Na verdade, a corrupção nunca temeu nada das ditaduras. Ela sempre fez ótimos negócios com os ditadores, fez amizades com ditadores, e o ditador sempre busca esta amiga para se amparar.
Já que ele não tem o apoio popular, ele tem o apoio destes poderosos, que vão apoiá-lo para fazer bons negócios com ele. Vão lhe dar dinheiro, os meios para se perpetuar no poder, e garantir os bons negócios por muito tempo.
Por mais que o ditador seja brutal, prenda e arrebente, sem julgamento, mande pro paredón, isso é o tratamento pros inimigos. Pros que questionam que ele detenha todo o poder.
Pros amigos não tem perigo, são eles que sustentam o regime! É uma relação de simbiose, está no Planeta Animal. Um parasita dependendo do outro. Eu te cedo uns milhões pra tua campanha, pra sustentar teu regime. Reconhecido, você, amanhã, me dá o contrato dos bilhões. Uma mão lava a outra, e pra isso é que servem os amigos.
Por mais que o ditador abuse dos discursos populistas, ou moralistas, a corrupção sabe que isso é só pra enganar as massas. E justificar o arroxo em cima dos inimigos do ditador, que o ditador tacha de inimigos do povo.
Mas para os amigos é diferente. Para os amigos, tem a censura, o silêncio da imprensa, o ambiente escuro onde as jogadas não são vistas. Tem o poder do ditador, enfraquecendo a vontade de qualquer investigação criminal, de qualquer inquérito.
Este negócio de querer uma lei igual para todos, de querer punição para roubos, é coisa só do sujeitinho da esquina, só dessa classe média “pequeno burguesa”, trabalhadora, a que se vota o mais profundo desprezo.
Por isso é que só na democracia, com o predomínio dessa “média” popular, é que se pode ter alguma esperança de se dar combate válido à corrupção.
Um Estado que conseguir que prevaleça de fato essa vontade, essa lei, de não se permitir a corrupção, de impedir a ação impune dos corruptos, é o Estado que poderá dizer que conquistou, que a realizou este poder exclusivo do povo.
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