sexta-feira, 16 de julho de 2010

EXTRA! EXTRA! MATERIAL FORTE!



A tradução para The Lonesome Death of Hattie Carol, de Bob Dylan. Música do terceiro disco de Dylan, de 1964, The times they are a´changin´. O disco mais totalmente engajado, mais "canção de protesto" da sua carreira, embora eu saiba a resposta de Dylan pro fã que lhe cobrou mais canções de protesto: "Elas são todas de protesto, cara".

A Solitária Morte de Hattie Carol foi composta em cima de um fato real. Em 1963, um fazendeiro rico, William Zantzinger, bêbado, acertou um cano na cabeça de uma empregada de hotel negra, mãe de 10 filhos, com 51 anos. Tendo Hattie Carol morrido, Zantzinger foi julgado pelo crime e condenado a seis meses de prisão.

A história é todinha contada na letra da música, mas a letra não é só isso. Ela faz uma crítica acerba à impunidade, que pode afetar qualquer país, a qualquer tempo. Afeta muito o nosso.

Não foi a única vez que Bob Dylan usou um caso real para falar sobre o tema. Na famosa Hurricane ele conta a história do boxeador negro Ruby Carter, condenado, e depois inocentado, pelo assassinato de quatro pessoas. Já publiquei no blog um vídeo dessa música, com legendas, do You Tube.

Mais detalhes sobre a história de Hattie Carol, em inglês, neste link: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Lonesome_Death_of_Hattie_Carroll

Dylan, com sua arte, com sua liberdade de expressão, imortalizou um caso que envergonha a História de sua nação. Não tivesse dado motivos pra sentir vergonha, a nação. Quem critica espera que o objeto da crítica se confronte com seus atos, para mudá-los. Quem ama critica, com honestidade. Tantos hipócritas, Tartufos, que acusam e perseguem, chegam até a crucificar, quem quer que ouse criticar, enquanto se enterram na corrupção! Ladrões safados!

Fantástica música, fantástica letra. Aproveitem a versão do You Tube, com o próprio Dylan ao vivo. Raridade, pois a gravadora restringiu brutalmente o acesso a vídeos do Bob Dylan no You Tube. Que pena para os que querem usufruir da arte! Imagina, por exemplo, se proibissem reproduções, por exemplo, da Mona Lisa?



A solitária morte de Hattie Carol

William Zantzinger
assassinou a pobre Hattie Carol

Com um cano que ele rodopiava
à volta do dedo com anel de diamante

Em um hotel de Baltimore
que reunia a nata da sociedade

E os policiais foram chamados
E sua arma tirada dele

e o levaram sob custódia
Até a delegacia

E ficharam William Zantzinger
Por assassinato em primeiro grau

Mas você, que filosofa sobre a desgraça
E critica todos os medos

Tire o sorriso superior de seu rosto
Agora não é a hora pras suas lágrimas

William Zantzinger, que à idade de 24 anos,
é proprietário de uma fazenda de tabaco de 600 acres

Com pais ricos e abastados
Que o provêem e protegem

E com relações com o alto escalão
Na política de Maryland

Reagiu ao seus ato
Com um dar de ombros

E palavrões e escárnio
E suas língua grunhia

Em questão de minutos
Estava livre em fiança

Mas você, que filosofa sobre a desgraça
E critica todos os medos

Tire o sorriso superior de seu rosto
Agora não é a hora pras suas lágrimas

Hattie Carol era uma empregada
na cozinha

Ela tinha 51 anos
E deu à luz dez filhos

e tirava a louça
E jogava fora o lixo

E nunca sentava
à cabeceira da mesa

e sequer dirigia a palavra
Pra qualquer um da mesa

Que apenas limpava
toda a comida na mesa

E esvaziava os cinzeiros
num nível totalmente distinto

foi morta por um golpe
destroçada por um cano

que voou pelo ar
e desceu naquele quarto

Condenado e determinado
A destruir toda a gentileza

E ela nunca fez nada
Pra William Zantzinger

Mas você, que filosofa sobre a desgraça
E critica todos os medos

Tire o sorriso superior de seu rosto
Agora não é a hora pras suas lágrimas

Na Corte de Honra
o juiz bateu com seu martelo

para mostrar que todos são iguais
e que a Corte se mantém neutra

e que a vontade da Lei
não é manobrada ou persuadida

e que mesmo os nobres
recebem tratamento adequado

uma vez que a polícia
os caçou e prendeu

e que a escada da Lei
não tem fundo nem topo

Encarou a pessoa
que assassinou sem motivo

que por acaso e sem aviso
apenas se sentiu desse jeito

E ele falou por detrás de sua capa
Tão profunda e distintamente

E proferiu palavras fortes
sobre penalidade e arrependimento

pra condenar William Zantzinger
com uma sentença de seis meses

Ah, mas você, que filosofa sobre a desgraça
E critica todos os medos

Tire o sorriso superior de seu rosto
Agora é a hora pras suas lágrimas



The Lonesome Death Of Hattie Carroll
Bob Dylan
William Zantzinger killed
Poor Hattie Carroll with a cane
That he twirled around his diamond ring finger
At a Baltimore hotel society gath'rin'
And the cops were called in
And his weapon took from him
As they rode him in custody down to the station
And booked William Zantzinger
For first-degree murder
But you who philosophize disgrace
And criticize all fears
Take the rag away from your face
Now ain't the time for your tears

William Zantzinger, who at twenty-four years
Owns a tobacco farm of six hundred acres
With rich wealthy parents
Who provide and protect him
And high office relations
In the politics of Maryland
Reacted to his deed
With a shrug of his shoulders
And swear words and sneering
And his tongue it was snarling
In a matter of minutes on bail was out walking
But you who philosophize disgrace
And criticize all fears
Take the rag away from your face
Now ain't the time for your tears

Hattie Carroll was a maid of the kitchen
She was fifty-one years old
And gave birth to ten children
Who carried the dishes and took out the garbage
And never sat once at the head of the table
And didn't even talk to the people at the table
Who just cleaned up all the food from the table
And emptied the ashtrays on a whole other level
Got killed by a blow
Lay slain by a cane that sailed through the air
Came down through the room
Doomed and determined to destroy all the gentle
And she never done nothing to William Zantzinger
But you who philosophize disgrace
And criticize all fears
Take the rag away from your face
Now ain't the time for your tears

In the courtroom of honor
The judge pounded his gavel
To show that all's equal
And that the courts are on the level
And that the strings in the books
Ain't pulled ‘n persuaded
And that even the nobles get properly handled
Once that the cops have chased after
And caught 'em
And that the ladder of law has no top and no bottom
Stared at the person who killed for no reason
Who just happened to be feelin' that way
Without warnin'
And he spoke through his cloak
Most deep distinguished
And handed out strongly
For penalty and repentance
William Zantzinger with a six-month sentence
Oh, but you who philosophize disgrace
And criticize all fears
Bury the rag deep in your face
For now's the time for your tears

Nenhum comentário: