Na Revista Veja de 29.12.2010, uma tabela comparando a evolução das tarifas industriais de energia entre diversos países, inclusive o Brasil, me chamou a atenção. De 2002 a 2007, dentro da Era Lula, o preço da energia, em dólares por Mwh, passou no Brasil de 52 para 138, evolução de 165%. Foi o pior desempenho, disparado, entre os países comparados.
O México passou de 56 para 102; a Alemanha, de 79 para 84, os EUA, de 49 pra 64, e a França, de 37 pra 56.
Este é apenas um dentre os elementos que compõem o custo-Brasil, responsável por um acréscimo de mais de 35% nos preços finais da produção nacional. Outros destes elementos aparecem na mesma reportagem da Revista Veja, os problemas nas estradas, nas ferrovias, nos portos...
Também fazem parte do custo Brasil o excesso de burocracias, a carga tributária elevada, mal distribuída, confusa, o elevado custo dos encargos com a mão de obra, a corrupção, a Justiça demorada ou inexistente, a baixa escolaridade média, etc. etc.
No caso das tarifas industriais, contudo, verifica-se que nossa posição relativa frente a outros países piorou, em ritmo acelerado, ao longo destes cinco anos. Ou seja, estamos caminhando para trás, estamos perdendo terreno. No mundo globalizado, em que os países competem ferozmente por mercados e lucros, esta é uma situação que faz prever problemas para o futuro.
Para o futuro, e, a bem da verdade, já no presente. A participação da indústria no PIB brasileiro já passou de mais de 20% para 15%. As empresas importadoras, no Brasil, já representam o dobro das exportadoras.
Isto significa que empregos e rendas que poderiam estar sendo criados no Brasil passam a ser criados em outros países, beneficiando suas populações, e às vezes a partir de matérias primas fornecidas pelo próprio Brasil!
É fácil de perceber as perdas sofridas com este modelo: digamos que se empregam 10 pessoas para plantar e colher uma tonelada de laranja, com uma renda de $ 1000 por este trabalho. Agora digamos que o país y paga esses $ 1.000 pelas laranjas, e emprega 100 pessoas para produzir e comerciar geléia de laranja, que ao ser vendida renderá $ 10.000. Percebe-se que o país produtor da laranja ficou com um décimo dos empregos e da renda que poderia ter obtido, se ele mesmo produzisse e comercializasse a geléia. Agora pense na mesma situação com o ferro, com o cobre, com o café, com a soja, e com todos os alimentos, e com todos os minérios, e com tudo que é matéria prima, que o Brasil produz abundantemente, e que deixa de processar e beneficiar permitindo a outros países que fiquem com estes lucros.
É este o custo Brasil, é este o resultado obtido por nosso (des)governo. Mas estamos tão felizes e satisfeitos com nosso Governo, não é mesmo? Vai ver que gostamos de apanhar, ou já garantimos o nosso lado num negocinho bem bom dentro deste desgoverno, e daí, que se exploda todo o resto! Pode-se ir pra Europa, com uma mala cheia de dólares, pra se curtir a vida, com muita sombra e água fresca...
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