Tomar lados no Grande Tabuleiro de Xadrez que é a política internacional é a pior maneira de se ter uma opinião nesta questão. Ser pró-americano, ou pró-soviético, é pior do que não ter uma opinião. É abdicar da possibilidade de ter uma.
Confunde-se a ideologia que move essas Potências, com a realidade da sua atuação histórica. Acredita-se na propaganda que elas movem, toma-se a forma pelo conteúdo.
Os órgãos de propaganda dessas Potências tecem suas justificativas com base nessas ideologias. “Temos uma missão. Espalhar esta nova crença. Dominar, como seres superiores que somos.” A ideologia se reveste sempre de belos ideais, “melhorar a raça”, “melhorar o homem”, “espalhar a Liberdade”, “fazer conhecer o verdadeiro Deus”; mas é a realidade concreta que manda, e nunca se conseguiu nada melhor fazendo empilhar os mortos.
EUA massacraram seus índios. Massacraram japoneses, filipinos. Soviéticos massacraram húngaros, alemães, poloneses, afegãos. Nazistas massacraram russos, judeus, poloneses. Todos eles, dentre outros, muitos outros. Turcos massacraram armênios. Massacraram curdos. E o Congo. E o Sudão.
A ideologia que professavam não serviram de nada para os milhões de seres humanos que morreram, sacrificados à nossa incompreensão, nosso coração duro. Tantos seres humanos que apenas almejavam viver, como cada um de nós.
Guerras sempre surgiram, e nunca se puderam justificar. O que interessa a cada Nação, é que seus intelectuais queiram, não justificar novas guerras, sim encontrar os meios para que as disputas possam ser arbitradas de maneira a que todos possam seguir vivendo.
O desafio da Força precisa ser vencido: nos armamos porque temos medo; mas depois que nos armamos, é muito grande a tentação de se prevalecer daquela força superior para tratar os outros como escravos. Os escravos se revoltam porque a escravidão é um crime. E a luta não pode ter fim.
Seria preciso de cada ser humano abdicar da parcela de si que pretende uma vida especial em relação ao próximo. Regras que valham pra todos.
É verdade que ao longo da História, povos conseguiram um maior grau de sucesso nestas conquistas de liberdade e igualdade. Grandes povos, e grandes líderes nestes povos, descobriram que o voto devia ser dividido, e que a escravidão devia ser terminada, e conquistamos essas ilhas de bem estar, em alguns momentos da História, que permaneceram brilhando com Faróis que foram almejados pela humanidade.
Valores que se foram impondo, em meio a muito sofrimento. Alcançando um maior bem estar pessoal, e alargando esta zona de influência. Esquinas, e vilas, e cidades, e países, que foram progredindo ao oferecer segurança pessoal, segurança alimentar, segurança de renda, para seus moradores. Claro que em cada esquina pode acontecer o crime bárbaro, absurdo, da condição humana. Mas é real que houve progressos, e experiências bem sucedidas.
O problema é que tudo pode regredir e piorar, a qualquer instante. Trata-se de uma luta contínua, o conquistar e o manter as conquistas. A corrupção acomete a tudo, corpos, idéias, sistemas... tudo envelhece, tudo se vê atacado pelos vermes, tudo deve morrer, tudo deve se renovar... não é uma tragédia, é uma condição. Não é um absurdo, é verificar a melhor maneira de se conduzir. Não é um absurdo, é a vida.
As justificativas para todas as guerras, os massacres, são todas um erro. Sempre haveria uma possibilidade melhor para resolver os conflitos, dando a cada um o que é seu, sem querer tirar de ninguém.
Mas não pudemos escapar da lógica do macaco, que quando vê uma poça de água mata o grupo que estava ali, e toma o seu lugar.
O ser humano, único digno desse nome, será aquele que souber dividir a boa e a má sorte que tem.
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