sexta-feira, 23 de julho de 2010
Mundo
Que pena, mundo, nenhuma contestação séria surgindo? Nenhum movimento consequente de contestação?
Acabaram os beatniks, acabou a poesia. Não temos Iluministas, filósofos, pensadores políticos.
Acabou Hobbes, acabou Locke, acabou Rousseau, acabou Montesquieu, acabou Sócrates, acabou Platão, acabou Aristóteles, acabou Agostinho. Acabou até Marx, e olha que só se fala nele!
Tudo está congelado. O Governo de um lado; a rebeldia previsível, consentida, do outro. Malucos se entopem de droga, massas são manobradas, conduzidas, pela propaganda, a não esperar nada mais de suas vidas que uma eterna juventude, carrão, mulheres dadivosas, super-herói, agente secreto... imbecilizados por qualquer filme de ação porcaria, que vende milhões.
Nada mais a esperar, num mundo sempre mais urgente. Viver com o que lhe sobra do sistema, agradecer por um pedacinho que lhe caiba nele. Mas não se mover para influir nele, para melhorá-lo. Não ser dono do próprio destino, porque se considera impossível fazer parte da comunidade, para melhorá-la.
Tristes existências solitárias do ser humano neste século de introversão ao próprio umbigo!
Nada a esperar, nada pra fazer! No máximo, um lamento num bar, um deboche qualquer, um tiro na cabeça, ou alguma loucura.
Torcer para a sorte, para não ser mais uma vítima de bala perdida! De achaques violentos, de abusos de autoridade, de falências por roubalheiras, de corrupção e inépcia!
Torcer para não experimentar o fracasso de ver um filho se tornar um criminoso impudente. Ou, bem pior ainda, ver um filho ser apanhado pelos crimes que cometeu...
Eles são do Poder, nós somos nada. Está tudo congelado. Só existe um sonho permitido, só existe um caminho: Perder a Alma! Velho sonho de Fausto... só existe o sonho de ser um rock star, ou um pop star, ou um anarquista, ou um guerrilheiro, ou um criminoso, ou um yuppie... é o sucesso!
A engrenagem te chama. Você não vai mudar a engrenagem, a engrenagem vai devorar você.
Guerras contra as drogas! Guerras contra tribos! Guerras contra raças, contra classes! A Humanidade precisa de guerras! Está sempre justificando as guerras!
É o medo, o maldito medo! Aquele miserável ali me ameaça, me amedronta, eu preciso acabar com ele!
E giram os grandes negócios, os grandes discursos dos grandes líderes, giram as peças na engrenagem, mas nunca se produz solução alguma! Que solução, quando se vai gastar TRILHÕES DE DÓLARES pra fabricar tantas armas, pra negociar tantas compras, tantos contratos! Quantas boquinhas ávidas por tanto SUCESSO!
As Universidades não pensam. Os pensadores não pensam. Todos ganham dinheiro, gastam dinheiro. Mas está tudo congelado.
Bem vindo, meu filho
Bem vindo
À engrenagem
Onde você esteve?
Não precisa dizer
Nós sabemos onde você esteve
Você esteve nos canos de construção
Matando o tempo
Provido de brinquedos
E o manual do escoteiro mirim
Você trouxe uma guitarra
Pra punir sua mãe
Você não gostava da escola
Você sabe que não é o tolo de ninguém
Bem vindo, meu filho
Bem vindo
À engrenagem
O que você sonhou?
Não precisa dizer
Nós te dizemos o que sonhar
Você sonhou ser uma grande estrela
Que tocava uma guitarra selvagem
Sempre comia no churrasco da moda
Adorava dirigir no seu Jaguar novo
Então bem vindo
À engrenagem
http://www.youtube.com/watch?v=Am-IJ1k_NwE&feature=related
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