
Não há qualquer povo livre no mundo. O nome da prisão de todos é dinheiro. O velho ídolo amarelo.
Não houve pensador que desse jeito nesse flagelo da Humanidade. Não houve político. Conquistamos liberdades, sim, e foram muito valiosas. Mas a grande liberdade, a liberdade plena, final, não conseguimos conquistar.
Enquanto houver uns milhares que tudo acumulam, que ficam por cima de bilhões, e um outro tanto que não se importa, que vive sua vidinha, sem se ocupar de questionar nada, nem de estender sua mão...
Enquanto houver a vergonha dos bilhões que agonizam, na miséria.
Por que os bilhões de dinheiros ficarem numa só mão? Por que não se pôde espalhar esse dinheiro para trazer um mínimo de conforto, a cada um de todos nós?
Somos levados a acumular, por medo de perder, e por medo de isso ser tão terrível. A miséria mais profunda como a de ver a mãe padecer de fome, e de frio, e de miséria, como foi a vida de Charles Chaplin.
Alguns vão logo dizer que fazer estas perguntas é Socialismo, e vão abanar aquele espantalho feio. Sem dúvida o radicalismo é deplorável, e conduziu a tiranias devastadoras. Mas é alimentado por um outro radicalismo, o de se aceitar a exploração mais descarada de um homem pelo outro.
O povo vai poder se dizer livre, se tiver posto de lado seus dois radicalismos. E se tiver garantido a cada um de seus membros uma existência digna, baseada no trabalho, mas sem a exploração desse trabalho. Baseada na solidariedade.
E o que justifica um homem fazer bilhões de dinheiro? Ele ser o presidente do banco? Ele ter uma diretoria de petróleo? Ele ter uma empresa que, bem, não faz nada, mas é a fachada para ele declarar os dinheiros que lhe caem no colo, de origem inconfessável?
Enquanto houver esta corrupção haverá esta miséria.
Quando é que isto vai parecer injustificável para muita gente? Para poderem dizer: “nós somos a maioria aqui, e nós não aceitamos isso. E a nossa vontade irá prevalecer.”
Que fiquem estes grandes lucros, então, para a grande maioria. Que paguem suas escolas, seus dentistas, seus médicos, seus advogados, seus empregos. Que formem seus filhos, para serem estes profissionais, e outros tantos, necessários ao bem estar da própria sociedade, e que sejam remunerados com dignidade, com reconhecimento pelo seu trabalho.
Quantos bilhões o banco Itaú faturou este ano? De janeiro a setembro, foram 9,6 bilhões. Lucro líquido. Vamos calcular uns 12 bilhões no ano, por baixo. 1 bilhão pra cada mês. De lucro líquido.
Que tal um salariozinho, pra você e pra mim, que decidimos aqui no banco, de uns 20 milhõezinhos... nós merecemos! Precisamos comprar outra ilha, e saiu um modelo novo de helicóptero, mais possante... e que tal mais uma bonificaçãozinha de final de ano, uns 50 milhõezinhos... Ainda vai sobrar bastante, manda uns 50 milhõezinhos pra campanha... Pra sermos amiguinhos...
E isto, é claro, é o lucro de UM dos nossos bancos... o Banco Itaú, FEITO PRA VOCÊ, como na propaganda, que piada... a piada mortal.
Para comparar, o programa assistencial do Governo, incluído o famosíssimo bolsa família, que atinge 11,4 milhões de famílias, em todo o Brasil, representa 1% do PIB, ou 10 bilhões de reais, por ano.
Ou seja, o lucro líquido de UM banco brasileiro, é maior que TODO O GASTO DO GOVERNO COM ASSISTÊNCIA SOCIAL, QUE COM UM ÚNICO PROGRAMA, O BOLSA FAMÍLIA, ATENDE 11,4 MILHÕES DE FAMÍLIAS. ALGO COMO 44 MILHÕES DE BRASILEIROS.
O lucro deste ÚNICO banco brasileiro cobriria com sobras o atendimento assistencial de toda essa gente, e isso depois de o banco já ter pago todas as suas instalações, todos os seus funcionários, todos os seus investimentos, tudo isso. É o lucro LÍQUIDO.
Com o lucro líquido de 35 bancos no Brasil, mais ou menos, o brasileiro não precisaria pagar impostos. Sabe o que é isso? Ultrapassaria a marca de uns 35% do PIB, que é quanto o Governo brasileiro nos tira por ano. 4 e tantos meses por ano, do nosso trabalho, para o Governo gastar mal, o que é muito criticado, e está certo, deve-se mesmo questionar isso. Mas estes 4 e tantos meses por ano, pensem nisso, são também os lucros líquidos desses nossos banqueiros. 30 e poucos banqueiros. Boquinha grande, não?
“Socialismo”? Socialismo é uma palavra, pra justificar verter sangue, de um lado e de outro. É verdade que o Ideal, o Sagrado Ideal, nunca foi “Acabe com a propriedade privada”; ou "fuzile a burguesia"; ou "mande-os pra guilhotina". O Ideal é, e sempre foi: “Cuide dos seus pobres, do seu próximo”. Sofra por ele. Carregue sua Cruz junto dele. Para o enfurecimento e o escárnio do Hospício, ensandecido, na longa Noite de Loucura. Carregue suas Culpas, sem poder entender nada. Mas do fundo da sua miséria, estendendo a mão para dividir o peso que o Outro carrega, sonhar com outra cálida Noite de Verão.
Se é tão lucrativo, reverta para o benefício do povo. Reverta para não aceitar a imagem da miséria. Para não aceitar o ódio dos miseráveis. A Lei, se é feita pelo povo, para o povo, não pode admitir que esse povo seja escravizado. Não seria a Democracia, e quem disser que sim, está mentindo.
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