
O que falar de Friburgo? Após a chuva, após a preocupação, após a dor, após a raiva, após a poeira vermelha que tomou conta da cidade?
Uma triste notícia para o país: a sua maior catástrofe natural, envolvendo toda a Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro. Imprevisível? Não, porque outras tinham acontecido no passado, mas com o costumeiro dar de ombros da nossa “normalidade”. Duas dezenas? Tem notícia disso uma meia dúzia de vezes por ano. Discursos de políticos, cobertura de imprensa, choro e ranger de dentes. Depois acontece de novo, muitas vezes nos mesmos lugares. Prova da nossa incúria para dar alguma segurança pros nossos cidadãos.
Área de risco? Demolir já. Faltam casas. Construam-se milhares, adequadas para abrigar esta população. Seja ela própria os braços, trabalhadores dignamente remunerados.
É uma vergonha que nada disso seja feito, e os nossos políticos contentem-se em posar de palhaços bem pagos, curtindo as colunas sociais da vida.
O que é que pode esperar uma triste vítima inocente? Um Cordeiro que testemunha na carne a falta do homem? Nada além de servir de lição, para que o homem mude seu jeito na vida.
Que esta dolorosa lição tenha acordado alguém para a vida. Os quase oitocentos mortos. Os quase quinhentos desaparecidos.
Que se mapeie estas áreas de risco. Que tenham os planos e os trabalhos para salvar vidas. Que não seja tudo esta corrupção medonha, das ótimas remunerações para fazer discursinhos enganadores e vazios. E não se fazer nada, nada que preste.
Roubar e deixar roubar. Enquanto as vítimas podem ter morrido por falta de uma barreira de concreto, por falta de um teto digno. Parabéns, nobres senhores, sentados em cadeiras importantes, sentados em tronos! Sois tão poderosos, que lhe fazemos as reverências! Parabéns por nos fazer de escravos, por enriquecer às custas de nossos esforços, e nos deixar morrer por falta de um remédio, ou de um prato de comida! Sois tão espertos, e se não fizerem outros farão, não é mesmo? Parabéns, egos inflados ao ridículo, piadistas trágicos e involuntários, muito satisfeitos de pertencer à companheirada, muito satisfeitos de jogar o jogo, acobertar, justificar, seguir as ordens e os comandos. E aí, ganhar também o seuzinho, porque ninguém é de ferro...
Parabéns, pequenos crápulas, parabéns, grandes crápulas!
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