxas, que paga a conta, e não vê o retorno pra essa dinheirama. Não serve pra trocar um vidro quebrado da janela da escola, ou pra melhorar o salário de um professor que completou uma especialização. Mas no bolso dos empresários e projetos agraciados com o favor de El Rey (ou de La Reina), é um prazer orgasmático sentir os bilhõezinhos entrando...
20 bilhõezinhos pro trem-bala... 18 bilhõezinhos pro frigorífico... mais um tanto pra Venezuela, um tanto pra Cuba... Se amanhã ou depois vierem os calotes, se os projetos se mostrarem furados, pra quem é que fica a conta? Em quem é que vai doer?
Mas isso é amanhã ou depois, pra hoje a farra fica garantida, os bilhõezinhos fluindo... na contabilidade criativa do Governo estes gastos todos, de alto risco, entram como ativos a serem abatidos da dívida bruta, e o problema fica mascarado. Uma ferida cancerígena no meio da cara, mas deixa como está, e até futuca bastante, com uma unha bem suja. E aí disfarça com uma pesada maquiagem. Amanhã ou depois vai estourar o problema? Deixa o problema pros trouxas, amanhã ou depois estamos mortos, ou então já saímos do país com uma mala recheada de dólares... carpe diem!
Pra aula de matemática: se o governo, em vez de emprestar, nestes últimos três anos, R$ 230 bilhões pro BNDES, emprestasse para cada um dos, arredondando pra mais, 200 milhões de brasileiros, homens, mulheres e crianças, quanto cada um teria direito de receber? Resposta: R$ 1.150,00.
Mas emprestou para o BNDES, e esta é a dívida que cada brasileiro, homem, mulher ou criança, terá de pagar, só por estes últimos três anos, e só para os empréstimos ao BNDES.
Se o Governo emprestasse esses R$ 230 bilhões só para a força de trabalho ativa, uns 100 milhões, cada um teria direito a R$ 2.300,00.
Outra conta, a última: se o Governo, ao invés de investir R$ 18 bilhões num frigorífico, usasse esse dinheiro pra comprar picanha, quantos quilos de picanha poderiam ser comprados, tomando-se uma média de R$ 30 por quilo? Resposta: 600 milhões de quilos. Daria pra 3 quilos de picanha para cada um dos 200 milhões de brasileiros. Um baita churrasco.
Mas o brasileiro não vê um grama de carne, e não vê um real no seu bolso, ou vê muito pouco, de toda essa dinheirama gasta. Vê os vidros quebrados, das janelas das escolas, e as carteiras quebradas, e os professores mal preparados, e desmotivados. Não existe dinheiro pra melhorar nada disso, mas os bilhõezinhos pra fazer um trem-bala, Rio-São Paulo, ou pra construir um estádio de futebol, ou pra emprestar prum regime ditatorial e corrupto, estes não faltam.
Links relacionados: http://sergyovitro.blogspot.com/2011/02/ligacao-clandestina-rogerio-l-furquim.html
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100725/not_imp585696,0.php
http://oglobo.globo.com/economia/miriam/posts/2010/07/21/risco-bndes-309847.asp
http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/35460_O+FATOR+BNDES
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