Friedrich List (1789 – 1846), foi um economista alemão que propunha para a riqueza de uma nação o fortalecimento da força produtiva de seus cidadãos. Declarava que é dever dos governos promover as artes e as ciências.
Que diagnóstico preciso! Vimos nações desprovidas de recursos naturais alcançarem altos índices de bem estar econômico, pela operosidade alta de seus cidadãos. O Japão é um exemplo perfeito. Não só isso: numa reportagem que me impressionou aprendi que a Alemanha faz mais dinheiro com o café do que o Brasil. Sem plantá-lo, apenas pelas operações de prepará-lo industrialmente e comercializá-lo.
É óbvio que a Alemanha e o Japão cuidaram atentamente de sua educação. E Coréia do Sul, e China, e Rússia, e cada uma das nações que se desenvolveram ao longo dos últimos trezentos anos. E hoje em dia não há país que não invista pesadamente na educação de suas crianças, e não procure por melhores resultados na educação. Mais do que nunca, na História humana, este capital tem se mostrado valorizado. Época de competição global, grandes possibilidades de lucro, grandes riscos. É indispensável ter uma educação média de qualidade, hoje em dia não bastam algumas poucas elites educadas.
Uma comunidade bem educada possui as melhores condições de produtividade. Enriquece. As outras ficam pra trás. É simples assim.
Mais miséria, mais crime, mais corrupção, mais problemas.
É isto que se precisa exigir dos governos, isso mais que tudo: educação. Não basta o muro da escola pintado, o giz e o quadro-negro. É preciso que sejam transmitidos os conhecimentos. É preciso que haja uma boa relação de custo e benefício, relação esta que não se limita à economia, se aplica para tudo na vida. É preciso que a hora na escola traga as melhores oportunidades de ensino para os alunos. Que não se gaste tempo com coisas inúteis. Que não se desperdice os recursos escassos.
Que o professor não finja que ensina, enquanto o aluno finge que aprende, numa fraude em que ninguém ganha.
É obrigação do Estado fornecer uma boa educação, é dever do cidadão cobrar por isso. Que os currículos sejam focados, precisos, atentos aos interesses do aluno, à sua capacidade de trabalho. Currículos que compreendessem um bom número de vocações. De que adianta transmitir conceitos quando não se tem o interesse?
Uma escola de turno integral. Material didático básico, padrão, fornecido pelo Estado. Livros de História bons, de Geografia, de Matemática, Gramáticas, Dicionários, Atlas, Biblioteca. Tudo fornecido pelo Estado, sim, um retorno para os bilhõezinhos da “contribuição” compulsória.
Não essa vergonha de se fazer comércio para enriquecer alguns poucos autores e editoras, que ganham sua comissãozinha pra fazer uns materiais de péssima qualidade. Livros com erros crassos, livros com erros grosseiros, livros manipuladores de consciências, livros quadrúpedes, bizarros, entram na dieta das nossas crianças, mas alguéns tão ganhando muito com isso.
Livro escolar tinha de ser feito por muitos autores, especialistas em sua área de conhecimento, submetido às críticas de toda a sociedade. Isto para formar os livros-textos padrão, a serem adotados em todas as escolas para impedir as diferenças extremas na educação proporcionada pela nação.
Ao invés deste e daquele ganharem pelos “proporcionais” das grandes tiragens, que se pague aos profissionais que elaboraram os artigos um preço padrão, fixo. Claro, e a honra de ter seu nome publicado junto com a sua parte do trabalho.
Os que aceitassem esta condição, apresentariam suas credenciais, não é quem indica, mas seus títulos públicos, suas especializações, suas publicações em revistas e livros especializados, inclusive internacionais. Sua contribuição se daria em parceria com especialistas em pedagogia, que procurariam adequar os textos de acordo com a faixa etária dos alunos, e também mediriam o grau de sucesso dos textos.
Tudo muito público, muito transparente, muito aberto a questionamentos e críticas. Também a definição dos conteúdos deveria se submeter a este processo, discutido por especialistas, aberto aos questionamentos e queixas públicas. Por se tratar de algo que concerne a toda a nação, a educação pública. É interesse do público ter uma educação de boa qualidade, e o poder que tem este público, numa democracia, e as leis que fazem esse público, comprovam que é direito do público ter isso. É um artigo da Lei Maior do Estado, a Constituição da República Federativa do Brasil: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Será que alguém vai dizer que é letra morta, isso? Será que vão dizer que é coisa de subversivo, ou de liberal, ou de comunista? Será que exigir o interesse do país, da comunidade, da nação, é algo que não adianta, ou não tem valor, ou é besteira?
De fato, para quem pensa assim, de nada adianta cobrar. Mas é indispensável que os que não aceitam este lixo corrupto se unam em torno de algumas propostas boas para a educação, e cobrem sua aplicação e os bons resultados de seus governantes. Ou nunca teremos essa educação de qualidade, que faz uma sociedade de qualidade.
Com professores bem treinados para transmitir os conteúdos, e apoio de novas tecnologias, vídeo-aulas, internet, integração e capacitação de professores, bons salários, com melhorias adicionais para os mais inovadores, os mais participantes, os mais contributivos.
Com isto, e mais uma escola de horário integral, com boas instalações, formaria uma educação de alto nível. E este é o primeiro dos dois passos essenciais para se fazer uma revolução na educação que a capacite a formar cidadãos conscientes e bem sucedidos na sociedade.
O segundo passo essencial é respeitar os interesses de cada uma daquelas crianças, daqueles indivíduos que vão à escola.
Existem os atletas, existem os que gostam de música, existem os que gostam de números, existem os que gostam de livros. Isto é tão óbvio, basta olhar em volta, que insistir em martelar todo mundo numa forma é uma violência estúpida. Como querer que fulano ou beltrano, seja ele seu filho ou não, seja a ao invés de b.
Numa sociedade bem organizada e próspera talvez esse medo seja mais contido. Pode-se escolher mais, porque o músico ou o jogador de futebol, por exemplo, não estão condenados a morrer de fome e de frio.
Nas sociedades modernas, muito mais ricas, pode-se perceber essa maior diversificação. Ora, o nerd pode ser o Bill Gates, quem vai saber? Ou o Ronaldinho Gaúcho? Ou o Mick Jagger?
E a educação pode seguir também neste sentido. As aulas básicas são as mais importantes, saber a ler, a escrever, a fazer a conta, e biologia, história, e os seus direitos e deveres de cidadão, e os direitos e os deveres de seus governos, por exemplo.
Mas para além desse básico, tem um mundo de qualificações e escolhas. Um aluno que goste de medicina, por exemplo, poderia prosseguir em aulas eletivas, de sua escolha, um aprofundamento na biologia, na química, por exemplo, distinto daqueles que preferem fazer seu aprofundamento em outras matérias, outras disciplinas.
Por exemplo, um sistema de Biologia, 1 a 4. Este seria o ciclo básico, que todos fariam. Mas que fique como opção, dos alunos que quiserem, aprofundarem seus conhecimentos de Biologia cursando as matérias eletivas de Biologia, 5 a 8. Que tenham quatro horários por dia das matérias básicas, e escolham três horários por dia para suas disciplinas eletivas.
Que seja música, que seja educação física, que seja português, matemática... é um sistema, claro, grande, que deve ser bem pensado, aprimorado, constantemente.
Mas a idéia básica é muito boa: alunos mais interessados na escola, professores mais motivados, interesses sendo atingidos, resultados sendo alcançados. Uma revolução verdadeira, talvez a única revolução verdadeira, a revolução do espírito. Ensine a ler e a escrever, ensine a fazer conta, e veja os frutos!
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